sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Xô ódio!: Os panfletos apócrifos e o mau exemplo


Custo a acreditar que tenha sido José Maranhão (PMDB) o artífice do panfleto apócrifo distribuído pelo estado, mas é evidente que é o governador quem tem mais a ganhar ao ver denegrida a imagem de Ricardo Coutinho (PSB). Por isso, ainda que não se possa responsabilizá-lo pelos panfletos, o candidato peemedebista se torna responsável pelo menos por não ter se solidarizado com Coutinho e afirmado, veementemente, sempre que possível, que não coadunava com aquelas idéias.

Ao invés disso, Maranhão levou para a sua campanha, para os debates e para os comícios, a imagem de Nossa Senhora e o nome de Deus, era uma estratégia velada de ataque e de acusação. Era evidente. Era como se dissesse: não sou eu que fez os panfletos, mas eu sou temente a Deus. E o meu adversário, será que é?

Por conta disso, Coutinho foi obrigado a expor sua crença religiosa. Disse que era cristão e foi aos templos contar tudo que estava vivendo e pedir ajuda.

Todo esse clima que tripudiou em cima das crenças afro-brasileiras fez com que alguns adeptos do governador José Maranhão passassem a andar com uma cruz acusado os eleitores de Ricardo de macumbeiros. Xô macumbeiro! Foi o xingamento que levaram duas conhecidas minhas. Uma era uma empregada doméstica e outra uma funcionária pública. Triste obscurantismo este, que começa a afetar a mente e o coração dos paraibanos.

Agora peço que esqueçamos a cor partidária, planos de governo, e as lutas de grupos políticos por um momento. Vamos pensar longe do calor da política e dos nossos desejos, necessidades, do emprego, do que quer que seja.

Vejam bem, quando alguém ao ver o outro sendo acusado de uma forma caluniosa, ofensiva, destruidora e invejosa, ainda que a acusação tenha algum fundamento, o que não é o caso, não pode silenciar.

Quem observa a acusação caluniosa em silêncio é cúmplice e quem quer tirar proveito dela, se traveste do próprio acusador. Quem observa não pode calar. Mesmo que vá ter que ajudar ao seu oponente. Simplesmente, porque uma vitória assim não seria digna.
O oponente deve sempre estar preparado para um ato que está além da disputa. De cristandade, de solidariedade e de verdadeiro respeito à vida, como nos ensinou o maior de todos os mestres que esteve na Terra. Afinal, tudo passa, só a consciência permanece.

Por isso, tanto José Maranhão, quanto José Serra (PSDB), os dois Josés, cometeram um deslize: perderam a oportunidade, acredito, de ganhar a eleição ao não serem capazes de mostrar que o bem humano era mais importante que a disputa pelo poder.

Por isso, mesmo que o governador Maranhão tenha feito um esforço hercúleo nos debates, se mexeu como nunca atendendo as propostas dos servidores e policiais, e conseguiu até mostrar um plano de governo interessante, não acredito que ele vá ganhar a eleição.

Na vida há homens capazes de matar para ganhar e há homens capazes de morrer pelo bem, aí está a diferença dos falsos ganhadores e dos verdadeiros perdedores.

Às vezes é preciso deixar-se morrer para ganhar. Afinal, perde-se o poder, mas não o coração. Porque no final das contas, no fechar dos olhos, o que ficará se vendermos até a alma?

Podem me dizer que esses ideais são altos demais para os pobres mortais. Mas pergunto: devemos nos mirar nos animais?

Quem deve ganhar as eleições na Paraíba?


A eleição está difícil de suportar. As ofensas são tantas que às vezes é melhor desligar a televisão, fechar a caixa de e-mail e passar longe das rodinhas de conversa sobre política.

O primeiro tempo na eleição da Paraíba até foi tranqüilo, com o governador José Maranhão (PMDB) com a certeza que iria ganhar e uma campanha de Ricardo Coutinho (PSB) comendo pelas beiradas.

Aí veio a virada de Coutinho. Devo confessar que eu esperava a virada, ela era percebida no silêncio de João Pessoa e em como a campanha do ‘Mago’ vinha sendo recebida no interior do estado, principalmente em Campina Grande. Ela era esperada também pelo apoio de Cássio Cunha Lima (PSDB) e de Efraim Morais (DEM).

Foi nesta eleição que pela primeira vez os dois maiores colégios eleitorais do estado pensaram e votaram juntos. Abrindo uma nova possibilidade na Paraíba: é possível que Campina e João Pessoa tenham entendido que, ao se unirem, poderão levar quem quiserem ao Palácio da Redenção.

O segundo turno abriu com uma espécie de caça às bruxas. E, neste quesito, a eleição estadual repetiu a nacional, infelizmente. Trazendo a religião para a ordem do dia da pior forma possível. Através da intolerância e do preconceito religioso.

Analisando apenas os guias eleitorais, o governador José Maranhão saiu ao ataque, além de mostrar propostas, digamos, bastante sedutoras ao eleitorado. Contudo, Ricardo também conseguiu se defender bem, sempre de forma direta e, às vezes, bem humorada. O quesito humor ficou faltado ao guia do governador.

Ontem, quinta-feira (28), durante o debate, o governador afirmou que o ex-prefeito da Capital vinha perdendo votos. É possível. Afinal, Maranhão aprovou a PEC 300, chamou os concursados da Polícia e da Saúde nesta sexta-feira (29) e já disse que irá dar aumento para os servidores. Além disso, a campanha apostou em inserções negativas sobre Coutinho, mostrando um vídeo antigo onde ele aparece brigando com o deputado federal Luiz Couto (PT) e um áudio onde ele parece defender algum tipo de regulamentação das drogas. Não dá para saber de fato, já que o áudio está editado e é apenas um trecho de uma fala maior. Coutinho nega que tenha defendido tal legalização.

Nada disso é mais chocante do que os panfletos apócrifos distribuídos pelo estado sobre um tal pacto satanista que o socialista teria feito e para isso teria espalhado obras pela capital. Não estou dizendo que Maranhão realmente distribuiu os panfletos, mas é claro que tira dividendos eleitorais do evento.

Todavia, tudo isso pode não surtir os efeitos realmente positivos como gostaria o governador. Na verdade a situação pode ser pior em João Pessoa e Campina Grande – na cidade da Borborema, por conta de Cássio Cunha Lima e sua via crúcis no Supremo Tribunal Federal, e em João Pessoa por uma certa indignação em relação exatamente aos panfletos e porque parte da militância de Coutinho não tinha entrado na briga no primeiro turno, e agora parece mais unida.

Os peemedebistas, semana passada, afirmavam que Ricardo Coutinho tinha cerca de 4% de vantagem, enquanto os socialistas, segundo pesquisas internas, afirmavam que tinham 16%. Fazendo a média, era possível que Coutinho tivesse 10% de vantagem. Com todos esses acontecimentos novos nesses dias, é difícil fazer um prognóstico. Mas, para mim, neste momento, o socialista ainda ganha...mas vejamos o que dirão as urnas no domingo.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Dilma e Serra: entre a cruz e a caldeirinha

Se as pesquisas estiverem certas, Dilma Rousseff (PT) será a nova presidente do Brasil. E tem mais, a própria Rousseff já afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode voltar em 2014. Tem até um vice a altura: Sérgio Cabral (PMDB), governador do Rio de Janeiro.

