quinta-feira, 27 de maio de 2010

Os Deuses da Mudança e a Meia-Idade


Normalmente, quando a meia-idade chega nos homens, muitos resolvem que o melhor é mudar de casamento e trocar a mulher de quarenta ou cinqüenta por duas de 20.

Garotas, só a título de informação: a crise da meia-idade acontece para a maioria das pessoas entre os 38 e 45 anos. Ela se repete novamente entre os 56 e 60 anos. Posso dizer para vocês: É foda! E não é com PH de Farmacia, nem dois ‘O’s de Cooperativa. É foda em latim arcaico!

Para quem não saca astrologia – também não sou nenhum expert, mas dou minhas tapas – é nesse época que os planetas lentos – os 'deuses da mudança' Plutão, Netuno e Urano - fazem picadinho do ego. E no meio de tudo isso, ainda tem Saturno, o cobrador, batendo na porta.

Mas além do desejo de querer mudar a relação por outra diferente, também aparece aquela sensaçao que nada dá certo. NADA DEU CERTO, NEM DARÁ.

Sobre as relações afetivas, fica aquela sensação que talvez seja melhor ficar assim... galinhando...A gente pode começar a acreditar, ou desconfiar, que as pessoas não foram criadas para viverem a dois. Mas essa sensação de impossibilidade avança também sobre outras áreas. A gente olha para o trabalho e pode pensar que ele não é o que se esperava. Lembra dos sonhos de criança e da juventude e fica com a impressão que eles ficaram pelo caminho. Olha para o mundo e só vê uma bagunça sem sentido...

Às vezes nada dá certo mesmo (em várias áreas) e muitos de nós escapam pelo sexo. Bem, não posso dizer que essa é a melhor saída, mas é a saída de vários moços quarentões, cinquentões, sessentões...

Claro que muitos homens que viveram uma relação de casamento duradoura, e sairam dela, acabam apostando noutra relação. Muito mais do que não querer ficarem soltos, simplesmente eles não conseguem ficar sem alguém que cuide deles. Não levem a mal meninas, nós somos muito filhinhos da mamãe. No final das contas, acho que um dos problemas é esse: os homens são criados para serem provedores, mas como tudo está mudando nessa sociedade, esses 'provedores' hoje estão se sentido perdidos e cada vez mais deprimidos, sem identidade...Mas esse é só um dos lados dessa história.

Esse momento é considerado um dos períodos cruciais da vida. Vale ressaltar que o termo meia-idade reflete exatamente isso. O período onde temos a percepção que estamos na metade da vida. É hora de fazer um balaço e de perceber que a gente não tem mais o mesmo gás de antes para começar tudo de novo. Perceber que se não conseguiu fazer até agora o que tinha se proposto com 20, é melhor ajustar o foco, para evitar frustrações e depressões futuras.

É a hora de fazer um cálculo frio: se até agora eu não cheguei onde eu queria chegar, eu não alcancei o que queria alcançar, é improvável que consiga, exatamente o que sonhei alcançar quando tinha 20, nos próximos 40 anos (se pensarmos que a vida vai até os 80, em média). A medida que o tempo passa o mercado de trabalho fica mais arisco, as relações afetivas ficam mais escassas, o sexo fica mais complicao. É preciso resolver uma série de pendências para chegar aos finalmentes e a gente costuma levar muitos problemas para a cama. Tem que ter cuidado para a hora não ficar parecendo uma masturbação, apenas um exercício para diminuir o estrsse. E ainda tem a tendência política, que nessa idade pode ir dando uma guinada à direita. Então, está na hora de sentar e pensar no que é possíve ser feito...

Não quero assustar os mais novos, nem ser pessimista com a classe masculina, mas o horizonte ficar meio turvo, é fato. Então, vamos por partes.

Breve histórico planetário - Para entender melhor quais as forças em jogo, é bom fazer uma visita aos livros de história clássica e mitológica desses deuses Greco-romanos - Plutão, Netuno, Urano e Saturno. Dá para fazer um paralelo do que nos acontece com a história e características desses deuses. Entendam, não é que eu acredite nos deuses gregos, mas aquelas histórias - pensem que são como arquétipos, mitos que ainda que não tenham existido de fato se repetem - acaba se refletindo de alguma forma na vida da gente. É dessa forma que eu entendo e tenho estudado. Assim sendo...

Plutão era conhecido como o deus do submundo, do mundo dos mortos. Era conhecido por usar um capacete que o tornava invisível. Segundo o mito, não havia ser vivo que conseguisse adentrar o mundo plutoniano e sair ileso. Há várias histórias mitológicas que dizem categoricamente: plutão é o ceifador.

Só para entender melhor essa inter-relação entre o mito e a nossa vida. Os antigos diziam que há sete portais no mundo subterrãneo – acredite, o nome inferno não surge aí porque o lugar era tranqüilo – e em cada portal o mortal, ou o morto, era obrigado a tirar uma peça de roupa, até se postar, completamente nu, em frente a Plutão. A redenção viria após o reconhecimento dessa força obscura. Era preciso curvar-se e admitir que não havia força que pudesse fazer frente ao deus.

Assim, transpondo essa história mitológica para os dias de hoje, é possível dizer que Plutão 'se encarrega' de nos fazer viver situações limites para que possamos rever padrões, valores e formas de vida. Muitas vezes coisas que nós nos achávamos incapazes de fazer, descobrimos que podemos vir a fazer. Para o bem e para o mal. Plutão prova que podemos ir além dos nossos limites.

Netuno é o deus dos mares. Também afeito a fúrias poderosas e devastações. Com as águas netunianas nada mais tem forma. Muitas vezes o mundo, a profissão, os amores perdem o sentido quando estamos sob a égide dos aspectos netunianos. Perdemos até a capacidade de entendimento do que nos acontece. Angústia, depressão, fuga, são palavras muitas vezes associadas a esses momentos. Na verdade Netuno não quer nada mais do que dissolver nossa percepção da realidade e nos obrigar a seguir em direção ao sentido da vida. Um sentido que muitas vezes requer que façamos alguns sacrifícios.

Urano é o apelo para o futuro. O raio. O deus que busca o diferente e o comum – no sentido de universal. É a inteligência superior. É capaz de nos arrancar de situações as quais estamos apegados ou acomodados para nos fazer ver a necessidade de passos desbravadores. Uma atitude nem sempre fácil de fazer, principalmente quando essas ações significam perda de algum tipo de segurança.

Por último, tem Saturno que passa dois anos cobrando, cobrando, cobrando. Do tipo: E aí, fez o que prometeu no nosso encontro passado? Cumpriu, alcançou, chegou, entendeu, construiu...?

São realmente anos que nos desafiam...Mas acreditem, há luz no fim do túnel - e não é um trem vindo na sua direção (rs). Esse período passa e vamos nos renovando. Chegamos do outro lado desses dias com mais gás, mais experiência e força total até para recomeçar, se for preciso. Mais seguros, focados e, quase sempre, profundamente transformados, normalmente para melhor. Claro, há aqueles que não conseguem fazer a virada, esses se enraizam na certeza que são o que são, não podem e não irão mudar. Venha tempestade, vá tempestade, furacões, terremotos, maremotos, nada vai alterar sua vida. Para esses um ensinamento chinês: 'As mais belas flores são aquelas que nascem na adversidade' e outro 'os caniços são flexíveis, se curvam nos ventos fortes. As árvores rígidas demais, se partem, ou vão ao chão'.

Abaixo uma música de Gilberto Gil para ajudar:
Tempo Rei

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Saber mentir é sinal de inteligência ?


Nos últimos dias me deparei uma notícia chocante produzida pela BBC. Esta cujo título nomeia este artigo. Abaixo um trecho da matéria.

A capacidade de uma criança pequena de contar mentiras é um sinal de inteligência, sugere um estudo feito no Canadá e divulgado pelos jornais britânicos The Times e Daily Mail nesta segunda-feira. Segundo os cientistas responsáveis pela pesquisa, os complexos processos mentais envolvidos na formulação de uma mentira são um indicador de que a criança atingiu um importante estágio no seu desenvolvimento, e algumas passam por essa mudança antes que outras.

O estudo, realizado pelo Instituto de Estudos da Criança da Universidade de Toronto, no Canadá, envolveu 1,2 mil crianças e jovens com idades entre dois e 17 anos. Apenas um quinto (20%) das crianças de dois anos avaliadas no estudo mostraram ser capazes de não falar a verdade. Já aos quatro anos, 90% das testadas mentiram.”.
A matéria finalizava dizendo: “Segundo os pesquisadores, pais mais severos ou uma educação religiosa não interferem na habilidade ou frequência de mentiras. Os cientistas também disseram que aparentemente não há relação entre saber contar mentiras logo cedo e desonestidade na vida adulta.
”.

Uma parte dos cientistas britânicos são exímios estudiosos de tolices. Parece que se divertem com isso. Mas essa inteligência advinda da mentira, para mim, é questionável. Entendo que para mentir os processos mentais envolvidos são complexos e isto aplicado à uma criança pode ser surpreendente. Entendo que somos inteligentes quando compreendemos que às vezes uma mentira causa menos mal que uma verdade.

