terça-feira, 29 de junho de 2010

Pensamentos de Confúncio


Qual seria a sua idade se você não soubesse quantos anos você tem?

O homem superior atribui a culpa a si próprio; o homem comum aos outros.

Até que o sol não brilhe, acendamos uma vela na escuridão.

Saber o que é correcto e não o fazer é falta de coragem.

Ainda não vi ninguém que ame a virtude tanto quanto ama a beleza do corpo.

De nada vale tentar ajudar aqueles que não se ajudam a si mesmos.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Tom cômico prejudica ‘O Golpista do Ano’


Um filme que tem no cartaz Jim Carrey, Ewan McGregor e Rodrigo Santoro como um triângulo romântico é um chamariz no mínimo interessante, essa é a primeira impressão que se tem ao olhar o cartaz de O Golpista do Ano (I Love You Phillip Morris). Santoro já mostrou sua versatilidade em Carandiru quando interpretou a travesti Lady Di. McGregor e Carrey também são, cada um a seu modo, atores competentes e não precisam de apresentações. Infelizmente, o filme tem algo de decepcionante, ainda mais por ser uma história real, o que lhe conferiria uma carga dramática forte. Contudo, o longa avança pouco além de uma caricatura do mundo gay.

Ao invés disso, viajamos entre as plumas e paetês (estou falando no sentido figurado) de um universo gay idiotizado. Talvez não tenha sido essa a intenção dos autores, mas foi o que restou ao olhar a tentativa de romantizar um amor entre dois personagens à margem, sem uma devida análise mais profunda da alma e do universo desses personagens.

No longa, Jim Carrey é Steven Russell um homossexual que resolve assumir a orientação sexual ao mesmo tempo em que se torna um escroque e dá um nó na polícia do Texas ao empreender fugas absurdas (na sua simplicidade e engenhosidade) dos presídios onde é encarcerado.

A questão principal de ‘O Golpista do Ano’ – convenhamos, o título do filme em português é horrível, principalmente porque o tema central é realmente a homossexualidade e o amor que o personagem central nutre pelo Phillip Morris do título original, interpretado por um delicado Ewan McGregor.

Por sinal, McGregor é a melhor coisa do longa, em meio a afetação simplista da história, o ator inglês consegue imprimir alguma realidade ao que é contado pelos diretores Glenn Ficarra e John Requa, também autores do roteiro inspirado no livro de Steve McVicker, repórter do jornal "Houston Chronicle". É tocante a cena em que Russell e Phillip travam o primeiro contato. O ator de ‘O Máscara’ tenta convencer Phillip que é sincero seu desejo de tê-lo como companheiro.

Não que o filme seja uma bomba, longe disso. A questão é que ‘O Golpista do Ano’ é um filme gay, no sentido de que toda a história está centrada no romance entre dois homens, mas sem o charme e a profundidade de filmes com o ‘O Segredo de Brokeback Mountain’, ‘Direito de Amar’, ‘Querelle’, ‘Maurice’, ‘A Má Educação’ e ‘Essa Estranha Atração’, só para ficar numa meia dúzia de filmes sobre o tema.

Além disso, os diretores resolveram utilizar a comédia para suavizar a enredo e alcançar um público maior. A saída acaba sendo realmente isso: uma forma de se afastar, a quilômetros de distância, diga-se, do que seria uma proposta muito mais honesta de fazer um filme com um olhar político e aprofundo da história de Russell.


Na ficção, logo cedo Russell se descobre adotado e sai do seu mundo edulcorado com um céu azul e nuvens feito flocos – os amigos viam nas nuvens imagens infantis, enquanto o Russel criança já vislumbrava um pênis – para uma vida igualmente falsa em vários aspectos: é um bom marido, pai e religioso. Trabalha como policial e busca descobrir quem é a mãe biológica, mas esconde suas reais motivações.