Todavia, estas eleições deixaram clara uma coisa: é necessário investir urgentemente em educação, para evitar que o brasileiro médio seja manipulado pelo que quer que seja, religiões, políticos oportunistas...

As campanhas também deixam uma forte impressão: fazia tempo que não se via uma eleição tão feia, com tão baixo nível político. Talvez o único momento que se assemelhe a isso que vemos aí, foi quando Fernando Collor levou a televisão a mãe de Lurian, a enfermeira Miriam Cordeiro, para dizer que Lula quis que ela abortasse a filha. A cena foi triste.

José Serra usou a mesma artimanha de Collor e quase conseguiu virar o jogo, sob os olhos esbugalhados e incrédulos de Lula, Dilma e das cabeças mais pra frente do Brasil.

Não quero dizer com isso que Serra é retrógrado, mas a estratégia que ele usou foi. A campanha de Serra deu um Déjà vu do passado. Lembrou João Goulart e as passeatas com a Tradição Família e Propriedade (TFP), a igreja e a direita ultra-conservadora, que resvalaram no Golpe Militar de 1964. Não digo que hoje vivemos algum perigo de golpe, isso não, mas que o Brasil, mais uma vez, ia caindo ladeira abaixo da sedução do ‘Serra é do bem’.

Mas digam aí, se Serra é do bem, Dilma é do mal? O tucano afirma que querem demonizá-lo, mas quem foi acusada de ser atéia foi Dilma. Foi Serra quem fez a balança da campanha pender para o lado da Igreja, de forma oportunista.

Serra se perdeu. Perdeu todo o pudor, toda a linha e a compostura, virou um impensado pústula, capaz de xingar uma mulher em pleno horário nobre e de fazer teatro frente as câmeras por causa de uma bolinha de papel. Para mim, já não importa se ele foi atingido por um rolinho de fita crepe ou não, mas a expressão que ele deu ao evento. Basta ver a reação diferente de Mário Covas que levou uma paulada na cabeça e enfrentou os manifestantes na mesma hora num discurso emocionado.

Em relação aos temas levantados pela campanha, mas não enfrentados por nenhum dos dois candidatos de forma séria, sou contra o aborto, mas acho que as mulheres e seus maridos, ou pares, têm o direito de decidir. Sabendo exatamente o que estão fazendo. Podem sofrer até todo tipo de pressão – contanto que não seja violenta – para serem dissuadidos disso, mas devem ter o direito de seguir para onde quiserem seguir.

Depois se verão com Deus, sua religião e suas consciências sobre isso. É uma hipocrisia continuarmos negando o atendimento público quando o aborto continua existindo clandestinamente. E as únicas que realmente sofrem com isso são as mulheres mais pobres.

Sobre casamento gay? Deixem os caras e as minas se casarem com quem quiserem. Querem casar no civil? Jóia. Resguardem os direitos de seus amores. Querem casar na igreja? A católica não quer, nem a evangélica? Alguma há de querer. Em Londres já tem igreja católica só para homossexuais e não ficam pregando a abstinência ou dizendo que o povo vai para o inferno por sodomia. Há preocupações sociais mais reais do que ficar perseguindo e olhando com quem se está indo para a cama.

Mas voltando à campanha. Nós, eleitores, estamos entre a cruz e a caldeirinha. Ou nos convertemos às idéias religiosas e carolas de Serra e de sua esposa e abraçamos as igrejas que nos darão a salvação e o paraíso, ou aceitamos mergulhar no caldeirão fervente onde cozinhavam as bruxas. Parece que não há outra opção.

Essa é uma campanha louca. Insana. Sem sentido. Mas vou votar em Dilma. Vou tender o clamor da esquerda, de quem normalmente sinto mais afinidade. Apesar da campanha ter mostrado a deficiência política de Dilma Rousseff. A mulher é competente como gestora pública, já demonstrou isso, mas tenho sérias dúvidas se ela conseguirá domar um Congresso clientelista e um PT afoito. Dilma talvez seja pequena para a máquina do partido e seus escândalos.

Uma amiga minha diz que o PSDB vem da elite e sabe muito bem como fazer seus esquemas. E quando esses esquemas, por algum motivo, explodem, são facilmente abafados, soterrados. Por isso, não vemos tantos escândalos nos governos tucanos. Segundo a tese dela, o PT é um partido de sindicalistas, onde as brigas e traições não respeitam nomes, onde as mazelas são lavadas em praça pública. Onde as famílias vão ao programa da Márcia brigar em público. Isso faz com que os escândalos sejam tão numerosos.

No final das contas vem vindo uma crise mundial por aí e ela vai chegar no Brasil qualquer hora dessas e nem Dilma – nem Serra – têm a estrela sortuda de Lula. Agora é cruzar os dedos e rezar pelo melhor. Mas digam aí: por que Aécio Neves (PSDB) e Ciro Gomes (PSB) não se candidataram? Teria sido mais interessante...

Na Paraíba: o herói, o anti-herói e o homem

Vamos imaginar que a vida é uma ficção. Vivemos num estado chamado Paraíba e acompanhamos a vida de uma personalidade pública, política. Estamos em 2010, nossa personagem tem 47 anos, é um homem, e vive momentos de agonia e felicidade, no auge de uma batalha. Uma luta encarniçada, brutal, feroz. Digna de gladiadores instintivos e apaixonados.

Ele é daqueles homens que conseguem imprimir empatia com o público. É considerado um homem bonito. Tem uma ansiedade que alguns podem chamar de hiper atividade. É centralizador, mas também do gênero que constrói uma relação de fidelidade com seus escudeiros e comandados. Daquelas fidelidades caninas... Muitas vezes emotivo na sua relação com o público. Tem pleno domínio da platéia que o ama.

Um típico herói?

Sente-se injustiçado e perseguido. Vive um martírio público. Deseja vingança, cria estratégias consideradas de traição e dominação. Tem atração e apego ao poder. É vaidoso, talvez manipulador.

O protótipo do anti-herói?

Vive ou já viveu situações dramáticas. Primeiro com o pai, que alvejou com três tiros um desafeto político. Era para lavar a honra da família e do filho, disse o pai, que hoje está numa cadeira de rodas. Dizem, por culpa. A mãe, uma mulher gentil. Foi quem lhe sugeriu criar um programa de ajuda aos mais necessitados. Uma idéia caridosa. Mas foi essa idéia que no final das contas o levou a se meter em encrenca com a justiça eleitoral.

Ele já admitiu alguns erros, mas talvez precisasse ir mais fundo...

Talvez não devêssemos olhar para o homem público. E sim para o pai de família, o marido, o irmão, o filho. Olhar para aquele que à noite fecha os olhos, deita a cabeça no travesseiro e não dorme. Não por algum peso na consciência, mas porque continua tiquetaqueando dentro do pensamento. Procurando... Continua ouvindo a batida do coração, a respiração enchendo e esvaziando os pulmões...