Principalmente quando ela não prejudica ninguém e evita conflitos desnecessários.
Mas há conflitos que são necessários. Há verdades que precisam ser ditas e é neste momento que a mentira está associada à burrice, não à inteligência. Somos burros quando preferimos o caminho mais fácil da mentira. Estimulamos em nós o medo, a insegurança, o sentimento de falta de capacidade, os complexos de inferioridade.

A mentira desagrega nossa personalidade e nos afasta cada vez mais de uma inteireza unificadora. Veja bem, a pessoa que mente perde o fio da coerência e tem que gastar uma enorme energia para lembrar quais foram as versões que ele contou e para quem. Ainda que para isso o cidadão precise utilizar uma inteligência digna de psicopata, muitas vezes. É um esforço que serve apenas à desagregação.

Grandes estrategistas são inteligentes, é verdade, mas é preciso ter em mente qual a finalidade da estratégia. Afinal, a pessoa pode estar imbuída de imensos processos mentais que se mostraram, no futuro, completamente desnecessários. Todo o esforço serviu apenas para que ele acumulasse estresse, sofrimento e tristeza, em si, e em outras pessoas.

A inteligência está na honestidade, na clareza, na naturalidade, no amor. Basta um único argumento para frisar isso: Manter essas qualidades exige muito mais entendimento, compreensão, capacidade de agregação, do que contrário.

Afinal, manter a fé, a crença em si mesmo e na humanidade, a boa vontade, o pensamento positivo e se manter em constante busca pela verdade interior e exterior é muito mais desafiante. Ainda que, para muitos, aqueles que se aventuram por esse caminho nem conseguem muita coisa. Talvez seja verdade, muitos não têm lá seu carão do ano importado, nem uma mansão em Santa Tereza, mas são mais...leves e tranqüilos, estão em paz com a consciência, com a alma. Como diz aquela propaganda do cartão: tem coisas que não têm preço.

Não sou contra a mentira – não totalmente, sem falto moralismo – mas é preciso saber que a mentira não é um meio, nem um fim, apenas que ela pode ser usada em alguns momentos. Só isso. Éo contrário de dizer que ela deve ser usada. A mentira não deve ser um meio de vida.

Para relaxar um vídeo com uma música meio velhinha do Kitaro, um dos papas da New Age.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Apresentando: Nasrudin


Não vou postar essas na página Sabedoria, suspeito que poucos tem visitado o link. Mas vale a pena...para terminar a semana com humor.

Vale ressaltar: Ninguém sabe se Nasrudim de fato existiu ou não, mas sua fama é imensa. As histórias, a princípio anedóticas, são muito mais que engraçadas. Assim como as histórias da Kabalah, alguns dizem que têm quatro leituras (talvez nem todas).


Percebe o que quero dizer?

Nasrudin esparramava punhados de migalhas em volta de sua casa.
"O que você esta fazendo?", alguém perguntou.
"afugentando os tigres."
"Mas por aqui não há tigres!"
"Viu só como funciona?!"


Adivinha?


Um gaiato encontrou Nasrudin. Levava um ovo no bolso:"Diga-me. Mullá, você leva jeito para brincadeiras de adivinhação?"
"Algum", disse Nasrudin.
"Muito bem. Então me diga o que tenho no bolso."
"Dê ao menos uma pista."
"Tem a forma de um ovo, é amarelo e branco por dentro e parece um ovo."
"Algum tipo de bolo", disse Nasrudin.

Não é assim tão louco.

Nasrudin levou seu trigo ao moinho. Enquanto esperava sua vez de moê-lo, foi pegando punhados de trigo dos sacos dos outros e colocando-os no seu próprio saco. Ao percebê-lo, o moleiro perguntou:
"Escuta aqui, o que está fazendo?
" Nasrudin respondeu com indiferença: "É que eu sou louco. Faço o que me vem à cabeça."
"Se é assim, por que não pega o trigo que é seu e o distribui pelos sacos dos outros?"
"Meu caro", respondeu Nasrudin, "sou um louco comum. Se eu fizesse isso que você propõe, aí eu já seria um doido varrido."


O sermão de Nasrudin


Certo dia, os moradores do vilarejo quiseram pregar uma peça em Nasrudin. Já que era considerado uma espécie meio indefinível de homem santo, pediram-lhe para fazer um sermão na mesquita. Ele concordou. Chegado o tal dia, Nasrudin subiu ao púlpito e falou:
"Ó fiéis! Sabem o que vou lhes dizer?"
"Não, não sabemos", responderam em uníssono.
"Enquanto não saibam, não poderei falar nada. Gente muito ignorante, isso é o que vocês são. Assim não dá para começarmos o que quer que seja", disse o Mullá, profundamente indignado por aquele povo ignorante fazê-lo perder seu tempo. Desceu do púlpito e foi para casa.
Um tanto vexados, seguiram em comissão para, mais uma vez, pedir a Nasrudin fazer um sermão na sexta feira seguinte, dia de oração.
Nasrudin começou a pregação com a mesma pergunta de antes.
Desta vez, a congregação respondeu numa única voz: "Sim, sabemos."
"Neste caso", disse o Mullá, "não há porque prendê-los aqui por mais tempo. Podem ir embora." E voltou para casa.
Por fim, conseguiram persuadi-lo a realizar o sermão de sexta feira seguinte, que começou com a mesma pergunta de antes.
"Sabem ou não sabem?"
A congregação estava preparada.
"Alguns sabem, outros não."
"Excelente", disse Nasrudin, "então, aqueles que sabem transmitam seus conhecimentos àqueles que não sabem." E foi para casa.

PP, Ficha Lima, fantasmas: RC na oposição


Putz, esses dias têm sido difíceis para mim, mas talvez mais ainda para Ricardo Coutinho o candidato da oposição ao governo do estado da Paraíba. Para quem não é do estado, aqui o PSB faz aliança com PSDB e DEM.

Antes de qualquer coisa, preciso explicar-me. Alguns acham que sou pró-José Maranhão (PMDB), outros têm certeza que eu sou pró-Ricardo Coutinho (PSB). Não vou dizer em quem vou votar, mas posso garantir: aqui tento ser o mais imparcial possível, olhando para o que há de positivo e negativo nos dois candidatos. Acho que é o melhor que posso fazer pelos leitores. Se parecer que eu defendo em demasia alguns dos lados é porque vejo muita gente do lado contrário. A gente tem que dar um equilíbrio na balança (rs)...

Bem, as últimas notícias não parecem muito positivas para o ex-prefeito Ricardo Coutinho (PSB). Alguns tripudiam, dizendo: com quem tu andas ricardo!? Bobagem. Os mesmos que hoje tripudiam basta que os números melhorem para colocarem o babador. RC, isso é só uma má fase, passa, acredite. Continuo achando que os dois candidatos (ao governo do estado) são bons, apenas apontam para projetos distintos para o estado.

Vamos às notícias: Primeiro o PP não arreda o pé de indicar a vice e o próprio governador José Maranhão (PMDB) parece perigosamente próximo do partido, tanto é que surgiram boatos de que o peemedebista vai indicar Daniela Ribeiro para a sua vice. A loirinha anda cobiçada ou o partido tem valorizado o passe, difícil dizer.

Chegou-se a falar que Ricardo Coutinho vinha sonhando com a irmã de Aguinaldo Ribeiro na sua vice – é sabido que RC tem uma queda por mulheres loiras, coisa que jamais vou recriminar, afinal, a própria Marilyn Monroe é uma prova de que ‘os homens preferem as loiras’ .

Todavia, porém, conquanto, o ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB) insiste num nome do ‘clã’ Cunha Lima. O mais cotado seria Ivandro Cunha Lima (PSDB), um advogado de 80 anos. Ivandro, para mim, é uma escolha excelente para RC. O homem é tido como um político razoável (no trato) e conciliador, mas extremamente determinado e apegado a família. O último cargo de Ivandro, se não me engano, foi o de chefe da Casa Civil do primeiro governo de Cássio. Então, Ivandro é um homem forte dentro do PSDB e do grupo Cunha Lima para compor a chapa majoritária, mas não parece ser a pessoa, digamos, do gosto de RC.

Sabemos que Ricardo prefere estar mais livre e tendo Daniela Ribeiro na vice talvez considere uma tranqüilidade maior, até porque a verdade é que Ribeiro pretende (dizem) disputar a prefeitura de Campina Grande em 2012.

Para dificultar ainda mais a situação, o projeto Ficha Limpa foi aprovado no Congresso. Com a aprovação o estado foi tomado pela desconfiança que o ex-governador não poderá disputar uma vaga de senador. Essa notícia poderia derrubar as ambições de Ricardo, já que a força política de Cássio e a sua atuação na campanha têm peso – lembrem que do outro lado está o governador Maranhão amealhando cada vez mais apoios de prefeituras.