A vida é artificial, na relação com a esposa – uma carola que vive num mundo completamente irreal, parece um comercial de televisão – nas relações de trabalho e com a filha. Há uma infantilidade tola no conteúdo dessas interações.

Após descobrir quem é a mãe e saber que ela realmente não quis ficar com ele, Russell muda de cidade, emprego e, ao que tudo indica, passa a viver a homossexualidade às escondidas. Mais lá na frente ele muda novamente, agora após um acidente, e resolve explicitar o desejo pelos homens.

É aí que ele conhece Jimmy Kemple (interpretado por Santoro). O brasileiro compõe um homossexual um pouco mais afetado que o de McGregor. Todavia, vale ressaltar que Santoro tem muito menos chance de dar vazão a personagem na tela. Com Kemple, Russell descobre que o nível de vida gay que quer é muito caro e começa a dar golpes em seguradoras. A princípio para sentir-se integrado num mundo aparentemente fútil de festas e prazer.

Um dos graves problemas do filme é justamente o tom de comédia e, consequentemente, a escolha de Jim Carrey para o papel principal. O comediante já mostrou que é um bom ator e durante o longa realmente chega a compor uma personagem com algumas nuances, entretanto a tridimensionalidade de Russel acaba se diluindo nas caras e bocas do ator.

O filme ainda perde ao não ir mais fundo nas motivações e na personalidade de Russell e optar em expor tudo como um desejo da personagem em ser aceito e amado, justificando os trambiques naquela descoberta, ainda criança, da adoção e da rejeição materna.

O Golpista do Ano’ não é um filme ruim, tem alguns momentos delicados ao tratar da homossexualidade e ao expor o preconceito. Outros momentos românticos e até engraçados, sempre com um tom leve – será que os diretores acreditaram que um filme histriônico ajudaria ao marketing?

Todavia, apesar da comédia realmente dar mais leveza às histórias indigestas e difíceis de digerir vividas por Russel, os diretores perderam a oportunidade de mostrar um personagem complexo de forma mais direta e com as cores certas. Afinal, não é sempre que se encontra uma personagem real que é um misto de carente crônico, mal caráter, ladrão, homossexual e anti-herói.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

'O Príncie da Pérsia' e Gyllenhaal no sex appel do herói


O filme ‘O Príncipe da Pérsia – As Areias do Tempo’ é um longa despretensioso, com pelo menos uma tirada vertiginosa na sua homenagem ao game do qual se originou. Lembra os filmes de Simbad – O Marujo em suas aventuras míticas e absurdas.

O filme é da mesma equipe responsável pela trilogia ‘Os Piratas do Caribe’, a Walt Disney Pictures e Jerry Bruckheimer, com direção de Mike Newell. O inglês dirigiu filmes tão díspares como ‘Quatro Casamentos e um Funeral’ e ‘Harry Potter e o Cálice de Fogo’, só para citar alguns títulos famosos. Newell imprime sotaque inglês – literalmente – ao filme, o que lhe dá um certo charme.

O longa é inspirado no game criado por Jordan Mechner, Príncipe da Pérsia, lançado em 2003 e Newell constrói um épico de ação e aventura ambientado na Pérsia com toques ‘a la’ ‘Mil e uma Noite’. Mas não deixa de ser engraçado ouvir falar do impressionante poderio Persa – hoje o Irã – em meio às disputas entre os EUA e a terra dos Aiatolás nos dias de hoje. O cinema tem criado outras referências ao passado das lutas militares naquela região – é só lembrar de ‘300’ e ‘Alexandre – O Grande’.

Vale dizer ainda que além da Pérsia/Irã há também uma outra referência clara: a invasão do Iraque pelos EUA sob a alegação de que eles estariam produzindo armas de destruição em massa. Como na guerra do Iraque, segundo os roteiristas, a invasão da cidade fictícia do filme teria como objetivo algo que estava escondido no subsolo. Mas, apesar dessas referências políticas, o filme não é mais que uma diversão leve.
Mas vamos à história.