Sabe aquela sensação que dá quando fechamos os olhos e achamos que o mundo só existe enquanto olhamos para ele? Pois é. Não é verdade. O mundo permanece, mas diferente sem a nossa presença. Nos resta entender que a vida vai além de qualquer disputa de poder, seja dentro de casa, ou num palácio.

Mas voltando a nossa personagem.

Esse homem viveu seu inferno e encontrou forças naquele poço interior que é uma mistura de fé e vingança, de raiva e certeza. De justiça e destemor. Ele manteve a crença em si mesmo. Avançou, às vezes, contra tudo e contra todos. Demonstrando coragem certeira. Em alguns momentos aos olhos do que o amavam, parecia um homem que não temia o sacrifício, obstinado, destemido. Pronto para o que fosse necessário. Com apenas um objetivo: vencer. A vitória era o combustível da vida.

Aos olhos dos que o odiavam era o símbolo de uma oligarquia. De uma força política que quer se perpetuar no poder. Que se articula da mesma forma que as velhas forças políticas sempre fizeram: com pressões, autoritarismo, exigindo a tal fidelidade canina. Seduzido com falsas promessas. É o velho travestido de novo, dizem.

Qual dos dois é o real?

O ser humano é cheio de matizes. Não dá para dizer se é um ou se é o outro. Ninguém é apenas de uma cor. Talvez ele seja os dois, o herói, o anti-herói, sem tantas tintas fortes. Nem maquiavélico, nem santo. Talvez ele seja apenas um homem que está buscando ir além da bondade e da maldade. Que quer fugir dos conceitos. Talvez nem a personagem saiba qual o papel que deve viver de fato...

Mas uma coisa é certa. Este homem foi colocado pelo destino numa posição privilegiada: para servir de paradigma do certo, do errado, do perdão, da luta e, acima de tudo, da percepção que é sempre possível recomeçar. Que nada nos pertence. Nada. Nem a verdade, nem o amor, nem o poder. Nada. Muito menos os favores de uma sociedade corroída pelo egoísmo, que clama pelo espetáculo.

O que ele fez de fato para ser amado e odiado? É difícil dizer, porque a história é contada pelos ganhadores, e muitas vezes, essa história é apenas um pedaço da verdade. E, francamente, não tenho condições de conhecê-la como um todo. Por isso, faça seu próprio julgamento e arque você com as conseqüências de seu juízo.

Não sou bom em dar conselhos e dizem os mais materialistas que se conselho fosse bom não se dava, se vendia...mas lá vai...

Seja o que for que venha a acontecer: siga transcendendo, siga transformado. Às vezes, na nossa estrada, somos metidos numa máquina de desconstrução, de dissolução, onde o destino parece que quer moer nossa vida e por mais que pareça próxima a vitória, ela fica distante.

Talvez queiram dizer que a vitória é outra. Que a vitória pode até vir, mas não será nossa. Parece que o destino quer mandar um recado: tem a ver com conseguir realizar uma mudança, trazer um pouco mais daquela parte de você que anda esquecida à tona, a melhor parte. Aquela parte que fala quando você fecha os olhos e pensa: o mundo permanece, mesmo que eu não esteja nele.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A PEC 300 e o novo fôlego na campanha de Maranhão

Apesar do último debate ter caído como um bomba em parte da militância do governador José Maranhão (PMDB), é inegável que há um novo alento na campanha peemedebista.

Alguns fatores são responsáveis por essa nova arrancada: entre elas a principal é a propostas de aumento para policiais militares, civis e Corpo de Bombeiros, inclusive para aposentados e inativos, a chamada PEC 300, e o aumento para os servidores estaduais.

O protocolo de entrega da ‘PEC 300’, foi acompanhado por vários policias em frente a Assembléia Legislativa (AL). Contabiliza-se cerca de 68 mil votos dessa categoria – esses foram os votos dados ao deputado federal Major Fábio (DEM) em sua campanha à reeleição. Entre os PMs a satisfação é evidente e há sim um sentimento de agradecimento ao governo do estado pela iniciativa. A apreciação pela AL do projeto dá a certeza, antes de tudo, que seja qual for o governo que venha a assumir no dia primeiro de janeiro, a categoria teria garantido seu aumento.

Conversei com um comandante de batalhão e ele me afirmou que é possível sim que o governador Maranhão tenha dividendos eleitorais com a medida. Esses dividendos, por si só, já podem garantir uma vitória.

Vale lembrar que Ricardo ganhou o primeiro turno por menos de 10 mil votos. Assim, mesmo contando com mais adesões de eleitores a sua campanha e adesões de eleitores que se abstiveram por considerar a campanha ganha por Maranhão no primeiro turno, como indicavam as pesquisas, não seria de bom tom o 'Mago' cantar vitória. Mesmo que a última pesquisa indique uma diferença pró-Ricardo Coutinho de cerca de 100 mil votos. Sabemos que as pesquisas no estado não são confiáveis. Nada está garantido.

Na verdade, é admissível conjecturar que os eleitores de Maranhão no primeiro turno, que também já acreditavam numa vitória, e se abstiveram, também venham a votar, agora para ajudar o governador a vencer o pleito. A disputa é difícil e ninguém pensa numa vitória de larga expressão.

Mas voltando a campanha peemedebista. Outro ponto favorável ao governador José Maranhão são as propostas estruturantes como o Porto de Águas Profundas e a interligação da malha ferroviária do estado com a Transnordestina. Há ainda a proposta do metrô de superfície, a ser implantado na região metropolitana de João Pessoa. Essas promessas, principalmente a duas primeiras, têm reverberado no eleitorado.

Ricardo Coutinho afirma que a as idéias – tanto do porto quanto da malha ferroviária –são grandiosas e dispendiosas demais e o Porto de Cabedelo pode ser melhor aproveitado para escoar a produção do estado.

Em resposta a isso, em seu Guia eleitoral, o governador tem afirmado que Ricardo Coutinho (PSB) é contrário a idéia do Porto de Águas Profundas por influência do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que não quer a concorrência com o porto de Suape. Maranhão anda ressuscitando a velha rixa entre os dois estados, o que não deixa de ser uma boa jogada de marketing.

Um outro fator que tem ajudado na campanha de Maranhão vem dos estados do Rio de Janeiro e do Maranhão, na forma do socorro financeiro dos colegas de partido, Sérgio Cabral e Roseana Sarney. A ajuda vem em boa hora e tem servido para ampliar o alcance de carros de som, santinhos e adesivos no segundo turno. Além de reforço para colocar em movimento a máquina da campanha.

O governador também tem encarado com valentia os debates nas TVs – já participou de dois, o da Clube e da Correio – e, ao contrário que muitos afirmavam, tem conseguido se sair até bem. No primeiro debate a onda de acusações de lado a lado foram tantas que a impressão é que ninguém ganhou, deu empate, e isso, para mim, significa vitória de Maranhão, já que é ponto pacífico que em frente a uma televisão Ricardo é melhor.