Minha opinião: O Ficha Limpa não será aplicado para estas eleições. Simplesmente porque os políticos detestam ir contra a opinião pública, mas não são bobos nem nada. Não vão cortar na própria carne assim de um dia para o outro, precisam se acostumar com a idéia e ver se não há formas de compensação. Além do mais, gente, é preciso tempo para digerir uma notícia dessas, tenham paciência com os nobres deputados (rs)...

Para mim fizeram um acordo onde todos ficarão bem na foto.

Além do Ficha Lima ainda tem o Efraim Morais com outro escândalo, o das nomeações fantasmas. Efraim está numa situação delicada com os holofotes da Imprensa. O tempo para ele começava a melhorar, depois de um período de exposição negativa com escândalos no Senado. A decisão – para mim acertadíssima – de se adiantar numa aliança com Ricardo e boas articulações políticas no estado para a campanha o colocavam como ponta de lança no processo da oposição. A situação começou a voltar a ficar delicada com aquela bobagem no CQC. Como disse, uma bobagem, mas que não contribui.

O senador precisa de exposição positiva urgentemente. Na verdade, primeiro explicar a situação dos fantasmas, depois deixar a poeira abaixar um pouco e partir para ações que lhe dêem outra visibilidade. Morais já demonstrou ter mais de sete fôlegos.

O senador ainda tem o deputado federal Efraim Filho que pode ser um suporte a mais. A boa atuação parlamentar do jovem democrata é um ótimo cartão de visitas - Efraim Filho parece ter uma boa relação com as redes sociais, principalmente o twitter. Bem, acho que Efraim pai, com certeza, saberá como contornar a situação.

No meio de tantas notícias controversas, uma boa: a nova pesquisa Vox Populi. Na pesquisa, apesar do governador aparecer na frente. O cenário mostra-se inalterado, ninguém avançou de fato, está tudo (avanços e retrocessos) na margem de erro. Isso é uma notícia boa para RC. Outra informação importante é que Coutinho aparece com a menor rejeição (17%) e Maranhão surge com (28%) de rejeição. Significa que dá para empatar trabalhando esse eleitorado.

Muita gente dentro do governo aposta na vitória líquida e certa de Maranhão. Contesto. O governador não se sai bem nos debates, suas equipes de campanha também não têm conseguido definir com clareza a imagem de um candidato que possa agradar àquela parcela eleitorado que ainda não ‘comprou’ a proposta do governador. A campanha televisiva e os debates serão o grande trunfo de Ricardo, que lida com muito mais desenvoltura nesses dois ambientes. Além disso ele continua tendo a administração de João Pessoa como vitrine.

Como já disse antes. A campanha ainda não começou e quando começar vai ser pesada... A preço de hoje o governador ganha, mas é preciso contabilizar que RC tem pouco acesso aos meios de comunicação no momento, isso quer dizer, o eleitor do estado ainda não conhece o candidato da oposição com clareza. Acredito que se a eleição estivesse ganha, o governador estaria com 60% das intenções de voto.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Mais Mafalda...Só para não perder o costume

Dá para trocar o Vietña pelo Iraque, Afeganistão... Irã



Questões de existência democrática





Questões de existência...





Eu gosto dos Beatles (muito), mas achei ótima a tirinha

terça-feira, 18 de maio de 2010

Lula e o Irã, a Globo e uma Imprensa torta

Faz algum tempo que estou querendo falar sobre a política externa do Brasil. Mas evito. O pessoal vai acabar dizendo que gosto de polemizar. Mas, confesso, não me contive ao ouvir e ler os comentaristas sobre o acordo conseguido por Lula junto ao presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad.

O cúmulo vi no dia 17/05 no Jornal da Globo, quando os apresentadores William Waack e Christiane Pelajo entrevistaram José Augusto Guilhon Albuquerque, professor de Relações Internacionais do Departamento de Economia da USP. Enquanto José Augusto dizia:

Eu acho que isso ( o acordo) atrapalha bastante. Pelo menos atrapalha o esforço que as Nações Unidas estão fazendo para colocar o programa nuclear do Irã dentro da Linha”. “E ainda joga a bola no campo de Israel. Agora, provavelmente, Israel terá que intervir”. “O acordo vai prejudicar as soluções diplomáticas e jogar isso para um campo militar. Eu acho que o Brasil não ganha nada com o acordo, o governo Lula ganha em exposição aparente, uma aparente vitória diplomática. Mas o que vimos na reação dos principais parceiros brasileiros da Europa ocidental é que houve um certo menoscabo da posição brasileira. A posição dos franceses é terrivelmente contra a pessoa do presidente. Nós jogamos fora um prestígio que o próprio presidente levou sete ou oito anos para construir numa jogada mal feita”.

Enquanto a entrevista ocorria (minúscula), fiquei olhando para o rosto do professor e me perguntando a quem ele servia de fato. Sempre me questiono assim, quando vejo posições defendidas de uma forma tão parcial.

Não é segredo que boa parte da grande Imprensa brasileira é pró-Serra e faz de tudo para desconstruir qualquer notícia que tenha um laivo de positivo a cerca do governo Lula, mas algumas vezes as tiradas são baixas... bem, os dois lados da moeda conseguem fazer lances baixos, isso é verdade. Só quero lembrar que Guilhon é autor de um livro sobre o Franco Montoro ('O legado de Franco Montoro' - Montoro foi governador de São Paulo de 83 a 87, pelo PSDB) e já deu algumas declarações depreciativas a cerca do governo Lula (uma busca rápida na internet comprova isso). Parece que o seu forte não é a isenção e no mínimo o professor tem um certo desconforto com o PT e com Lula, para dizer o mínimo.

Acho que ninguém precisa se questionar por que o Jornal da Globo escolheu o professor (uma escolha assim tão ao acaso) para falar sobre o tema.

Bem, a política externa brasileira não é nenhuma unanimidade. Entre seus lances há ações que podem dar sim calafrio nos mais tradicionais, como a proximidade com o presidente venezuelano Hugo Chavez (para mim um fanfarrão), com o presidente Hondurenho deposto Manuel Zelaya (pelo amor de Deus, aquela história na embaixada parecia história de terror, e o Zelaya não inspirava confiança). Além destes, ainda tem os afagos à Cuba e nenhum nota sobre a repressão popular na ilha, a aproximação com Muamar Kadafi e agora com Ahmadinejad, numa situação delicadíssima: o vespeiro do Oriente Médio, onde, de um lado estão os nada santos israelitas e do outro os satanizados palestinos, iranianos, iraquianos, jordanianos, libaneses, egípcios.

Putz, nunca vi tanta gente ruim junta, nem sei porque eles ficaram com tanto petróleo. Melhor seria explodi-los todos e ficar com a gasosa... (se vocês não perceberam isso é ironia...)

Ainda que nenhuma dessas pessoas acima inspire confiança em nossas cabeças ocidentalizadas e prefiramos os bem arrumados e belos Barack Obarma, os ingleses e os franceses, afinal, eles são mais civilizados. Vale ressaltar que é os Estados Unidos, a Rússia, França, Reino Unido, China, Índia e Paquistão e, mais recentemente a Coréia do Norte, que têm a bomba atômica. Assim como também, possivelmente, Israel. Comenta-se que no total, por debaixo dos panos, cerca de 40 países têm a bomba. Para AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), 39 países podem possuí-la. Mas o clubinho é fechado. Os grande não querem que ninguém mais entre.

Eu até concordo em não aumentar o clube, contanto que seja garantido que quando eles não concordarem com algo, não resolvam invadindo ou apontando uma bomba. Contato que a ONU possa ser realmente um organismo respeitado e obedecido. Sei que algumas vezes obrigar alguns países malcriados a voltarem à razão parece a única coisa a fazer... mas e quando quiserem nos invadir por algum motivo nebuloso, por alguma intenção nada clara, na verdade, quando eles quiserem fazer algo, mas alegarem outro motivo para chegar no que realmente querem. Digo, simplesmente, e quando for conosco... Vocês pensam que só pode acontecer no vizinho? Ah tá, somos do clube dos civilizados. Aquele tipo de gente que só mata por necessidade, só de vez em quando joga uma criança da janela ou mata um pacifista...

Antes que alguém pense errado. Não sou a favor da guerra. De qualquer guerra.

Todavia, a questão não é essa de fato. Para mim o que o Irã não tolera e questiona é o direito de alguns países de mandarem e desmandarem no globo, segundo suas intenções. Não podemos esquecer que hoje os Estados Unidos tem base militar em quase toda a Europa e ocupam o Afeganistão e o Iraque. È bom lembrar que derrubaram Saddam Hussein sob alegações falsas de que o país estava construindo armas de destruição em massa. Saddam tinha apenas bravatas e acabou sendo enforcado. É muito provável que Ahmadinejad seja um outro líder cheio de bravatas. Assim, apesar de não simpatizarmos com alguns desses líderes devemos sempre dar o benefício da dúvida, já que aparência e bravatas não deveriam guiar nosso julgamento. Melhor dizendo, nosso discernimento.