O longa começa quando o rei Sharaman (Ronald Pickup) adota um menino de rua, após ver uma corajosa afronta do garoto frente a sua guarda. O órfão – um misto de Jack Sparrow com William Turner, sem o brilho de Johnny Depp e Orlando Bloom, diga-se – torna-se o príncipe Dastan (interpretado por um turbinado Jake Gyllenhaal, aquele mesmo que fez o cawboy gay de ‘O Segredo de Brokeback Mountain’). No futuro Dastan ajudará seus irmãos Tus (Richard Coyle) e Garsiv (Toby Kebbell) na invasão de uma cidade sagrada governada pela bela Tamina (Gemma Arterton).


O trio de irmãos, sob os conselhos do tio Nizam (Ben Kingsley), invade a cidade e descobre em seus portões o significado de destino. Tudo acontece rapidamente, tanto a invasão quanto a acusação de que Dastan teria conspirado para matar o rei. Assim, o jovem guerreiro é obrigado a fugir juntamente com Tamina. Eles terão que proteger uma adaga mágica, que é capaz de fazer com que o tempo retroceda alterado a realidade.

Neste percurso Dastan descobrirá o amor e terá que vencer os perigos para provar sua inocência e salvar a mocinha e a adaga mágica. O herói ainda encontrará um trapaceiro (Alfred Molina) que funciona como um dos respiros cômicos da trama. Contando assim, a história parece que já foi feita algumas vezes desde que o cinema existe.

Jake Gyllenhaal e Gemma Arterton seguram tranquilamente o clima romântico da trama. Gullenhaal caprichou nos músculos e no sex appell do personagem, sempre com barba por fazer e com o peito a mostra. Contudo, as ressalvas positivas vão mesmo para Alfred Molina e Ben Kingsley, ainda que eles não consigam imprimir nuances mais realistas e fiquem mesmo no feijão com arroz.

O diretor ainda tenta imprimir um ritmo de game no movimento da câmera, principalmente na cena inicial, na final e nas perseguições, o que dá mais força ao longa, e mostra o potencial das adaptações de games. Vale ressaltar que essa é a primeira vez que um jogo consegue chegar as telonas como um bom filme, ou pelo menos de uma forma competente.

terça-feira, 8 de junho de 2010

AMAR, verbo Intransitivo

Quando eu era criança pensava como criança. Com o tempo minha concepção do mundo foi se transformado, mas ainda eram os olhos da criança. Uma criança diferente, como diz o I Coríntios 13.

Sempre me considerei uma pessoa sortuda. Não posso reclamar. Nada me falta. Tenho saúde, uma vida regrada, muito fruto de meditações e da filosofia da Kabalah. Ferramentas que me ajudam a manter o equilíbrio, num mundo cada vez mais caótico. Já amei, daqueles amores que a gente sente taquicardia, suores, ansiedade, tesão, paixão, daquele que basta encostar na pele, olhar nos olhos, que parece rastilho de pólvora.

Já sofri, me rasguei de dor. Senti ódio e amor intenso, devo confessar. Sempre fui uma pessoa com aversão ao meio termo, para mim era tudo ou nada. Traduzindo, o orgulho era uma constante. Esse tempo passou...

A religião me chamou atenção logo cedo. Desde que me conheço por gente nutri uma grande admiração por Cristo. A história dele me comovia. Eu não conseguia olhar para a imagem daquele homem crucificado quando entrava na Igreja sem sentir um aperto no coração. Lembro de ter lido na ‘Autobiografia de um Iogue’ - livro escrito pelo iogue indiano Paramahansa Yogananda em 1946 – o quanto o autor ficou chocado na primeira vez que entrou numa igreja ocidental e viu que o deus era representado morto no altar (e de um forma cruel). Entendo Yogananda.