No debate da Clube Maranhão conseguiu se mostrar mais a vontade e preparado, enquanto Coutinho aparentava um nervosismo insuspeito. Conclusão: Qualquer clima de confusão nos debates tende a ajudar o candidato do PMDB e dissolver os ataques – normalmente muito bem feitos – de Coutinho. Não que as acusações entre ambos os candidatos não surtam efeito. O problema é quando elas são generalizadas, e não têm um respaldo factual claro. Fica parecendo apenas briga de opinião. Nem sempre dá para perceber onde está a razão.

No segundo debate, o da Correio, Maranhão até estava conseguido uma boa performance, mas sofreu com o fogo amigo nos quesitos do contrato da SP Alimentação com o Corpo de Bombeiros e na menção ao Prêmio Lindoarte Noronha. Essas deixas foram muito bem utilizadas pelo ex-alcaide da Prefeitura de João Pessoa.

Em relação aos dois guias eleitorais, ambos estão impecáveis, investindo em propostas e mostrando dois programas distintos de governo, Maranhão com propostas macro para a Paraíba, com obras portentosas como barragens, Porto de Águas Profundas, ferrovia para escoar a produção, metrô, construção de 50 mil casas e 422 salas de aula. Iniciativas que podem alavancar a economia do estado.

As idéias de Ricardo vão noutro foco. Estão em iniciativas mais pontuais, como o Empreender Paraíba, nos moldes do que é feito em João Pessoa, para o micro empresário. Construção e ou aparelhamento de maternidades em todo o estado, construção de 40 mil moradias, décimo terceiro do Bolsa Família, incentivo à agricultura familiar, comprando diretamente do agricultor estadual para abastecer a merenda escolar e um programa ambicioso para a disseminação da cultura em todo o estado. Iniciativas que também podem alastrar o desenvolvimento.

São duas formas diferentes de ver a Paraíba. Nenhuma das duas é ruim, mas cabe ao eleitor decidir em qual delas ele quer apostar.

O Debate, capítulo a parte
- É inegável que nos debates o governador José Maranhão tem conseguido se superar. Alguns afirmam que o peemedebista contratou o auxílio de uma fonoaudióloga para lhe ajudar no trato com a televisão. Não sei se isso é verdade, mas se for, não há nenhum demérito nisso. Pelo contrário, mostra a disposição de um homem de 74 anos de reformatar-se e modernizar seu discurso para atingir mais pessoas por acreditar que ele é a melhor opção para o cargo. De qualquer forma, com fonoaudióloga ou não, o governador tem conseguido melhorar seu desempenho a olhos vistos e merece parabéns.

Enquanto isso, Ricardo Coutinho tem conseguido, com mais sucesso no último debate da Correio, reverter os embates a seu favor de forma casuística, sem partir para um enfrentamento realmente ofensivo ou humilhante. A estratégia passa a idéia de um gestor ativo e moralista até, mas ao mesmo tempo tira a idéia de uma disputa pessoal.

Acredito que Maranhão não aposta apenas na sua melhora quando vai aos debates, mas também em algum escorregão de Coutinho. Afinal, a autoconfiança nesses casos pode ser um fator negativo.

Adesões e a campanha - Em João Pessoa as coisas continuam calmas. Bem, é verdade que as manifestações pró-Ricardo têm sido mais claras. A aposta é saber se Veneziano, Vitalzinho, Wilson Santiago, Manoel Júnior e Wellington Roberto vão ter o fôlego e a força necessárias para melhorar o quadro em Campina Grande e no interior. Algo difícil em tão pouco tempo, mas não impossível ainda por cima com uma campanha tão bem construída em suas propostas.

O PMDB ainda aposta muito no alto nível de abstenções no estado - as abstenções somaram 506 mil votos (18,48%), os nulos 237 mil votos (10,63%) e os em branco 101 mil (4,53%).

Mas as adesões para Ricardo também têm sido grandes – entre as maiores estrelas está o prefeito de Santa Rita, Marcus Odilon, e seu filho, Quinto de Santa Rita, ambos ex-PMDB.

Ainda pesa sobre Ricardo a campanha feita via internet o associando a pactos demoníacos e ateísmo. Coutinho parece que conseguiu reverter essa imagem negativa, ao fazer um guia abordando o tema diretamente e expressando sua religiosidade, mas pode ter havido estrago no interior, principalmente entre as pessoas mais humildes. Para calar de vez com os boatos, Coutinho também passou a inserir o nome de Deus em seus discursos.

Sim, outra coisa, já notaram que nenhum dos dois candidatos tocou mais no nome de Dilma ou Lula nos seus respectivos guias?

Sei não, a campanha está complicada. É claro que Coutinho tem vantagens, mas tudo pode acontecer... A próxima semana será decisiva.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Capitão Nascimento: o mais novo niilista do BOPE


O filme Tropa de Elite 2 conseguiu uma façanha. Ele é melhor que o anterior – estima-se que o primeiro Tropa foi visto por 11 milhões de pessoas em todo o Brasil.

Tropa de Elite 2 não é melhor só porque coloca para pensar e abandona sua ótica fascista de limpeza étnica – é impossível não admitir que há um quê de fascista no filme, quando incita no telespectador à violência ao explicitar a própria violência. Entendo que o diretor José Padilha não tinha a intenção de atingir esse alvo. Mas atingia, bastava ver a reação na platéia.

Só para lembrar. No primeiro filme os bandidos eram policiais corruptos ou marginais do morro. Estes recebiam com a mais cândida desfaçatez dos policias do BOPE a sentença da morte. Verdadeiros ‘heróis’ truculentos a lá Sylvester Stallone comandados pelo Capitão Nascimento, personagem vivido por Wagner Moura. Para Nascimento, bandido bom era bandido morto.

No primeiro Tropa, ainda havia espaço para outros tipos de bandidos: os ‘filhinhos de papai’ que subiam o morro para montar Organizações Não Governamentais (Ongs) e que acabavam servindo ao tráfico, ou estudantes que discutiam a dialética da violência do estado e não se preocupavam se suas baforadas de maconha serviam para alimentar o tráfico. Para alguns desses estudantes, o traficante, o bandido, ainda podia ser idealizado com um sujeito à margem do sistema, e por isso também com uma certa aura de herói.

O filme, de 2007, apesar da violência quase absurda, ainda guardava tempo para fazer humor e drama e aí surgiram bordões impagáveis como ‘pede para sair’, ‘o senhor é um fanfarrão’ ‘tu é moleque’, ‘pega a vassoura’.

Agora, o segundo Tropa de Elite, abandona o humor quase por inteiro – lembro apenas de um bordão interessante: ‘quer me foder, então me dá um beijo na boca'. O filme muda o foco dos bandidos do morro. Vai ao que interessa de fato: os bandidos de ‘colarinho branco’. Aqueles que ficam sentados atrás de gabinetes e muitas vezes aparecem nas colunas sociais ou nas páginas políticas.

O filme segue os dias de Capitão Nascimento, após quase quinze anos da primeira história. Nascimento agora está separado da esposa e tem o filho no inicio da adolescência, é Tenente-coronel e já não está mais nas ruas. A esposa casou-se novamente, infelizmente, para ele, com seu arquiinimigo, um ativista dos direitos humanos: Diogo Fraga, interpretado por Irandhir Santos. Quem está nas operações de rua é o Capitão Matias (André Ramiro), que já não é mais o ingênuo aluno do início da história do BOPE e de Nascimento.