Voltando ao assunto diplomacia, e como a ação brasileira está sendo vista com reservas. O Cientista Político paraibano Jaldes Menezes foi muito feliz em sua observação num artigo publicado no Portal WSCOM Online. Uma parte do artigo transcrevo abaixo:

Sejamos claros, qualquer que fosse o acordo, até mesmo, por absurdo, a rendição do Irã, não interessa aos Estados Unidos (menos ainda a Israel) novos interlocutores diplomáticos no circuito geopolítico do Oriente Médio e da Ásia Menor, do mundo árabe e da nação persas, ambos de extração religiosa mulçumana.

Especificamente às relações entre os Estados Unidos e o Irã, há no passado remoto um divisor político emblemático não cicatrizado, ao contrário, exponenciado pela Revolução Xiita de 1979, comandada pelo Aiatolá Khomeini: foram os Estados Unidos que derrubaram o governo constitucional e nacionalista de Mohammed Mossadegh em 1953, tendo feito retornar a monarquia tirânica do Xá Reza Parlev. A operação do golpe de Estado de 1953 foi fundamental no sentido de acantonar os interesses de cobiça da principal região produtora mundial de petróleo no mundo, aliás, manifestos desde a Segunda Grande Guerra
”.

Então, como acreditar que alguma ação seria bem vista? Se a única ação boa para ‘os aliados’ vai além da rendição? Não podemos esquecer que o Irã faz parte – assim como a Venezuela e a Coreia do Norte – do triângulo do mal denominado por Bush pós 11 de setembro.

Para mim, a intervenção do Brasil é sim um fato novo. Muda as forças políticas? É uma tentativa de mostrar que as coisas podem correr de uma forma diferente e quem sabe encontrar outra saída para aquele vespeiro que não seja a repisada supremacia norte-americana e israelense. Muitos de nós tendem a pensar que dar mais força ao mundo muçulmano seria o mesmo que ver o inferno na terra. Será? Não digo que está tudo certo do lado de lá, pelo contrário. Mas não dá para dizer que está tudo certo do lado de cá.

O tema é complexo. Mas dizer que a diplomacia foi ingênua é uma tolice. Era claro que os diplomatas brasileiros sabiam o que ia acontecer em Teerã, assim como o EUA, a Russia, a França, todos sabiam. È um jogo de fingimento, a qual a Imprensa se presta a seguir os poderosos. Não esqueçam amigos: olhem quem está falando e se questionem, qual a intenção daquele que fala. Ainda há outra coisa: se for passional demais, tem algo estranho... pode parecer que a vida dele está em jogo. Talvez seja outra coisa em jogo, prestígio, poder, contra-cheque... algo mais umbilical.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Abaixo os diplomas! Avisem à ciência: a academia morreu



Quando eu era adolescente gostava de fazer algumas brincadeiras, entre elas, toda vez que mandava um cartão, depois das mensagens costumeiras eu tascava:

Deus salve todas as baleias lésbicas’.

Nada a ver com mulheres gordas. Era só uma brincadeira...uma forma de sair do lugar comum. Era uma forma do sair do esperado...

Mas o que eu tenho para falar não é nada sobre gênero... o assunto é outro:

A academia.

Relutei ao máximo em dar a mão a palmatória para a academia, a faculdade, a universidade, o meio acadêmico, até que não vi mais jeito e acabei cedendo. Não por considerar que a academia teria realmente algo para me ensinar, simplesmente porque a sociedade cobrava o diploma como aval de conhecimento. Mentira. Um diploma não prova nada, todos sabemos disso.

Há inúmeros médicos que são carniceiros, ignorantes e loucos com um diploma na mão. Se acreditando deuses e tratando mal seus pacientes, negligenciando e até cometendo atrocidades. Há inúmeros jornalistas sem ética e sem alma que escrevem mecanicamente e passam longe de qualquer olhar crítico sobre a realidade. O único olhar crítico é o das suas próprias necessidades, a necessidade dos seus bolsos. Assim mudam de partido, de ideologia, de opção, dependendo quem paga mais. E o pior é que nem dá para recriminar. A profissão é quase um beco sem saída...

Sei que maus profissionais há por todos os lados, assim como pessoas dignas e corretas, que tentam seguir o que acreditam. Não é este o problema, para mim o problema é a academia com sua visão torpe da realidade. Uma realidade envolta em livros empoeirados. Caros acadêmicos, os livros quando não se tornam prática, são apenas palavras mortas.

Na tradição oral, dentro da Kabalah, existem preceitos que devem ser seguidos, mas quando esses preceitos são realizados mecanicamente algo está errado. A Kabalah entende que aquela escola morreu. A verdade não está mais ali. Esse é o entendimento do ensino dentro dos portões das sociedades secretas. Essas sim universidades que tratam seus discípulos como livres pensadores, sem que estejam atrelados a nenhum dogma. Essa tradição do esoterismo – lembrem que a palavra esoterismo refere-se a formação interior, diferente de ezoterismo – consegue olhar para si mesma e dizer quando está morta. É uma dica para os seus seguidores.

A academia está morta a séculos, mas seus estudiosos continuam lidando com seu cadáver como se estivesse tratando com algo vivo.

E o pior é que esses estudiosos acreditam que pensam a realidade. Uma realidade que estranhamente apenas é repetida. Ninguém diz nada de novo, é só um exercício inútil de repetição para satisfazer os egos.

Já notaram que não se pode falar nada de novo na faculdade. Tudo lá precisa ser comprovado com outro estudo que já tenha dito algo parecido. Ficamos com a impressão que tudo não passa de ‘ventriloquismo’. Os novos estudiosos são macacos de imitação de outros estudiosos famosos que por sua vez se baseiam em outros estudiosos do passado... é dogma acadêmico: o factual. O fato, o empirismo.

Acho que a academia se perdeu em algum lugar do passado com seu excesso de empirismo e sua sede pelo fato. Caros, há afirmações que são verdade, mas que o fato não as alcança. Jamais alcançarão, porque nossos métodos científicos são estreitos demais.

Só para ilustrar: o pensamento existe, mas não pode ser tocado. Ninguém jamais abriu a mente para encontrar esse tal pensamento. A alma também existe, ainda que ninguém consiga vê-la – essa idéia do Eu que vai além do corpo físico, esse sentido de individualidade que está para além das orbitas dos olhos. Como prová-la?

Mas para a academia a alma e o corpo são uma coisa só. São o nome, os títulos, a função. Isso é o que são as pessoas.

Outro exemplo: O amor existe, mas também é invisível, assim como Deus. Entenderam? É difícil provar conceitos abstratos...

É triste, mas esse é o mundo que criamos. Um mundo cético, um mundo onde a ciência é o novo deus. O que ela diz é lei. Uma ciência envolta em seus próprios dogmas. Mas estamos encurralados, pois se não somos adeptos dos dogmas da ciência, estamos sujeitos a um mundo fundamentalista na religião. Uma religião envolta em seus próprios dogmas. Entendo que a verdade não é absoluta, apenas Deus é. E para conhecer está Verdade (Deus), ainda estamos muito longe...

Bem, Deus salve todas as baleias lésbicas... porque ninguém está nem aí... se é que me entendem...

E se você quer saber se sou contra ou a favor do diploma de jornalismo. Acho que para proteger a categoria seria melhor a regulamentação da profissão, porque sabemos como os patrões só querem um pezinho para soltar o chicote de feitor. Quando falo 'Abaixo o Diploma!' falo do sistema como um todo. Espero que tenha ficado claro...

Sim, outra coisa. É verdade: Só vim aprender a ser jornalista na redação, mas acredito que essa constatação só corrobora mais ainda as observações que estão acima...

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Marina Silva: uma evangélica light e a nação carbono

Como prometi, completado a série de perfis sobre os presidenciáveis, aí vai um pouco sobre Marina Silva


Durante um simpósio sobre criacionismo – aquela história de dizer que tudo aconteceu tal qual a Bíblia descreve -, Marina Silva foi entrevistada por um jornalista evangélico sobre o assunto. O rapaz perguntou o que ela achava do ensino do criacionismo em escolas confessionais que também ensinavam o evolucionismo. "A ciência se faz pela multiplicidade de olhares. Mesmo que você tenha uma visão criacionista, se você coloca claramente para as pessoas que há outra visão, a do evolucionismo, para que as pessoas tenham liberdade de escolha, não vejo demérito." E continuou: "O errado é se não formos capazes de ter uma educação plural, que seja capaz de mostrar os diferentes pontos de vista, para que as pessoas possam fazer suas escolhas”, disse.

Bastaram essas palavras para todos dizerem que a candidata é a favor do ensino do Criacionismo nas escolas. Questionada por que ela não diz logo que é contra o ensino obrigatório do criacionismo, Marina saiu-se: "O ensino religioso é optativo, e está previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação. É preciso treinar professores para ensinar o que é o budismo, o cristianismo, todas as crenças. É isso o que eu quero dizer", afirmou.

Aos 52 anos, Marina Silva (nascida Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima) tem uma trajetória de vida impressionante. Talvez até mais impressionante que a de Lula (outro Silva famoso).