Cristo me acompanhou durante muitos anos, como uma referência, até que minhas dúvidas em relação a Igreja Católica foram crescendo de uma forma irremediável. Além disso, eu não conseguia entender a dor no mundo, o sofrimento, a pobreza, as guerras, a violência e, em conseqüência, a falta de intervenção divina.

Ainda mais havia a aquela luta entre Deus e o diabo pelas almas humanas. Parecia contraproducente. Por que tínhamos que ficar no meio do fogo cruzado? Eu me questionava. O tempo foi passando até que rompi relações com a Igreja Católica e por tabela com qualquer conceito de Deus. Eu deixei de acreditar em Deus e no diabo. Afastei-me de Cristo.

Foram anos de trevas. Infelizmente, trevas necessárias, onde mergulhei no sexo, nas farras... Sem restrições, dizia para mim mesmo. Até que redescobri Cristo. Era um momento em que o mundo já não me respondia e eu precisava de respostas urgentemente. Foi aí que descobri Nikos Kazantzakis, o escritor grego que viajou por todo o mundo, conhecendo e seguindo as doutrinas de Buda, Francisco de Assis e Lênin. Kazantzakis escreveu ‘A Última Tentação de Cristo’.

O livro virou filme nas mãos de Martin Scorsese em 1988. Com o livro o escritor acabou sendo excomungado pela Igreja Ortodoxa Grega. O livro também faz parte do catálogo de livros proibidos pela Igreja Católica. Apesar disso, foi na ‘Última Tentação de Cristo’ que reencontrei minha fé e fiz as pazes com Cristo e com Deus. Depois do livro eu deixei de ver Deus como um Pai distante. Kazantzakis pinta um Cristo humano, próximo, e desta forma, um Deus também muito presente. Ali eu entendi a lição implícita na história da vida de Cristo: existe um rito a ser cumprido por toda alma neste mundo, até mesmo o mais ilustre filho do Criador obedece essa lei.

Hoje entendo, apesar de ainda não ter realmente conseguido alcançar, que o que todos buscam vai numa só direção, ainda que alguns digam que procuram sucesso, amor, dinheiro, fama, poder, felicidade, paz, saúde... todos buscam uma única coisa: respostas. E essas respostas estão, em última análise na Unidade, em Deus. O ponto que une todos os pontos. O sol de onde emanam todos os raios.


Nada além dessa união nos completa de fato e nos responde.

Digo que eu entendo isso, em alguns momentos acredito que chego a sentir, mas são tantas as distrações... Eu ainda sinto outras necessidades, ainda me iludo. Talvez porque ainda queira me iludir...

É estranho dizer isso, mas não fazemos nada que realmente não queremos. Acreditem. É a pura verdade, por mais que pareça que não – eu não estou falando da consciência primeira, que não entende que algo dentro dela atrai os eventos com os quais quer aprender. Estou falando justamente desse algo interior, uma consciência mais profunda, que opta e sabe o quer e precisa viver para chegar à Unidade.

Olhando para trás, hoje vejo que foi sempre o Amor que me resgatou, redimiu, apaziguou, dos momentos em que estava perdido, desiludido, desenganado, quando deixei de acreditar no ser humano, quando não entendi o sentido de algumas ações das pessoas que amava. Quando me senti traído e abandonado. Foi o Amor que me trouxe de volta ao curso do meu próprio rio. Os antigos egípcios diziam que o Amor não pode ser ensinado, Ele brota no momento certo. Notaram? Eles já diziam que o Amor é intransitivo.

O Amor não pode ser ensinado, mas ao ser tocado por ele aprendemos. É engraçado. Eu aprendi a ter paciência, fôlego, a seguir sempre. A subida é íngreme, nem todos suportam, mas para os que se dispõem, a paisagem é recompensadora. Preenche a alma.

Como eu cheguei até aqui? Através das meditações, das orações, da observação, e, antes de tudo, através dos ensinamentos de minha mestra, Tânia Carvalho. Através da AD’OR – Centro de Estudos da Kabalah, a qual eu encontrei e fui encontrado em 1994. Sem começar e seguir po esse Caminho místico eu nada seria.