Mas vamos à ação. Depois de uma operação mal sucedida, para os direitos humanos, onde o BOPE entra no presídio Bangu I, no Rio, e acaba fulminando algumas peças medonhas do tráfico na presença de Diogo Fraga, o governador do Rio de Janeiro – há uma leve menção, algo longínquo, ao Leonel Brizola, me disseram – é obrigado a rebaixar Ramiro, retirando-o do BOPE e o incorporando a um batalhão da PM – um dos mais corruptos, diga-se de passagem – comandado por Fábio (Milhem Cortaz).

Mas ao invés de demitir Nascimento – a estrela maior da corporação – o governador se vê na obrigação de promovê-lo. O Capitão se torna subsecretário de Segurança Pública do Rio. Também usufruindo os louros da operação, o ativista Fraga consegue se eleger para a Assembléia Legislativa do Rio e entra na política partidária.

Com Nascimento na Subsecretaria, o BOPE recebe atenção especial, com novos carros, mais homens e armamentos. As ações são intensificadas e muitos bandidos vêem seus negócios serem drasticamente diminuídos. A investida começa a atrapalhar os negócios da polícia corrupta – que tem na sua ponta de lança Russo (Sandro Rocha). Mas não demora muito esses policiais corruptos descobrem um novo negócio. Ao invés de extorquir do narcotráfico passam a fazer a segurança particular nos bairros. As vítimas agora são os comerciantes. Surgem aí as milícias clandestinas com apoio de políticos, em troca de votos.

O tempo passa. Anos depois teremos a precipitação do confronto entre o herói Nascimento contra o sistema podre que tem seus tentáculos no Estado.

O roteiro (do próprio José Padilha e Bráulio Mantovani) está enxutíssimo e mantém a tensão e a atenção do filme, ainda que haja uma certa quebra na história. Afinal, Tropa 2 tem um outro tempo. A montagem de Daniel Rezende mantém a força do longa e lembra em alguns momentos ‘Cidade de Deus’, talvez por recorrer tanto ao diálogo com a câmera e a narração em off, que interfere na própria imagem. O filme também usa o recurso de recontar uma cena que já foi mostrada de forma diferente, artifício utilizado em ‘Cidade...’

Wagner Moura está excelente e constrói um herói que se corrói por dentro ao sentir que perde a luta pelo amor do filho Rafael (Pedro Van-Held), que se aproxima cada vez mais do padrasto Fraga. Ao mesmo tempo Nascimento sente que perde a luta contra a corrupção.

Tropa de Elite 2 reflete essa questão: qual o tipo de arma deve ser usada para combater a corrupção e a bandidagem. Aponta dois caminhos: o político e a força bruta militar. Olhando por esse lado também pode ser um paráfrase dos regimes militar e civil construídos no Brasil e do glamoroso fracasso de ambos em instituir uma ordem mínima.

O longa de Padilha desnuda a desesperança, ao contrário do anterior, que raspava na barbárie truculenta do BOPE como solução para o tráfico e para o desespero da violência na metrópole. Desta vez, o diretor revela um pouco mais do que pensa. O filme é quase um manifesto ao niilismo. Um beco sem saída do cidadão comum que se sente emparedado entre políticos e instituições governamentais e polícia. Todos, ou quase todos, podres.

Tropa de Elite 2 revela instituições viciadas no enriquecimento ilícito ou na overdose do poder. No seu niilismo lembra os filmes de Sérgio Bianchi: ‘Vale quanto pesa ou é de graça?’ e ‘Politicamente Incorreto’. É a tradução de uma realidade que está cada vez mais impossível de suportar. Imperdível.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O voto do ódio e a religião

A religião anda dando as caras nas eleições desse ano. Da pior forma possível.

Em João Pessoa circula em e-mail anônimo, e em alguns blogs, que afirma que o candidato Ricardo Coutinho (PSB) é ateu e fez um pacto com o dito cujo. O socialista teria construído também sete monumentos na capital para celebrar essa força. O e-mail ainda diz que o pacto teria sido feito através de uma mãe de santo. O sete seria uma referência a um número cabalístico. Como todos sabem, afirma o tal e-mail, a Cabala é a interpretação equivocada, porque demoníaca, dos textos da Bíblia.

Em escala nacional tem sido a candidata Dilma Rousseff a atingida. As igrejas católicas e protestantes têm orientado seus fieis para não votarem na petista. Alguns pastores e padres em suas preleções afirmam que a candidata é a favor do aborto, do casamento gay – há um e-mail que diz que Dilma teve um caso com uma mulher durante 15 anos. E, além disso, também é ateia.

Nunca vi tanta baboseira e preconceito juntos!

E José Serra perde muito da sua credibilidade como político ao usufruir dessa campanha e não deixar claro que ele não pactua com essas idéias tortas.

Bem, antes de qualquer coisa. Não é salutar quando religião e política se misturam. Não em nossa sociedade atual. Os exemplos claros recentes são o oriente médio e seus estados totalitaristas. O inverso também não é positivo: os estados comunistas e o cerceamento de religião. O radicalismo tanto de esquerda quanto de direita são retrocessos dos quais não se tem nenhuma saudade, definitivamente.

A religião também já mandou no mundo e fez surgir fogueiras para queimar as mulheres. As mulheres não podiam pensar diferente que seriam tachadas de bruxas. Essa era a época em que qualquer peste era um sinal do demônio. E essas fogueiras eram erigidas sempre visando interesses particulares, políticos e econômicos. A Igreja e o Estado comandavam o circo, mandando matar os ‘enviados do demônio’ e se apossando de seus bens.



A população era manipulada, e ainda é, pela religião que mantém seus palácios folheados a ouro em Roma. A mesma religião que defende que não se use camisinha, mesmo com risco de pegar AIDS, e fala da abstinência sexual como forma de prevenção das doenças e das altas taxas de natalidade infantil. A população é manipulada por uma religião eivada de escândalos de pedofilia – ela passou anos tentando escondê-los, enquanto milhares de crianças eram consideradas elas as pervertidas. Enquanto isso, seus padres, pastores, bispos, eram promovidos...

Foi a religião quem disse que os negros não tinham alma e os condenou a anos de escravidão. Mais uma vez aí estava o interesse econômico. Foi a religião que foi utilizada por Adolf Hitler para subjugar os judeus (os assassinos de Cristo, diziam) e lhes roubar jóias, dinheiro, casas, carros, móveis, cabelos, dentes, roupas e a vida.

As pessoas têm o direito de não acreditar nas religiões ou não professá-las e isso não significa que elas não acreditam no Absoluto. Significa apenas que elas não se encontraram nos caminhos oferecidos pelas religiões. E ainda que não acreditem em D'us, ser ou não ser ateu não significa ser mal, assim como ser ou não ser religioso, um fervoroso e assíduo freqüentador de templos e igrejas, não significa ser bom. Conheço ateus que são muito mais cristãos que aqueles que batem no peito a sua fé em praça pública, mas no final das contas são larápios contumazes ou hipócritas.