A história de Marina começa com seu pai (o cearense Pedro Augustinho da Silva) que aos 19 anos, desembarcou no Acre com a promessa de melhorar de vida. Estabelecido no seringal Bagaço, a 70 quilômetros de Rio Branco, passou a trabalhar 16 horas por dia. Tirava três latas de leite de látex diariamente. Do que ganhava, tinha que dar metade ao dono do seringal e outros 20% ao gerente. Oito anos depois, mandou buscar a mãe e a noiva, Maria Augusta. Casaram-se e tiveram onze filhos; oito deles sobreviveram - sete mulheres e um homem.

Quando era criança Marina e as irmãs acordavam cedo e caminhavam 7 quilômetros com o pai até o seringal. Trabalhavam quase todos os dias. Marina sempre teve a saúde frágil - Aos 6 anos teve o sangue contaminado por mercúrio, o que quase lhe tiraria a vida quando adulta. Talvez parte dessa história de fragilidade na saúde tenha começado quando a rodovia BR-364 foi construída e trouxe à região a malária e o sarampo. Primeiro tios, primos e a avó de Marina morreram. Contudo, dentre os filhos, foi ela a que mais adoeceu. Até os 15 anos teve cinco malárias, uma leishmaniose e uma hepatite (já teve mais duas hepatites, depois dessa idade).

Perdeu a mãe aos 15 anos e como a irmã mais velha já estava casada, Marina passou a tomar conta da família. Foi nesta época também que a primeira hepatite a levou a ser internada na capital. Não voltou mais para casa. Depois do tratamento foi morar no convento das Servas de Maria. No convento, lhe assaltavam lembraças da avó, que lhe contava histórias da Bíblia. Marina sonhava em ser freira. Na capital resolveu estudar e matriculou-se no Mobral para aprender a ler. Até então, ela sabia apenas ler as horas no relógio e fazer operações básicas de matemática, que havia aprendido com o pai.

Foi trabalhar como empregada doméstica durante um tempo, mas a saúde frágil a incomodava. Com a ajuda do bispo de Rio Branco na época, dom Moacyr Grechi, conseguiu hospedagem e tratamento médico em São Paulo. As passagens foram providenciadas pela família, que vendeu dois animais. Quando retornou, casou-se e foi morar num barraco na periferia. A essa altura, havia concluído o supletivo de 1º e 2º graus e, logo depois, foi aprovada no vestibular de história da Universidade Federal do Acre. "Na casa dela as paredes eram de lona preta", lembra o governador do Acre, Binho Marques, amigo de Marina Silva desde o movimento estudantil. "Você não tem noção do que era. O chão tinha tábuas soltas. Um cômodo com uma cama de casal e nada mais", disse.

Na faculdade, Marina começa a aproximar-se da política filiando-se ao Partido Revolucionário Comunista, organização clandestina na qual militaram José Genoíno e Tarso Genro, e conhece Chico Mendes. Ela já dava aulas de história e passou a frequentar as reuniões do movimento sindical. Seus filhos mais velhos - Shalon e Danilo, que é publicitário em Brasília - já haviam nascido. O grupo, que incluía o futuro governador do Acre Jorge Viana, decidiu que deveriam se filiar ao Partido dos Trabalhadores para ajudar Chico Mendes a ser eleito deputado estadual.

Marina entra na política definitivamente em 1988, quando foi a vereadora mais votada de Rio Branco. Em 1990, foi eleita deputada estadual e liderou um movimento para acabar com a aposentadoria de ex-governadores. Chegou ao Senado em 1994, aos 36 anos. Era a mais jovem senadora eleita. No final do primeiro ano de mandato, ela passou mal depois de uma viagem. Foi internada às pressas e desenganada, devido à contaminação por mercúrio.

Foi a luta contra a doença que a levou a conversão à religião evangélica em 2004. Marina é da Assembleia de Deus Madureira. A escolha surpreendeu até seus amigos mais próximos. O governador Binho Marques defende: "Conheci a Marina católica, meio comunista, afastada da religião, e protestante, mas ela sempre foi a mesma pessoa", afirmou. "Acho que Marina procura achar uma representação externa, para definir o que ela é. Hoje ela acha que isso é ser evangélica, mas esses rótulos nada influenciam o que ela foi e é realmente", concluiu.

Por conta da contaminação com mercúrio Marina deve se manter distante de frutos do mar, condimentos, lactose, carne vermelha, álcool, bebidas gasosas, qualquer cosmético, perfume, tinta de impressora, carpete, poeira. O contato com qualquer um deles lhe causa imediata coceira, falta de ar e, às vezes, taquicardia. O regime lhe dá um ar as vezes cansado e um peso que não passa dos 53 quilos.

Marina é naturalmente elegante, e quase sempre usa vestidos longos, arrematados por um xale. Tem quase cinquenta deles. O cabelo anelado é amarrado normalmente em um coque, circundado por uma fina trança. No dedo anular esquerdo, usa uma aliança dourada, com a inscrição "Jesus", e carrega uma bolsa preta quadrada, na qual não há espaço para quase nada além de uma grande Bíblia de capa de couro preta, toda grifada a lápis.

Sobre os temas ambientais Marina menciona que o aquecimento global é uma bomba a ser desmontada nos próximos cinquenta anos; que o Brasil tem a matriz energética mais limpa do mundo e por isso deveria dar exemplo; que pesquisas mostram que os brasileiros preferem pagar mais caro por alguns produtos, em troca de preservar a Amazônia.

Contudo, entre os ambientalistas, há divisões a respeito da ex-ministra. "Está provado que energia nuclear é limpa e segura", disse o consultor ambiental Fábio Olmos. "Transgênicos, pesquisa com célula-tronco, isso você testa, vê o impacto e autoriza ou veta. Ela é do time dos que não querem nem testar."

Marina Silva reelegeu-se senadora em 2002, com votação quase três vezes superior à anterior. Em 2003, com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República, foi nomeada ministra do Meio Ambiente. Desde então, enfrentou conflitos constantes com outros ministros do governo, quando os interesses econômicos se contrapunham aos objetivos de preservação ambiental. Marina afirmou que desde a reeleição do presidente Lula, no fim de 2006, alguns projetos importantes de sua gestão, como a criação de áreas protegidas na floresta amazônica, haviam sido praticamente paralisados.

Vale ressaltar que sob sua gestão, durante o primeiro governo Lula (2003-2006), foram delimitados 24 milhões de hectares verdes , contra apenas 300 mil hectares em 2007. Em dezembro de 2006, enfraquecida por uma disputa com a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que a acusava de atrasar licenças ambientais para a realização de obras de infra-estrutura, a ministra avisou que não estaria disposta a flexibilizar a gestão da pasta para permanecer no governo.

Marina Silva também denunciou pressões dos governadores de Mato Grosso, Blairo Maggi, e de Rondônia, Ivo Cassol, para rever as medidas de combate ao desmatamento na Amazônia. Em 13 de maio de 2008, cinco dias após o lançamento do Plano Amazônia Sustentável (PAS), cuja administração foi atribuída a Mangabeira Unger, Marina Silva entregou a carta de demissão. A razão: falta de sustentação à política ambiental. Em 2009, anunciou a sua desfiliação do PT e filiou-se ao Partido Verde.

Vale dizer ainda que o partido Verde em muitos estados apoia Serra e na Câmara Federal tem Zequinha Sarney como líder, o que reflete uma salada de incongruências para o partido. Também é tido como um partido de uma elite com pendores ecológicos, mas não necessariamente com consciência política. No momento, o partido tenta um apoio do PSOL que insiste na defesa do MST. Parte do PV não vê com bons olhos, o Movimento dos Sem Terra.

O título do artigo (nação carbono) diz respeito a idéia onde nações menos desenvolvidas, mas com muitos recursos ecológicos venderiam suas cotas de carbonos aos países mais desenvolvidos que agridem a natureza.

Marina hoje vive com a agenda lotada, com entrevistas aos jornais estrangeiros e do Brasil que a assediam a todo instante. Visitas de correligionários evangélicos são constantes e almoços, jantares e eventos onde a nata endinheirada de São Paulo e do Rio de Janeiro também entulham sua agenda. Gente da alta sociedade que talvez não entenda realmente a dimensão da trajetória da candidata, mas (em alguns casos) querem realmente fazer algo pela ecologia. Em outros casos, muitas dessas pessoas que andam em torno da pré-candidata, são apenas arroz de festa.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Burton reduz ‘Alice no País das Maravilhas’


Acho que quase todo mundo conhece a história de 'Alice no País das Maravilhas', a menina que cai num buraco e vai parar num mundo que de maravilhoso tem muito pouco. Na história original, escrita por Lewis Carroll, um quê de ironia perversa acompanha a menina em sua viagem e nos encontros que tem: com um coelho – que diz ‘é tarde, é tarde, é tarde até que arde’ –, um chapeleiro maluco, uma rainha de copas tirana e uma rainha branca, algo sonsa.

Alice ainda se defronta com gêmeos sádicos – a tenebrosa história das ostrinhas que aceitam um convite de um foca para passear e terminam sendo devoradas (o vídeo está no final do texto) é um exemplo da forma sem rodeios que Carroll trabalhava o sentido moral na obra. Ainda há um gato dúbio e uma lagarta que parece enviesada com ópio.