Por esse e outros encontros que ainda virão, sei que continuo sortudo.

Citei o I Coríntios do Apóstolo Paulo no início desse artigo e devo dizer que concordo em gênero, número e grau com suas palavras, ainda que não concorde com todas as suas cartas (as Cartas de Paulo) - não me tomem por herege, aprendi a pensar com a Kabalah e sei que Deus não criou seus filhos para serem vacas de presépio que servem apenas para balançar a cabeça afirmativamente.

Mas quero acrescentar que o Amor não só renova as esperanças, como nos revela a verdade e com a verdade nos apazigua, nos conforta. O Amor quando vibra no peito é como a liberdade, um viver sem amarras, sem pesos, sem culpas, dores, medos. É um prazer intenso. É compreensão e paz. A sensação lembra um frescor dentro e fora do corpo. Como alguém que acabou de chupar uma bala de menta e o 'ardido' não está só na gargata, mas dentro do peito, na cabeça e no coração...na verdade no corpo inteiro e além, além, além, alcançando outras pessoas que passam. Pessoas que não conhecemos. E as pessoas (que passam) se perguntam: que sensação boa é essa? De onde vem? E a sensação é acompanhada de perfume, um perfume que fica no ar. A vontade que dá é de rir e cantar de extase.

Mas não dá para festejar só. Por isso mando ver um vídeo com a música Palavras Repetidas de Gabriel O Pensador. Um petardo na cabeça.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

O esforço de Serra para se manter no páreo


Na última sexta (04/06) tive a oportunidade de conhecer o governador José Serra pela primeira vez. O encontro foi rápido, no escritório do Grupo WSCOM onde trabalho. Serra chegou com um pequeno séquito, cuja as menções mais importantes são o ex-governador e pré-candidato ao Senado Cássio Cunha Lima e o coordenador da campanha de Serra no Nordeste, Cícero Lucena.

Devo dizer que Serra tem se esforçado para ser simpático, apesar de ter evitado a clássica manobra dos incontáveis apertos de mãos de uma campanha. Todos sabem de sua mania de não gostar de apertar mãos de desconhecidos. Ele manteve-se quase na defensiva, foi educado, com olhos críticos de alguém que estuda onde está pisando.

Sorriu um sorriso meio forçado, mas não tinha nada de falso, apenas de esforço. Talvez pelo cansaço. Também não deixou de se submeter às incontáveis sessões de fotos com quem pedia. Olhei para o homem e tentei ler o que se passava em sua cabeça. Às vezes dá para perceber. Para mim – claro que posso estar enganado – a única coisa visível era a crítica, o cansaço e um certo aborrecimento. Nenhum deles foi exteriorizado.

Minha impressão? Seguindo nesse formato é difícil que o ex-governador de São Paulo consiga bater a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff. A não ser que caia uma bomba sobre o PT e a ex-guerrilheira. Serra precisa urgentemente colocar mais molejo à campanha, mais calor humano. Bem, vamos dar um desconto, vai ver ele estava exausto.

Algumas vezes presenciei Dilma na Paraíba. Ela era o trator que é normalmente descrito. Uma mulher prática, seca, sem meias palavras, sempre com um semblante fechado. Não chegava a ser carrancuda, mas era séria demais. Intimidava. Não tinha meias-palavras e respondia as perguntas como se estivesse despachando com subalternos.

Não a vi depois das transformações físicas pelas quais tem passado após a descoberta do linfoma. Acredito que não é só uma nova maquiagem que tem feito a diferença na candidata. Acho que o câncer a amoleceu um pouco mais também. Não sei. A única coisa que posso dizer é que nas entrevistas que tem dado, Dilma tem conseguido mostrar uma fase mais humana do que Serra, e isso, além do apoio inconteste de Lula, tem feito a diferença nas pesquisas eleitorais.