Sobre o aborto, concordo com o Ciro Gomes (PSB) que diz que a opinião de Dilma e de Serra são idênticas. Os dois são contra o aborto, e pensam na questão como males de saúde pública. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde, entre 729 mil e 1,25 milhão de mulheres se submetem ao procedimento anualmente no Brasil. Destas, pelo menos 250 morrem. Quando não morrem, por vezes essas mulheres acabam com sequelas irreversíveis. Algumas colocam produto químico ou objeto metálico no útero para abortar. A chance de infecção e perfuração é muito grande, 1/3 de quem tenta abortar acaba procurando ajuda no hospital. São esses números que fazem com que o assunto na campanha do jeito que está se torne melancólico.

Em relação a Ricardo Coutinho e os monumentos. Primeiro o monumento ‘O porteiro do inferno’ não é da gestão de Coutinho. Foi construído na gestão de Pedro Gondim. O nome ‘Porteiro do Inferno’ refere-se a mitologia grega. Existe um outro monumento em Mangabeira que lembra um Obelisco, com uma cruz no cume. Vale a ressalva que em João Pessoa já tem um obelisco: na Praça da Independência, e existem vários obeliscos no mundo, a exemplo de Paris, Washington, Buenos Aires, Cairo, etc. Mesmo que a obra não seja um Obelisco, tem uma cruz... e desculpa aí, mas dizer que a cruz pode ser um símbolo maléfico é o fim da picada.

Há também o monumento à Ariano Suassuna, esse é feio que dói. Mas fora isso, não tem contra indicação. É inspirado no Movimento Armorial idealizado por Suassuna que resgata a aspectos da cultura popular. Por isso está cheio de carrancas e tem esse visual meio de totem.



Sobre o sete ser um número cabalístico. É verdade. Porque foi no sétimo dia que D'us descansou e disse ao homem para lembrar. ‘Lembra do sábado’. Assim, o sete é o número da lembrança do propósito do homem na terra. Do porquê Ele nos criou. E desculpem os leigos que querem jogar na fogueira a milenar Cabala, repassada por Moises aos seus próprios discípulos. A Cabala, ou Kabalah, não é a interpretação demoníaca da Bíblia. È a interpretação de grandes rabis – mestre judeus – da palavra de D’us.

A Cabala fala do retorno do homem ao seu Criador. Ensina essa caminhada. Ela entende que os textos sagrados não devem ser tomados de forma literal. Para a Cabala, D’us espera de nós muito mais do que apenas seguir ordens cegamente. Ele quer que nós reencontremos a semelhança divina. E essa semelhança jamais será alcançada por vaquinhas de presépio.

Devemos realmente ter cuidado com o mal. O mal que anda nas cabeças e nas bocas daqueles que o buscam insistentemente. Acreditam nele e lhe dão força. Afinal, quem procura acha e passar a viver nessa companhia. Caros amigos, há coisas melhores para fazer do que estimular o ódio religioso. O ódio só alimenta a si mesmo e esse não é o Caminho deixado e ensinado por Cristo.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Porque Serra está rindo à toa


Dilma Rousseff (PT) teve cerca de 14 mil votos a mais que José Serra (PSDB), mas, ao contrário do que previam as pesquisas de opinião, o tucano não foi tão mal nas urnas. Teve o mesmo resultado dado a ele no segundo turno de 2002 na disputa contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Entretanto, a oposição chegou mais longe com Alckmin em 2006. O tucano, conhecido como ‘picolé de chuchu’, teve 39 milhões de votos no primeiro turno. Ainda que no segundo turno Alckmin tenha emagrecido. Ficou apenas com 37 milhões, contra 58 milhões de Lula.

Mas Serra leva uma vantagem significativa neste ano, o seu opositor, apesar de contar com a presença de Lula, não é Lula, é Dilma Rousseff. Uma ilustre desconhecida do grande público. OK. Agora todo mundo já sabe quem é ela: é a ‘mulher de Lula’, como frisam a maioria dos que votaram na mineira. Dilma recebeu 47 milhões de votos de um povo apaixonado pelo seu presidente. Para abocanhar os votos restantes e ganhar a eleição, Dilma terá a seu favor o ‘voto útil’ de muita gente que não quer ver o projeto ‘neoliberal do PSDB/DEM’ outra vez no poder, apesar de torcer o nariz para os aloprados do PT.

Não foi esse um dos motivos que fez muita gente votar em Marina? Um dos problemas de Dilma é que ela não mostrou durante a campanha nenhuma personalidade. Era quase um boneco manipulado por um ventríloquo.

Nas últimas semanas da campanha do primeiro turno os simpatizantes de Serra apelaram para todo tipo de boato pela internet: desde dizer que Dilma teria dito que nem Jesus lhe impediria ganhar, até espalhar histórias de uma pretensa homossexualidade da ex-ministra. Outro tema jogado na mídia foi à posição favorável ao aborto do programa do Partido dos Trabalhadores (PT). Histórias indigestas para uma população predominantemente cristã.

Também espalharam uma previsão de que ela morreria de câncer e o país ficaria a cargo de Michel Temer (PMDB) e José Sarney (PMDB) (Ui!). Muito terror em jogo hein?!

Por conta dessas histórias existe uma animosidade entre os eleitores de Marina – muitos deles católicos e evangélicos – que já assimilaram esses boatos como verdadeiros. O estrago está feito.

Enquanto isso, outros eleitores de Lula se questionam se Dilma está realmente preparada para comandar o país. E toda a blindagem da ministra só contribuiu para aumentar a dúvida. O grande problema de Dilma é que ela está numa camisa de força. Não diz nada fora do script. Não pode dar um passo fora e fica o tempo todo à sombra de Lula. Isso deu espaço para uma dúvida: talvez a ex-ministra não tenha a capacidade de administrar o país com todas as suas complexidades que vão muito além do Plano de Aceleração do Crescimento.

Na verdade, no final das contas, a eleição de 31 de outubro será a escolha entre duas personalidades que representam o mesmo – ainda que tenham projetos de governo diferentes. Tanto Dilma quanto Serra são centralizadores, bons gestores, mau-humorados, lutaram – cada qual a sua forma – durante a ditadura, são grossos, não têm empatia, e têm pouco jogo de cintura. O Serra tem mais experiência política e isso lhe dá uma certa vantagem nesse quesito. Mas a Dilma conhece a máquina do governo como ninguém. Empate.

Pesa em Dilma, muito mais do que em Serra, toda a máscara que ela precisa vestir para lidar com o público. Convenhamos, é difícil ser natural tentando pensar a todo instante que não pode ser direta, não pode aparentar antipatia, não pode ser grossa, não pode parecer autoritária. Por isso, o discurso dela parece tão desarticulado.