Muito se fala das alegorias na história de Carroll. O texto e o desenho animado feito pela Disney às vezes é indigesto, cheio de digressões morais e uma narrativa muitas vezes entrecortada, que lhe faz perder o ritmo. Além da falta de ritmo, a história de Alice termina abruptamente, sem um final claro, já que a menina acorda no meio da luta com a Rainha de Copas e seus súditos.

Alice é algo descuidada, as vezes ingênua demais, outras vezes tola mesmo. Na história ela é tratada como alguém metido num universo que não é o dela. Vários personagens parecem não ter paciência com a menina e desconfiam dela - talvez isso reflita a forma como muitos adultos tratam as crinças. Contudo, a pequena Alice encara tudo que lhe acontece – as maiores bizarrices – com certa naturalidade.

A história é contada como um sonho e assim como são os sonhos explora o inconsciente. Essa foi a sacada de Caroll. Como um sonho Alice viaja em meio a personagens que têm uma lógica própria. Como num sonho coisas improváveis acontecem e todas as barreiras podem ser quebradas.


Assim, Alice encolhe, cresce, fica gigante, voltar a ter o tamanho normal e se perde da sua própria identidade. No desenho animado a busca de Alice – uma busca inconsciente – é saber quem ela é, é voltar para casa, entender porque o coelho corre, qual a pressa.

O desenho termina com a lagarta perguntando a Alice: 'quem é você' e a maçaneta da porta avisando que Alice dorme lá fora. A forma como a história é colocada faz pensar. A busca por uma identidade é o único ponto de conexão realmente digno de nota entre o desenho e o filme de Tim Burton. Não que o filme seja ruim, longe disso.

O filme é ótimo como obra, mas é um fracasso ao tentar revelar Alice. Porque a Alice revelada por Tim Burton é quase unidimensional, enquanto aquela do desenho da Disney tinha muito mais nuances, ainda que o desenho fosse bidimensional.

O Filme de Tim Burton, já nos cinemas, comete dois pecados consideráveis com o original: primeiro dá à Alice a oportunidade de retorno ao ‘País das Maravilhas’ nove anos depois de sua primeira incursão. Segundo, tenta dar de graça o que Lewis preferiu deixar envolto em numa camada de confusão e mistério. De que trata, ou o quê, de fato, é contado na história.

Para Burton e seus roteiristas, a história de Alice fala de um processo de amadurecimento, onde ela deve aprender a tomar as rédeas de sua vida.

O visual do filme é bastante apurado e sombrio (ao gosto de Burton). No início somos apresentados a Alice ainda criança, após sua primeira viagem. A menina diz ao pai que sonhou com um mundo onde os animais falavam e um gato desaparecia. O diálogo soa estranho para uma criança, pela forma como é dita – a menina afirma que teme estar ficando louca.

Depois o filme dá um salto e vemos Alice e a mãe numa carruagem indo para uma festa. O pai da menina já faleceu e Alice será entregue em noivado a um rapaz. Ela confessa a mãe que tem sonhado o mesmo sonho há anos...

Desde o início Alice se mostra diferente, na forma de se vestir e de se portar, num universo alheio. Ela insiste em permanecer num mundo a parte e age como uma estranha.
Na festa, Alice cairá novamente na toca do coelho e fará outra viagem, agora com a incumbência de libertar o País das Maravilhas do domínio nefasto da Rainha de Copas, que está aprisionando todos os seres e transformando-os em seus escravos.

No filme de Burton, Alice terá que descobrir-se, ou descobrir sua própria força e crença para poder vencer a rainha, voltar para o seu mundo e ainda resolver todas as ‘encrencas’ que a esperam: um casamento a qual ela não quer viver e uma sociedade onde ela se sente alijada.

Os atores Helena Bonham Carter (Rainha de Copas), Mia Wasikowska (Alice), Johnny Depp (Chapeleiro Maluco), e Anne Hathaway (Rainha Branca) estão excelentes, mas o destaque é mesmo para Depp e Helena, magníficos.

Confesso que temi que Burton fizesse do filme de Alice uma xaropada sem fim e exacerbasse o que já era difícil no original. Mas, pelo contrário, o diretor faz com que o filme transcorra naturalmente e evita as distrações excessivas da história de Carroll. Todavia, reduz, ao meu ver, a história da menina que cai num buraco e literalmente é arremessada nas suas próprias confusões, sonhos e simbolismos.

No filme de Burton fica claro que a Rainha Vermelha reflete as emoções, os complexos e os medos que podem tiranizar e a Rainha Branca lembra as artimanhas mentais e ainda serve como contraponto do bem. O que acaba por dar um tom maniqueísta a história. Tons que Carroll tentou se afastar.

A história de Alice, no original, retoma idéias clássicas das fábulas morais que apontam para o interior do ser humano, questionado-o quem ele é e o que ele busca de fato. Talvez até fale mesmo do amadurecimento – apesar de eu entender que muitas fábulas abordam temas muito mais profundos. Prestem atenção: se, como num sonho, tudo representa Alice, como seria possível encaixar um final, sem diminuir a personagem? Carroll evitou fazer conclusões, deixando em aberto qual o destino da menina. Na verdade ele deixa tudo em aberto. Infelizmente, Burton, apesar de seu visual a lá gótico, parece temer a sombra que existe na menina e prefere dizer qual o passo ela irá dar ao sair da toca do coelho.

É interessante perceber quantas fábulas envolvem meninas e como elas são desenvolvidas: só para citar algumas, temos 'Chapeuzinho Vermelho', 'Branca de Neve', 'A Bela Adormecida'. Todas têm um príncipe - ou um lenhador no caso de Chapeuzinho - para formar o par masculino na trama. Já se falou que essas fábulas representam na verdade a busca do consciente, representado pelo príncipe, pela Alma, que é simbolizado pela virgem. Mas em Alice a viagem é solitária... por que será?...


Veja trecho do desenho de Alice

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Para inspirar

Dicas para Desenvolvimento Pessoal

Li que essas dicas foram repassados pelo místico russo Gurdjief. Não tenho certeza se realmente partiram dele, mas se não foram, bem poderiam ter sido. Procedem.

Abaixo o texto na íntegra. Confiram. No final coloquei um vídeo e uma música para ajudar a dar luz nesses dias.


Gurdjief
traçou 20 regras de vida que foram colocadas em destaque no Instituto Francês de Ansiedade e Stress, em Paris.

1 – Faça pausas de 10 minutos a cada 2 horas de trabalho, no máximo. Repita essas pausas na vida diária e pense em você, analisando suas atitudes.
2 – Aprenda a dizer NÃO sem se sentir culpado ou achar que magoou. Querer AGRADAR a todos é um desgaste enorme.
3 – Planeje seu dia, sim, mas deixe sempre um bom espaço para o improviso, consciente de que nem tudo depende de você.
4 – Concentre-se em apenas uma tarefa de cada vez. Por mais ágeis que sejam seus quadros mentais, você se exaure.
5 – Esqueça, de uma vez por todas, que você é imprescindível. No trabalho, em casa, no grupo habitual. Por mais que isso lhe desagrade, tudo anda sem sua atuação, a não ser você mesmo.
6 – Abra mão de ser o responsável pelo prazer de todos.
7 – Peça ajuda sempre que necessário, tendo o bom senso de pedir às pessoas certas.
8 – Diferencie problemas reais de problemas imaginários e elimine-os, porque são pura perda de tempo e ocupam um espaço mental precioso para coisas mais importantes.
9 – Tente descobrir o prazer de fatos quotidianos como dormir, comer e tomar banho, sem também achar que é o máximo a se conseguir na vida.
10 – Evite se envolver na ansiedade e tensão alheias. Espere um pouco e depois retome o diálogo, a ação.
11- Família não é você, está junto de você, compõe o seu mundo, mas não é a sua própria identidade.
12- Entenda que princípios e convicções fechadas podem ser um grande peso, a trava do movimento e da busca.
13 – É preciso ter sempre alguém em que se possa confiar e falar abertamente ao menos num raio de 100 quilômetros. Não adianta estar mais longe.
14 – Saiba a hora certa de sair de cena, de retirar-se do palco, de deixar a roda. Nunca perca o sentido da importância sutil de uma saída discreta.
15 – Não queira saber se falaram mal de você e nem se atormente com esse lixo mental; escute o que falaram bem, com reserva analítica, sem qualquer convencimento.
16 – Competir no lazer, no trabalho, na vida a dois, é ótimo…para quem quer ficar esgotado e perder o melhor.
17 – A rigidez é boa na pedra, não no ser humano. A ele cabe firmeza.


18 – Uma hora de intenso prazer, substitui com folga 3 horas de sono perdido. O prazer recompõe mais que o sono. Logo, não perca uma oportunidade de divertir-se.
19 – Não abandone suas três grandes e inabaláveis amigas: a intuição, a inocência e a fé.
20 – Entenda de uma vez por todas, definitivamente e consultivamente: você é o que você faz…

O Vídeo

Não conhecia o grupo Il Divo. Fui apresentado por um amigo. É rômantico demais e, às vezes, cheio de caras e bocas, mas é inegável, os caras são bonitões e emocionam ao estilo dos tenores Plácido Domingos, José Carreras e Pavarotti. Parece que os italianos gostam de juntar seus tenores. Espero que gostem e inspire o fim de semana.