Sobre os dois que ladeavam Serra, Cássio e Cícero, vou dizer o obvio: Cássio envelheceu, está mais gordo, mas continua com o mesmo sorriso matreiro. Um sorriso parecido ao que ele estampou quando da visita de Geraldo Alckmin à Paraíba na campanha passada.

Já Cícero parecia uma espécie de Sancho Pança, um guarda-ordens completamente concentrado e imbuído de proporcionar o melhor ao cacique tucano.

É evidente que tudo isso faz parte de um grande esforço do candidato tucano para se manter no páreo. A questão é: será que ele consegue? Tudo bem que pesquisas não são confiáveis, mas elas não podem estar muito longe da realidade, alguma proximidade devem manter, até para que os próprios institutos de pesquisa possam continuar sobrevivendo. Vale ressaltar que as pesquisas, até agora, mostram insistentemente que a abordagem de Serrá é equivocada. Ou melhor, mostram que a abordagem de Lula e Dilma tem sido correta. Contra todos os analistas o presidente Lula está conseguindo fazer a transferência de votos para a sua candidata.

A visita de Serra à Paraíba faz parte de uma estratégia de maior exposição antes da campanha propriamente dita. A mesma linha tem sido adotada por Marina Silva e Dilma Rousseff.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Por trás de uma bactéria artificial

Recentemente, o mundo foi assaltado com a descoberta do senhor Craig Venter, que criou a primeira bactéria artificial do planeta. A descoberta está sendo considerada um marco rumo ao desenvolvimento de vida artificial. Doutor Venter afirma que espera usar a tecnologia para projetar novas bactérias que poderiam desempenhar funções úteis. A equipe já colabora com companhias farmacêuticas e de combustíveis para projetar e desenvolver cromossomos para bactérias que produzam combustíveis ou novas vacinas. Uma das metas é criar bactérias que absorvam dióxido de carbono e, dessa forma, ajudem o meio ambiente.

Me engana que eu gosto.

Vejamos bem se eu entendi direito. Doutor Craig Venter (o nome parece ser inventado, lembra romance policial de Sidney Sheldon, ou estilo novela Sabrina/Bianca vendido nas bancas) criou uma bactéria artificial e quer construir com esses seres microscópicos o 'Mundo Encantando de Craig'.

Todavia, o santo médico quer patentear a descoberta, evitando repassar sua experiência de ‘criação divina’ aos outros pobres mortais da França, Inglaterra, Alemanha (estou sendo irônico, viram?), não vou nem falar dos países em desenvolvimento, nem da África miserável. A retórica pseudo verde/humanitária choca-se com a ação ambiciosa e gananciosa do cientista. Mas é bom ficar ciente: a descoberta tem uma grande indústria farmacéutica por tras (como já admitiu o próprio Craig) e, junto com ela interesses bem capitalistas.

Bem, que estamos caminhando a passos largos em direção a descobertas que cada vez mais nos colocarão em xeque frente a ética do que significa criar outros seres inferiores – vide a clonagem – parece realmente inevitável. A questão é saber: estamos realmente preparados para sermos pais? Para criarmos nesse nível?

Ontem fui num asilo de idosos e encontrei homens e mulheres abandonados. Gente que foi tratada como animal pela família. Uma família que apenas sugava as aposentadorias dos pais, mães, avós. Esses idosos conseguiram achar uma curadoria do idoso para lhes salvar de seus parentes e repassá-los para uma entidade beneficente. Mas quantos não tem a mesma sorte?

Ninguém precisa sair de casa para constatar o desprezo e medo da raça pela sua própria espécie. Basta olhar pela janela e ver as centenas de pessoas que andam pelas ruas catando papelão, vivendo uma vida miserável. Maltrapilhos e zumbis que varão a madrugada em busca de restos. Basta ver soldados israelenses matando e cerceando a vida de palestinos. Os mesmos palestinos que se atiram como homens bombas para matar inocentes.