Tive a oportunidade de ver a Dilma em ação enquanto ainda era ministra. Ela não tem nenhum problema para responder de forma articulada. Mas seu estilo é mais seco e isso pode assustar os mais sensíveis. Agora, Dilma terá que convencer o eleitorado que é a melhor escolha e que se sustenta sem a presença de Lula. E é evidente que Serra irá explorar as fraquezas da candidata nos debates. Não duvido que questões tipo: Como alguém que quer ser presidente do Brasil não sabe escolher alguém para ser seu braço direito (Erenice Guerra)? A mudança de opinião sobre o aborto – sei que Dilma não mudou de opinião, mas também não deixou isso claro para o eleitorado. Serra vai explorar a antipatia de Dilma, talvez a doença, a Dilma guerrilheira, um possível ateísmo. Pode vir mais jogo sujo por aí.

Sinceramente, o tucano está numa posição mais confortável. Pelo que significam os votos de Marina, deve mesmo estar rindo a tua. Afinal, conseguiu uma sobrevida política e chances reais de virar o jogo. Ele só tem um obstáculo real – por enquanto, já que ninguém viu ainda Dilma em ação – o presidente Lula. O pernambucano tem se mostrado um cabo eleitoral excepcional. E apelar para o emocional – tipo a peça de marketing Dilma mãe e Lula pai – vai acertar muitos eleitores na região baixa.

Outro problema de Dilma é a desmobilização na maioria dos estados onde não haverá segundo turno – só três no Nordeste, reduto eleitoral da petista, vão manter a disputa. A região é o fiel da balança para Dilma. Mas vale a ressalva: os votos em Marina no Nordeste foram muitos... Marina ganhou em Maceió e Sergipe, tirou segundo lugar em Salvador, João Pessoa, Recife, Fortaleza, São Luiz, Teresina e Natal. Sei que são só capitais, mas também são os maiores colégios eleitorais de cada estado.

Ainda tem a fábrica interminável de escândalos do PT, que sempre pode surpreender. E a grande Imprensa completamente pró-Serra. Pode chover ataques constantes da Globo, Folha, Estadão, Veja... Sei não, mas para mim, Serra pode ganhar, realmente.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Segundo turno na PB: a difícil tarefa de Maranhão


Os peemedebista se questionam onde o governador José Maranhão (PMDB) errou nesta campanha. O guia no rádio e TV estava bom, bem melhor do que o de 2006. Talvez fosse um pouco oficial demais. Todavia, não acredito que isso fosse algum problema. O arco de alianças era vasto. A mídia era predominantemente a favor – não concordo com a crítica de Gilvan Freire (PMDB) a Lena Guimarães, acredito que ela fez exatamente o que se esperava dela, e, sob essa ótica, fez bem feito. Teve apenas um entrevero com a TV Master, mas isso foi resolvido pró-governo. E convenhamos, a TV Master não é nenhum show de audiência.

Para mim, a princípio, não há erro – talvez não comparecer ao último debate na TV Cabo Branco e aos debates em Campina Grande pode ter contribuído. Mas é fácil identificar que o governador fez uma matemática simples: eu perco mais votos se for ou se não for? Acho que ele estava correto, o número de defecções poderia ter sido maior indo aos debates e sendo detonado por todos os candidatos.

Já apontaram como bode expiatório a cara de poucos amigos do coordenador da campanha, Marcelo Weick, prontamente demitido. Também já se falou do trabalho insuficiente da turma de Campina Grande e até de traição em Santa Rita e Bayeux. Eu disse no post anterior que para mim Campina deu à Maranhão o que tinha. O resto não vota no peemedebista simplesmente porque ele cassou Cássio Cunha Lima (PSDB).
Se houve traição em Santa Rita e Bayeux, não sei, mas vale a pena lembrar que as duas cidades estão muito próximas de João Pessoa e recebem influência e vêem de perto a administração socialista na Capital. O que torna fácil para os cidadãos formarem sua própria opinião.

Talvez um erro seja que o governador tenha subestimado a disputa. Os peemedebistas contavam como certa a vitória no primeiro turno. A surpresa deles é tão genuína que custo a acreditar que tivessem alguma pista do que estava sendo traçado nas urnas. Acho que as pesquisas não mentiram só para a população, mas também para os próprios peemedebistas. É estranho que nas suas sondagens internas não houvesse essa indicação, até por assumirem no guia uma disputa renhida.

Agora, Maranhão luta por apoios, já conseguiu a adesão de Toinho do Sopão – deputado estadual que teve 41 mil votos só em João Pessoa, o restante foi na região metropolitana da Capital – e tenta convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a candidata Dilma Rousseff (PT) de virem á Paraíba.

Para mim Toinho do Sopão não transfere votos. Talvez um ou outro. O que pensar de um candidato que ostentou o apoio de Ricardo Coutinho (PSB) durante toda a sua eleição e muda de lado no segundo turno. O deputado se arrisca é a perder seu contingente eleitoral.

Em relação a Lula, a última coisa que Lula pretende fazer nesse momento é se indispor com o PSB de Eduardo Campos e Ciro Gomes, os dois, respectivamente, coordenadores regional e nacional da campanha de Dilma. Outra coisa, o PSB acabou de perder o Rio Grande do Norte para os Democratas. Eles pretendem investir com tudo na Paraíba e no Piauí, estados onde ainda disputam a eleição. Por isso a campanha vai ferver.

Os socialistas pensam da seguinte forma, o governador teve a chance de ganhar no primeiro turno com o apoio de Lula e não conseguiu. Agora, Maranhão estará sozinho e contra toda a estrutura que Eduardo Campos utilizou em Pernambuco para se eleger, que será montada em favor de RC.

Por enquanto, a estratégia do PMDB foi reformatar a coordenação de campanha, chamando puxadores de voto e políticos experientes (Wellington Roberto, Vitalzinho, Manoel Júnior, Veneziano e Wilson Santiago) para tocar o segundo turno. Concentrar atenções em Campina, Bayeux, Santa Rita e João Pessoa. Mudar a equipe que irá fazer o guia eleitoral.

São muitas mudanças, é verdade, que podem surtir efeito ou desagregar ainda mais a campanha.

Em Campina, o PMDB tentará colar a idéia de que Veneziano será o sucessor de Maranhão em 2014 e em João Pessoa irá reforçar a atenção nos votos nulos e nas abstenções (na verdade esse foco será uma ênfase para todo estado). Os peemedebistas acreditam que Maranhão foi prejudicado com o voto duplo para Senador. Segundo eles, muitos eleitores acabaram se enganando ou errando quando foram votar para governador. O esforço vale mesmo a pena já que as abstenções somaram 506 mil votos (18,48%), os nulos 237 mil votos (10,63%) e os em branco 101 mil (4,53%).

Contudo, do outro lado, Maranhão terá que enfrentar Cássio como coordenador da Campanha de RC. Desde que foi cassado o ex-governador tem apenas um projeto certo: defenestrar o peemedebista do Palácio da Redenção. Ele pretende se empenhar ao máximo nisso, não há dúvida. Há um outro fato: ao contrário dos maranhistas, os ricardistas estão muito mais confiantes agora e a militância será forte. Além disso, é mais fácil prever adesões para Ricardo do que para Maranhão nessa segunda empreitada. É necessário dinheiro para mover a campanha...