Ouçam: Aleluia

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Só na comédia

Recebi esse vídeo de uma amiga. É interessante e engraçado, um certo humor negro, é verdade, mas vale muito a pena ver, porque, às vezes, só rindo...

Tudo bem com o senhor?

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Sem Luciano e Cícero, mas com os dois Robertos?


Bem, parece que as definições estão acontecendo mais cedo do que se esperava. Dilma resolveu anunciar o pesado Michel Temer para vice em sua chapa. A candidata está mais tranqüila agora, subindo nas pesquisas e parece que já dá para admitir levantar vôo com uma âncora paulista na bagagem. Não posso deixar de lembrar da velha política café com leite, uma mineira e um paulista. Mas essa e só uma menção histórica, não tem exatamente muito que ver com essa situação.

Mas o que eu quero falar é do plano estadual. Na Paraíba o vice-governador Luciano Cartaxo (PT) jogou a toalha. Resolveu não esperar mais a decisão do governador José Maranhão (PMDB) se será ou não mantido na vice. Cartaxo afirmou que é candidato a deputado estadual.

O ex-vereador de João Pessoa pode estar contando com um suporte para a eleição e por isso resolveu ceder, mas, ao que tudo indica, Cartaxo não faz a opção por livre vontade. É mais por pressão das circunstâncias. Sobra a vaga para o Senado, que fica cada vez mais improvável para o partido. Ou digam aí. O PT vai optar por Luiz Couto (PT) para indicar à vaga para o Senado? Difícil de acreditar.

Desta forma o PT fica sem nome para a majoritária de Maranhão, já que o governador deixa cada vez mais claro que não pensa em escolher um nome que não agregue votos, segundo sua ótica. Entre os nomes cotados estão o de Wilson Santiago (PMDB), Wellington Roberto (PR), Vitalzinho (PMDB), Manoel Júnior (PMDB) e até Marcondes Gadelha (PSC). Correndo por fora está Roberto Cavalcante (PRB).

Vamos analisar os nomes propostos.

Os cinco deputados mostraram, de um forma ou de outra que estão dispostos a mostrar serviço pelo estado.

Wilson Santiago é um deputado sempre atuante. Fácil no trato e de livre acesso, o mesmo pode ser dito de Vitalzinho e Manoel Júnior. Contudo, pesa contra os deputados o fato de serem do PMDB. Fazer uma chapa puro sangue poderia desagradar alguns aliados peemedebistas. Além disso, Vitalzinho não seria a escolha do coração de Maranhão. Outro argumento: Vitalzinho e Wilson Santiago já afirmaram mais de uma vez que almejam o cargo de Senador. Nesse caso, dentro do PMDB talvez Manoel Júnior seja uma opção.

Marcondes Gadelha é um nome que agregaria votos no Sertão e em Campina Grande. Devo confessar que tenho grande simpatia tanto por Leonardo quanto por Marcondes Gadelha e acho que talvez o deputado federal fosse uma boa escolha. Mas acredito que para Maranhão o caráter mais personalista do Gadelha pai pode ser um empecilho. Afinal, a família Gadelha não representa exatamente o tipo de político a quem se diga: agora você vai agir assim e esperar que eles sigam a cartilha fielmente. A história política dos Gadelhas no Sertão e na Paraíba os precedem... São mais aguerridos,mais soltos, quase inquietos. Não agradam a todo mundo, mas é inegável: eles são bons políticos. Mas vocês sabem, “vice é vice”.

Lembram de Aureliano Chaves, vice de José Figueiredo? Pois é, pouca gente lembra. Mas ficou famoso um chavão dito por Jô Soares nos tempos do Programa Viva O Gordo (acho) naquela época: “vice é vice”. Para dizer exatamente isso: vice não é o primeiro colocado. Creio que Marcondes ficaria bem numa vaga para o Senado, mas é muito cacique para duas vagas apenas, complicado dizer quais serão os escolhidos afinal...

Sobra analisar as chances de Wellington Roberto e Roberto Cavalcante para a vice. Talvez os dois tenham boas perpectivas. Os dois parecem ter cacife (!!!). No caso de Cavalcante o cacife eleitoral vem via Sistema Correio de Comunicação, é inegável. Talvez o senador tenha mais chances, justamente porque tem poucas chances de concorrer em pé de igualdade à uma vaga no Senado. Afinal ele teria que enfrentar gente como Efraim Morais (DEM) e Cássio Cunha Lima (PSDB).

Cícero Lucena – Enfim, o senador Cícero Lucena (PSDB) resolveu admitir que não é candidato. O tucano larga a campanha, mal começada, e sai se sentindo traído pelo ex-governador Cássio. Mas não é provável que venha a urdir nos bastidores algum tipo de revanche, se aliando ao governador Maranhão.

Segue dizendo que não votará em Ricardo Coutinho (PSB), mas deve liberar os seus para fazer como acharem melhor – vale ressaltar que seus aliados já estão do lado do governador. Acredito que o senador pode realmente se retirar da vida pública, pelo menos até nova oportunidade. No momento segue coordenando a campanha de José Serra na região Nordeste.

A verdade é que a campanha na Paraíba agora entra numa fase crítica. Com RC cada vez mais em campo. O ‘Mago’ parece que não perde oportunidade e vai até em batizado – força de expressão, é claro. Ao mesmo tempo que não deixa de cortejar ex-aliados: Acho que ele deve se voltar um pouco mais para o PT e a ala de Luciano Cartaxo e Rodrigo Soares. Mas vamos ver os próximo lances...

terça-feira, 4 de maio de 2010

Não alimentei o seu gênio ruim


Li a ‘Veja’ de alguns meses atrás, na verdade não li, apenas folhei algumas matérias e li uma coisa ou outra. Faz tempo que parei de dar atenção a essa revista. Nesta revista a capa é ‘Nasce o Mundo Pós-Crise’ e na sessão ‘Panorama - Imagem da Semana’ a foto Khalid Sheikh Mohammed, considerado o arquiteto dos ataques de 11 de setembro. Khalid foi torturado com a técnica de afogamento numa base da CIA na Polônia nada menos do que 183 vezes. Isso representa em média oito vezes por dia. A sessão mostra uma foto, ao que tudo indica mais recente de Khalid, de turbante, roupa e barba branca e faz troça: ‘Khalid conseguiu ser o que sempre quis ser: Osama Bin Laden’. A semelhança é realmente fragorosa. Mas isso é apenas um dos pontos.

O texto – um petardo curto – lembra como o EUA agiu de forma a ignorar leis internacionais para fazer suas intervenções após 11 de setembro, como ele reconheceu seus erros – ‘como só os grandes conseguem fazer’, diz o texto – e como o terrorismo continua a mesma turba selvagem de sempre.

Não considero o terrorismo a forma correta de atuação, mas convenhamos, o ‘jornalismo’ da Veja é no mínimo de mal gosto. Não satisfeita nas loas tecidas ao povo norte-americano, mais adiante, na matéria de capa, a revista tenta analisar porque alguns países são mais desenvolvidos que outros e volta a tese de que o protestantismo, o espírito empreendedor anglo-saxão, foram mais profícuos para esses países do que o catolicismo foi para o mundo latino. Eu me questiono. Esse avanço a qual a revista se refere é o mesmo que está destruindo o planeta, que mata milhões de fome no mundo, que têm as indústrias farmacêuticas que são capazes de criar doenças para vender mais, que tem a indústria bélica que fomenta guerras para desenvolver seus mísseis para matar mais, que inventou e fez com que se expandisse às alturas o mundo mercantilista com seu consumismo desenfreado e seus psicopatas que matam crianças nas escolas, nos parques e em casa, fazendo picadinho e guardando na geladeira, literalmente?

É o mesmo avanço – encabeçado pelos EUA - que fez inúmeras intervenções em todos os países que podia – diga-se, que ele podia fazer porque não tinham poderio bélico – para que eles não saíssem do seu trilho ideológico - e pode apostar que essa ‘ideologia’ tinha um olho na carteira. Os EUA fizeram a guerra do Golfo para testar suas armas bélicas de alcance cirúrgico e para mostra para seus adversários que podiam atacar dessa forma. A guerra televisionada nada mais era do que uma demonstração de força e até uma ameaça velada para o resto do mundo.

Não estou dizendo que o modelo católico latino estatizante é o ideal, longe disso. Mas não podemos deixar de ver qualidades tanto no modelo adotado pelo mundo ‘civilizado’ do norte quanto do mundo ‘barbarizado’ do sul.

Falando de alguns bons (e maus) resultados e avanços do mundo 'civilizado': Entendo que o projeto Genoma é americano, que a bomba atômica foi construída primeiro lá, que eles venceram o nazistas – junto com a antiga União Soviética e a Inglaterra. Que tecnologicamente – e tecnologia para mim equivale a investimento em educação – eles estão na frente de qualquer um. Mas é inegável: esse sistema econômico o qual os EUA são vistos como modelo tem algo de errado. Parece que nos leva a um beco sem saída, onde a máquina, o lucro e a depressão são os futuros da humanidade. Não me parece um futuro nada auspicioso. Lembra George Orwell com 1984 e Aldous Huxley com Admirável Mundo Novo e outras alegorias estranhamente totalitarias.