Basta ouvir na televisão que agora os chineses preferem se suicidar jogando-se dos prédios ao invés de trabalhar num regime desumano.

Basta olhar para os ditadores do passado e do presente que mandam matar centenas porque acordaram de mal humor. Olhar para Obama, que surgiu como uma esperança, mas a cada dia que passa senta-se mais na mesma política anacrônica. Uma política cheia de compromissos voltados para o seu próprio umbigo ou para o bem estar dos seus. Uma Justiça que só ousa abrir as asas com os seus, mas que perante os outros prefere fechar os olhos...Essa é a mesma velha política norte-americana de sempre, talvez um pouco mais aberta.

Mas abriu porque achou justo, ou porque não tinha outra escolha?

Para constatar o desprezo da raça por si mesmo, basta ter que encarar o Papa Bento XVI dizendo que os católicos precisam fazer penitência pelo pecados da Igreja.

Não sou católico, mas minha família inteira é e não são eles os pedófilos. Nenhum deles acredita ser necessário o celibato. Nunca disseram que os negros não tem alma e não fizeram silêncio quando os nazistas resolveram exterminar os judeus. Ora, a penitência é de quem está no poder e não faz nada.

Os cientistas brigam e na maioria das vezes parece que não sabem o que dizem. Não sabem o que fazem e se vendem pelo primeiro saco de moedas que lhes oferecerem. Parece que adoram repetir a lenda do velho Fausto.

Não sou contra o avanço da ciência, mas também não acho que estamos preparados para começar a fazer vida artificial. Toda essa história lembra Aldous Huxley e seu ‘Admirável Mundo Novo’ e as estranhas histórias de ficção científica. Mas de qualquer forma, acho que o avanço é inevitável. Precisamos agora é nos preparar para ele.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Pausa romântica


Uma breve brincadeira com os amantes...
Espero que vocês consigam lembrar do resto das letras...


Não quero sugar todo seu leite

Nem quero você enfeite do meu ser
Apenas te peço que respeite
O meu louco querer
Não importa com quem você se deite
Que você se deleite seja com quem for
Apenas te peço que aceite
O meu estranho amor
Pra começar
Dizer que o amor chegou ao fim
Esqueça de me perguntar
Se ainda há amor em mim
Pra te enganar
escondo num sorriso a dor
Que sinto ao te ver passar
Na rua com seu novo amor
Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva
E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno antimonotonia
Pra que usar de tanta educação
Pra destilar terceiras intenções
Desperdiçando o meu mel
Devagarzinho, flor em flor
Entre os meus inimigos, beija-flor
Eu tô grávida
Grávida de um beija-flor
Grávida de terra
De um liquidificador
E vou parir
Um terremoto, uma bomba, uma cor
Uma locomotiva a vapor
Um corredor
Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar
Eu quis o perigo
E até sangrei sozinho
Entenda!
Assim pude trazer
Você de volta pra mim
Quando descobri
Que é sempre só você
Que me entende
Do início ao fim.
E é só você que tem
A cura do meu vício
De insistir nessa saudade
Que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.
Às vezes eu quero chorar
Mas o dia nasce e eu esqueço
Meus olhos se escondem
Onde explodem paixões...
Às vezes eu quero demais
E eu nunca sei
Se eu mereço
Os quartos escuros
Pulsam!
E pedem por nós...
Havia um tempo em que eu vivia
Um sentimento quase infantil
Havia o medo e a timidez
Todo um lado que você nunca viu
E agora eu ando correndo tanto
Procurando aquele novo lugar
Aquela festa o que me resta
Agora eu vejo,
Aquele beijo era mesmo o fim
Era o começo
E o meu desejo se perdeu de mim
Sempre precisei
De um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou
Só sei do que não gosto...
Voltamos a viver
Como há dez anos atrás
E a cada hora que passa
Envelhecemos dez semanas...

Música: A Cruz e a Espada