Ricardo também mudará o marketing da campanha, dispensou Duda Mendonça e repassou a batuta para a Mix, a mesma que fez a deliciosa propaganda eleitoral de Efraim Morais (DEM). Do lado de Maranhão quem deve comandar o guia é Anderson Pires, ex-Agência Signo Comunicação, ao que tudo indica. Será um embate interessante entre duas agências de publicidade da terrinha.

A campanha promete momentos fortes. Afinal, a diferença é pequena e o tempo é curto. Por isso, é possível que ao invés de discutir os programas de governo – que são diferentes e ambos interessantes – é possível que um ou outro candidato ceda a tentação de jogar lama no ventilador.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Ricardo e a revanche de Cássio ou o repeteco de 2006


Alguns podem dizer que eu estou exagerando, que Cássio Cunha Lima (PSDB) e Ricardo Coutinho (PSB) são personagens bem diferentes no cenário político paraibano. Concordo, mas que a eleição tem sabor de Déjà vu, isso tem.

Em 2006 os votos de Campina e João Pessoa se anularam e a disputa ficou no interior do estado, onde Cássio alavancou urnas principalmente nas cidades pequenas. A estratégia desse ano foi semelhante, com um adendo: a campanha de Ricardo investiria no interior junto com Cássio e Efraim. Cássio garantiria os votos de Campina e Ricardo os de João Pessoa.

Então, vejamos os votos de João Pessoa para Ricardo Coutinho. Em 2004, João Pessoa deu 215 mil votos a Ricardo Coutinho numa disputa contra o ex-secretário de governo de Cícero Lucena (PSDB), Ruy Carneiro (PSDB). Em 2008 foram 262 mil, Ricardo disputava o voto com um candidato sem expressão, o deputado João Gonçalves (PSDB).

Agora as eleições estaduais. Em 2006, Maranhão obteve na capital 190 mil votos, contra 132 mil de Cássio. Nesta eleição Maranhão ficou com 130 mil e Ricardo com 213 mil votos. Notem. Ricardo teve seu cabedal eleitoral normal numa disputa forte. A mesma da eleição de 2004.

Os votos de Ricardo permanecem os mesmos. Não houve nenhuma alteração. Digo mais, Esses votos são daqueles eleitores que não se importaram com as alianças de Ricardo com Efraim e Cássio, ou pelo menos já a assimilaram. Também daqueles que aprovaram a retirada dos camelôs e das barracas das calçadas, gostam das novas praças que a cidade recebeu e vêem sua administração com mais idéias e ações acertadas, do que erradas. E parece que não adianta dizer que RC é autoritário. Para esse grupo de pessoenses, enquanto houver resultados positivos o estilo autocrático do socialista será desculpado. Há um outro fator: JP acredita que está na hora de um candidato pessoense assumir o Palácio da Redenção. Também é um voto bairrista neste sentido. Mas não é só o bairrismo que move a capital. Esse é um sentimento que existe, mas não é o principal.

Caso a caso
- Voltando à comparação com 2006. É possível dizer que a performance de Ricardo foi comparável a de Cássio nas maiores cidades do estado. A mudança aconteceu apenas em Bayeux, onde se inverteu fortemente a tendência. Quer dizer, em Bayeux Ricardo foi mais bem votado que Cássio, talvez porque a cidade fique muito próxima da capital, seja quase um apêndice. Houve alguma alteração também em Santa Rita, mas Maranhão obteve praticamente a mesma votação. Todavia, Ricardo teve 4 mil votos a mais que Cássio em 2006.

Vamos aos números. Em 2006, Cássio recebeu em Bayeux 20 mil votos e Maranhão 28 mil. Neste ano, Ricardo ficou com 27 mil contra 21 mil de Maranhão. Em Santa Rita, Maranhão teve 30 mil votos e Cássio 24 mil em 2006. Neste ano, o governador obteve 29 mil e Ricardo 28 mil votos. Em Guarabira, a situação também foi um pouco alterada. Em 2006, Maranhão teve 16 mil votos, contra 11 mil de Cássio. Neste ano Maranhão ficou apenas com 14 mil contra 12 mil de Ricardo. Essas mudanças são interessantes e apontam uma penetração maior de RC no eleitorado que normalmente vota no PMDB. Nas demais cidades há pequenas oscilações para mais ou para menos, mas as votações seguem rigorosamente os números de 2006.

O voto a mais nos redutos de Maranhão, foram conquistas de Ricardo. O restante, repetem 2006 e apontam para outro lado. Posso estar enganado, mas é como se das urnas um voto de censura tenha sido dado à cassação do ex-governador Cássio Cunha Lima, isso também fica claro com a votação estrondosa dada a tucano para o Senado. Praticamente igual ao que recebeu em 2006 para o governo do estado. Naquele ano, Cássio obteve Um Milhão e Três Mil votos no segundo turno, e hoje Um Milhão e Quatro Mil, enquanto Maranhão ficava com 950 mil.

Entendam, são duas coisas: uma é João Pessoa que aposta numa outra direção para a gestão estadual e aponta Ricardo como sua opção. Outra, é o resto do estado (que tem Campina como ponta de lança) que censura as decisões da Justiça contra Cássio e quer rever a posição do estado.

Não quero dizer com isso que Ricardo não tem peso na decisão do eleitorado do interior, longe disso. Cássio é um bom articulista, mas não é possível vender candidatos ruins e RC está longe de ser uma 'mercadoria' difícil de engolir. Ele tem empatia, fez propostas pra lá de interessantes para os eleitores e já demonstrou que é um bom gestor. A administração socialista repercute otimamente no interior do estado.


Campina Grande
- Ainda podem dizer que o prefeito Veneziano Vital do Rego (PMDB) e o senador Vitalzinho (PMDB) fizeram pouco pelo governador. Mas será verdade tal afirmação? Tudo bem, em 2008, Veneziano ganhou uma eleição acirrada em Campina (116 mil votos, contra 109 mil de Rômulo Gouveia/PSDB). Mas, em 2006, Cássio ganhou em Campina Grande por 136 mil votos contra 63 mil do governador José Maranhão (PMDB).

Este ano, Maranhão melhorou sua performance (pifiamente, diga-se) para 68 mil, enquanto Ricardo ficava com 130 mil votos. Para mim, os números são coerentes.
Os campinenses quando instados a escolher entre dois candidatos de Campina, de grupos diferentes e fortes, se colocam exatamente divididos e o embate é difícil. Mas se o candidato é de fora do município tendem a seguir o ideário de que Campina vota em Campina. Por isso o voto em Cássio e Rômulo Gouveia. Ponto.

Acredito que o ‘Cabeludo’ fica nua situação difícil para pedir que votem em Maranhão e contra Cássio, significando o que Maranhão significa para a derrocada de Cássio.

Esse parece ser o troco dos campinenses ao governador que cassou o mandato de Cássio. Para mim esse revanchismo é claro. Um sinal mais do que evidente da rejeição do peemedebista nas searas da Borborema.

Parece que voltamos no tempo, ou tudo se precipitou estranhamente e agora, ao invés de Cássio, Maranhão tem dois personagens emblemáticos contra ele: o próprio Cássio e Ricardo Coutinho. A batalha no segundo turno será dura. Como diz uma amiga minha: de sangue...