E o Brasil? O Brasil tem muitas merdas. Não dá para comparar em muitos aspectos com os Estados Unidos, mas eu não o jogaria no lixo que muitas vezes a revista lança. Para a Veja tudo que existe de bom hoje no Brasil é herança do governo de FHC e Lula é algo como um corrupto sem nível superior.

Antes de tudo, faz tempo que a revista Veja tem demonstrado seu viés à direita e com certeza aí também tem interesses envolvidos – dizem que no governo de FHC a verba de mídia ficava concentrada em alguns nichos e agora o bolo está muito mais dividido. Se está muito dividido sobra menos dinheiro para cada um. Eu já ouvi dizerem mais de uma vez que o grupo da Editora Abril não está muito bem das pernas. Não há como saber se isso é verdade ou não. Dizem que algumas revistas da editora podem fechar. Colegas jornalistas têm demonstrado essa preocupação.

Resolvi olhar algumas revistas para tentar entender isso pela ótica das propagandas. Na que tem a capa ‘Abrimos o Cofre do M$T – como o Movimento dos Sem Terra desvia dinheiro público e verbas estrangeiras para cometer seus crimes’ – que título simpático, não é? – tem duas propagandas do governo, e uma delas não parece ter sido paga pela União, já que é representada por um pool de envolvidos. Nesta revista são 142 páginas com 78 anúncios, alguns de página inteira, a maioria, e outros nem tanto, todos os outros anúncios são de empresas privadas.

Na revista de setembro de 2008 onde aparece o tio Sam na capa e os seguintes dizeres ‘Eu Salvei Você’, sobre a crise financeira, também voltam a ter duas propagandas do governo federal, Caixa e Petrobras, no total são 66 propagandas. Na revista ‘Fé e Dinheiro – uma combinação explosiva’ de 19 de agosto surgem três propagandas, Caixa, ANP e Petrobras. Vale ressaltar que ANP é ligada ao Ministério das Minas e Energia, do peemedebista Edson Lobão e essa capa é lançada duas depois da Veja detonar o PMDB. Na revista ‘Desmascarando’, onde se fala de Roger Abdelmassih, o médico acusado de estuprar pacientes, surge apenas um propaganda: Petrobras. Indo lá para trás é possível perceber que antes, por exemplo em 2001, na capa 'O Império Vulnerável', falando do ataque as torres gêmeas, na há quase propagadas, mas há presença do governo. Noutra revista ‘Na ponta da Língua’ de 29 de agosto de 2001, quatro anunciantes de peso: Petrobras, Caixa, Aneel e Embratel. Na capa ‘Porque Lula assusta o mercado’, de 2002, são seis anunciantes da União e dois de governos estaduais: Minas e Maranhão. No total são 40 propagandas.

Qual a conclusão: primeiro, que hoje há muito mais propagandas em geral, na sua maioria de empresas privadas. No passado, antes da era Lula, o número não era tão exagerado apesar de sempre ser grande. Pode ser apenas política da empresa de querer sempre mais, ou o desejo voraz das privadas em aparecer na Veja ou ainda pode ser que os preços dos anúncios antes seguravam a revista bem mais do que hoje. Ou ainda que os anunciantes – em menor número e com peso maior – davam o fôlego necessário.

É fácil perceber também que há uma diminuição do número de anunciantes do governo federal, hoje vemos apenas um anúnciante – o Banco do Brasil, Caixa e Petrobras se revezam, praticamente, em cada nova edição. Mas também é fácil ver que a Veja tem detonando Lula, Ciro, Dilma, o PMDB em suas matérias. Fala mal de políticas da União, enquanto preserva o ninho tucano, ou pelo menos é mais doce com eles. Pode-se dizer que há um boicote da União e por isso as suas propagandas na revista surgem a conta-gotas? E por isso, há uma pressão de Veja para ter mais anunciantes com tantas matérias de achaque a União? É possível dizer... mas não é possível provar... Porém fica a estranheza.


Desculpem minha indignação, mas fiquei injuriado. Por isso também a frase que tomei emprestado para dar título ao artigo. É de uma música de Chico Buarque: ‘Injuriado’, dizem, feita em resposta a FHC.

Uma vez Chico foi perguntado porque não votava em FHC para presidente, depois de já ter trabalhado para ele em algumas campanhas. Ele disse apenas isso: ‘porque eu o conheço’. Sentindo-se atingido com este comentário o tucano não perdeu mais oportunidade de criticar o cantor e compositor carioca. Detalhe, o pai de Chico Buarque foi professor de história na USP. Foi amigo de Fernando Henrique Cardoso. FHC freqüentava a casa dos Buarque. Chico e Fernando Henrique se conheciam há muito tempo, antes dele se tornar FHC e começar a andar com a turma de ACM. A resposta veio através dessa música:

Se eu só lhe fizesse o bem
Talvez fosse um vício a mais
Você me teria desprezo por fim
Porém não fui tão imprudente
E agora não há francamente
Motivo pra você me injuriar assim
Dinheiro não lhe emprestei
Favores nunca lhe fiz
Não alimentei o seu gênio ruim
Você nada está me devendo
Por isso, meu bem, não entendo
Porque anda agora falando de mim


Devo dizer que há muito tempo parei de assinar a Veja, revista que na adolescência cheguei a achar indispensável. Depois achei que ela começou a ficar estranha, cancelei a assinatura, mas continuei a comprar nas bancas. Passou mais um tempo e dei as costas, hoje uma ou outra coisa escapa. É uma bizarrice de mal gosto na maior parte do tempo.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

‘Agora’ e a fúria cristã

Assisti recentemente ao filme ‘Agora’. O filme é uma agradável surpresa protagonizada pela atriz Rachel Weisz e o diretor Alejandro Amenábar. Amenábar dirigiu ‘Os Outros’, ‘Mar Adentro’ e ‘De Olhos Abertos’ – este último foi refilmado por Tom Cruise como ‘Vanilla Sky’.

No filme, Weisz é Hypatia, uma brilhante astrônoma e matemática que se destacou no universo masculino do Egito romano do século 4 d.C. À medida que o império romano entra em decadência, Hypatia luta para preservar a sabedoria do mundo antigo em meio à crescente crença no cristianismo, ensinando na Agora da cidade de Alexandria. A mesma cidade que teve a famosa biblioteca incendiada - uma das sete maravilhas do mundo antigo.

O longa, além da visão histórica, também cria um triângulo amoroso entre Hypatia e seu escravo devoto do cristianismo (Max Minghella) e um de seus estudantes (Oscar Isaac). O filme retrata bem um mundo romano, egípcio e judaico, cada vez mais tomado pelo cristianismo, que culminaria com a Idade Média e seus vários progroms – ataques violentos aos judeus.

Hypatia é uma mulher voluntariosa e profunda estudiosa da astronomia e filosofia, vivendo numa Alexandria onde crenças egípcias, judaicas e cristãs convivem aparentemente de forma pacífica até que essa aparente calma estoure em graves conflitos e massacres.

O filme nos apresenta o fundamentalismo cristão e sua fúria, que, como disse acima, não é diferente da fúria e do fundamentalismo mulçumano e suas cruzadas santas. É triste ver que justamente Cristo, que nunca deixou nada escrito, possivelmente para ninguém fazer de sua profissão de fé um comércio ou dogma, teve suas palavras tão violentamente deturpadas. O homem que falava da liberdade viu usarem seu nome para construírem prisões, sejam elas interiores ou exteriores.

‘Agora’, mostra a barbárie na luta pelas crenças de todos os lados, seja entre egípcios, judeus ou cristãos. Estes últimos ganham o status de vilões por que é neles que no decorrer do filme vai se concentrando o poder. É engraçado ver como esses povos – a civilização egípcia é dizimada e no seu lugar surgem os árabes – construíram uma modernidade de lutas inconciliáveis, todas em torno de brigas por verdades e terras.

Em vários momentos Amenabar busca um foco fora do planeta, longe da cidade, como se fosse o espectador do além, ou como se um dos deuses olhasse para a briga entre os mortais como algo sem sentido, em torno de crenças equivocadas. Também dá a impressão que o diretor tenta um olhar atemporal e é inevitável que nesses passeios sobre as nuvens, enquanto se dessenrolam as lutas e mortes na terra de Alexandria, deixe uma sensação melancólica e incrivelmente atual. Amenábar parece dizer que tudo se repete.

Assim, vemos os cristãos derrubando estátuas – a cena lembra a queda da estátua de Sadan Hussein, uma menção quase subliminar do diretor chileno à Guerra ao Terror promovida pelos EUA depois do 11 de setembro –, destruindo a famosa biblioteca de Alexandria e literalmente apagando estudos que precisariam de milhares de anos para serem retomados. Um belíssimo filme.