sexta-feira, 11 de junho de 2010

'O Príncie da Pérsia' e Gyllenhaal no sex appel do herói


O filme ‘O Príncipe da Pérsia – As Areias do Tempo’ é um longa despretensioso, com pelo menos uma tirada vertiginosa na sua homenagem ao game do qual se originou. Lembra os filmes de Simbad – O Marujo em suas aventuras míticas e absurdas.

O filme é da mesma equipe responsável pela trilogia ‘Os Piratas do Caribe’, a Walt Disney Pictures e Jerry Bruckheimer, com direção de Mike Newell. O inglês dirigiu filmes tão díspares como ‘Quatro Casamentos e um Funeral’ e ‘Harry Potter e o Cálice de Fogo’, só para citar alguns títulos famosos. Newell imprime sotaque inglês – literalmente – ao filme, o que lhe dá um certo charme.

O longa é inspirado no game criado por Jordan Mechner, Príncipe da Pérsia, lançado em 2003 e Newell constrói um épico de ação e aventura ambientado na Pérsia com toques ‘a la’ ‘Mil e uma Noite’. Mas não deixa de ser engraçado ouvir falar do impressionante poderio Persa – hoje o Irã – em meio às disputas entre os EUA e a terra dos Aiatolás nos dias de hoje. O cinema tem criado outras referências ao passado das lutas militares naquela região – é só lembrar de ‘300’ e ‘Alexandre – O Grande’.

Vale dizer ainda que além da Pérsia/Irã há também uma outra referência clara: a invasão do Iraque pelos EUA sob a alegação de que eles estariam produzindo armas de destruição em massa. Como na guerra do Iraque, segundo os roteiristas, a invasão da cidade fictícia do filme teria como objetivo algo que estava escondido no subsolo. Mas, apesar dessas referências políticas, o filme não é mais que uma diversão leve.
Mas vamos à história.

O longa começa quando o rei Sharaman (Ronald Pickup) adota um menino de rua, após ver uma corajosa afronta do garoto frente a sua guarda. O órfão – um misto de Jack Sparrow com William Turner, sem o brilho de Johnny Depp e Orlando Bloom, diga-se – torna-se o príncipe Dastan (interpretado por um turbinado Jake Gyllenhaal, aquele mesmo que fez o cawboy gay de ‘O Segredo de Brokeback Mountain’). No futuro Dastan ajudará seus irmãos Tus (Richard Coyle) e Garsiv (Toby Kebbell) na invasão de uma cidade sagrada governada pela bela Tamina (Gemma Arterton).


O trio de irmãos, sob os conselhos do tio Nizam (Ben Kingsley), invade a cidade e descobre em seus portões o significado de destino. Tudo acontece rapidamente, tanto a invasão quanto a acusação de que Dastan teria conspirado para matar o rei. Assim, o jovem guerreiro é obrigado a fugir juntamente com Tamina. Eles terão que proteger uma adaga mágica, que é capaz de fazer com que o tempo retroceda alterado a realidade.

Neste percurso Dastan descobrirá o amor e terá que vencer os perigos para provar sua inocência e salvar a mocinha e a adaga mágica. O herói ainda encontrará um trapaceiro (Alfred Molina) que funciona como um dos respiros cômicos da trama. Contando assim, a história parece que já foi feita algumas vezes desde que o cinema existe.

Jake Gyllenhaal e Gemma Arterton seguram tranquilamente o clima romântico da trama. Gullenhaal caprichou nos músculos e no sex appell do personagem, sempre com barba por fazer e com o peito a mostra. Contudo, as ressalvas positivas vão mesmo para Alfred Molina e Ben Kingsley, ainda que eles não consigam imprimir nuances mais realistas e fiquem mesmo no feijão com arroz.

O diretor ainda tenta imprimir um ritmo de game no movimento da câmera, principalmente na cena inicial, na final e nas perseguições, o que dá mais força ao longa, e mostra o potencial das adaptações de games. Vale ressaltar que essa é a primeira vez que um jogo consegue chegar as telonas como um bom filme, ou pelo menos de uma forma competente.

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