segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

O Ocaso de Maranhão


O governador José Maranhão (PMDB) está de saída da cena política. Alguns já começam a dizer que vai tarde. Outros ainda alardeiam que o todo poderoso presidente do PMDB da Paraíba terá ainda condições para novos fôlegos.

Maranhão resolveu não passar a faixa para Ricardo Coutinho (PSB), deixou a missão a cargo do vice-governador, Luciano Cartaxo (PT). Ao invés disso, preferiu viajar para Brasília a fim de acompanhar a posse de Dilma Rousseff (PT). A deferência é clara e a esperança por um cargo no Governo Federal também.

Após a posse o atual ex-governador viajou para Tocantins, onde tem uma fazenda. Espera por lá a nomeação que, dizem, será para presidente da Transpetro. Mas não há nada certo.

Sempre foi difícil imaginar que Maranhão conseguisse emplacar uma nomeação para o primeiro escalão. Agora continua complicado pensá-lo no segundo escalão. Para mim, o peemedebista só tem cacife, neste momento, para o terceiro. Então, se conseguir a diretoria de alguma indireta (como a Transpetro), pode se considerar vitorioso.

Lembremos que o governador abandonou a candidata á presidência no segundo turno quando percebeu quem nem ela, nem Lula, viriam à Paraíba dar o ar da graça, para salvarem a sua eleição.

É inegável. Maranhão vive o ocaso de sua vida política e tem um balanço até positivo para fazer de sua trajetória.

Natural de Araruna, lançou-se na vida política em 1955, eleito deputado estadual pelo PTB. Com advento da Ditadura, sofreu o ostracismo de 1969 até 1982, quando retornam as eleições conseguiu se eleger. Agora para deputado federal constituinte.

Daí seguiu emplacando três mandatos consecutivos, até que em 1994 vê que o destino lhe sorri. É escolhido o vice-governador na chapa que seria vitoriosa ao governo do estado. Como a maioria já sabe, o vice não é escolhido exatamente por sua expressão política... é mais pela sua falta de expressão... Ironia do destino...

Bem, Mariz acabou morrendo e aquele que parecia um político inexpressivo, apenas mediano, um ilustre desconhecido do grande público, é alçado ao chefe máximo do estado.

Aos poucos vão surgindo alguns mitos em volta do governador. De ser um homem simples, humilde, afável. Boa parte dessa fama deve-se ao famoso evento do aniversário de Ronaldo Cunha Lima no clube campestre de Campina Grande. Quando, em meio a uma disputa de bastidores para ver quem seria o indicado pelo partido (na época ambos no PMDB), a TV flagra uma cena que salta aos olhos.

Maranhão, então governador, sofre a afronta de Ronaldo Cunha Lima. O campinense, depois de um discurso irritado pelas tentativas do governador de conseguir a indicação para uma reeleição, descruza, na marra, os braços de um Maranhão que assiste a cena passivamente. A imagem televisioanda é reprisada em rede nacional. Fica como um acinte! A força de uma oligarquia tentando se impingir a um governador. E em contraposição a prepotência visível dos Cunha Lima, a flagrante humildade de Maranhão, que recebeu toda o ultraje a sua autoridade de forma cândida e silenciosa.

As imagens nem sempre expressam toda a verdade dos fatos... e a opinião pública, sinceramente, é um animal facilmente manipulável.

Essa cena definiria a trajetória de Maranhão daí por diante. Assim, o governador, utilizando de artimanhas políticas, conseguiria a sua indicação pelo partido e deflagraria um racha no PMDB, com debandada de todos os Cunha Lima e seus aliados. Maranhão, sem nenhum adversário a altura da sua nova imagem midiática, seria reeleito com a maior votação proporcional do país. Era 1998.

Na eleição seguinte, deixaria o cargo para ser eleito senador, enquanto Roberto Paulino, então seu vice, tentando a reeleição perderia para Cássio Cunha Lima. Maranhão tentaria voltar ao governo do estado em 2006 contra Cássio, sem sucesso. É derrotado, mas recorre e consegue voltar em 2009. Contudo, tenta se reeleger em 2010, enfrentando agora Ricardo Coutinho (PSB) e perde mais uma vez.

O homem não é nada bom de voto. É fato! Apesar disso, o ex-governador teve uma trajetória excepcional. Duvido que alguém se arriscaria a dizer, à época, que o deputado estadual natural de Araruna se transformaria numa força tão hegemônica no PMDB.

Agora, com o fim do seu mandato o PMDB precisa aprender a se reinventar. Há lideranças emergentes como os irmãos Vital do Rego (Vitalzinho e Veneziano) e Manoel Júnior, deputado federal e ex-prefeito de Pedras de Fogo que já demonstra intenção clara de se candidatar ao governo da Capital em 2012. E outros que ainda precisam mostrar mais musculatura política como Gervásio Maia Filho, Trocolli Júnior, Raniery Paulino e Benjamim Maranhão.

Então, ainda que o ex-governador consiga uma sobrevida com algum cargo federal e tente manter sua mão de ferro sobre o PMDB do estado, seu fim é inevitável. Seria melhor uma saída mais sábia, prestando atenção nos sinais das urnas...e do tempo.

Agora nos resta espera que a Paraíba tenha, enfim, reencontrado as pazes com o seu eixo e agora siga mais em harmonia. Sem contar mais com as surpresas do inesperado. Afinal, a vida sempre pode pregar peças e mostrar que o ‘acaso’, ou a ‘fatalidade’, pode mexer nas linhas do futuro, dando outro traçado ao que foi planejado nos gabinetes. Isso é o que se chama destino. Os gregos diziam que nem mesmo o maior de todos os deuses ia contra essa força... Só Apolo conseguiu driblá-lo com sucesso. Apolo, a imagem da consciência solar...

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