segunda-feira, 7 de junho de 2010

O esforço de Serra para se manter no páreo


Na última sexta (04/06) tive a oportunidade de conhecer o governador José Serra pela primeira vez. O encontro foi rápido, no escritório do Grupo WSCOM onde trabalho. Serra chegou com um pequeno séquito, cuja as menções mais importantes são o ex-governador e pré-candidato ao Senado Cássio Cunha Lima e o coordenador da campanha de Serra no Nordeste, Cícero Lucena.

Devo dizer que Serra tem se esforçado para ser simpático, apesar de ter evitado a clássica manobra dos incontáveis apertos de mãos de uma campanha. Todos sabem de sua mania de não gostar de apertar mãos de desconhecidos. Ele manteve-se quase na defensiva, foi educado, com olhos críticos de alguém que estuda onde está pisando.

Sorriu um sorriso meio forçado, mas não tinha nada de falso, apenas de esforço. Talvez pelo cansaço. Também não deixou de se submeter às incontáveis sessões de fotos com quem pedia. Olhei para o homem e tentei ler o que se passava em sua cabeça. Às vezes dá para perceber. Para mim – claro que posso estar enganado – a única coisa visível era a crítica, o cansaço e um certo aborrecimento. Nenhum deles foi exteriorizado.

Minha impressão? Seguindo nesse formato é difícil que o ex-governador de São Paulo consiga bater a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff. A não ser que caia uma bomba sobre o PT e a ex-guerrilheira. Serra precisa urgentemente colocar mais molejo à campanha, mais calor humano. Bem, vamos dar um desconto, vai ver ele estava exausto.

Algumas vezes presenciei Dilma na Paraíba. Ela era o trator que é normalmente descrito. Uma mulher prática, seca, sem meias palavras, sempre com um semblante fechado. Não chegava a ser carrancuda, mas era séria demais. Intimidava. Não tinha meias-palavras e respondia as perguntas como se estivesse despachando com subalternos.

Não a vi depois das transformações físicas pelas quais tem passado após a descoberta do linfoma. Acredito que não é só uma nova maquiagem que tem feito a diferença na candidata. Acho que o câncer a amoleceu um pouco mais também. Não sei. A única coisa que posso dizer é que nas entrevistas que tem dado, Dilma tem conseguido mostrar uma fase mais humana do que Serra, e isso, além do apoio inconteste de Lula, tem feito a diferença nas pesquisas eleitorais.

Sobre os dois que ladeavam Serra, Cássio e Cícero, vou dizer o obvio: Cássio envelheceu, está mais gordo, mas continua com o mesmo sorriso matreiro. Um sorriso parecido ao que ele estampou quando da visita de Geraldo Alckmin à Paraíba na campanha passada.

Já Cícero parecia uma espécie de Sancho Pança, um guarda-ordens completamente concentrado e imbuído de proporcionar o melhor ao cacique tucano.

É evidente que tudo isso faz parte de um grande esforço do candidato tucano para se manter no páreo. A questão é: será que ele consegue? Tudo bem que pesquisas não são confiáveis, mas elas não podem estar muito longe da realidade, alguma proximidade devem manter, até para que os próprios institutos de pesquisa possam continuar sobrevivendo. Vale ressaltar que as pesquisas, até agora, mostram insistentemente que a abordagem de Serrá é equivocada. Ou melhor, mostram que a abordagem de Lula e Dilma tem sido correta. Contra todos os analistas o presidente Lula está conseguindo fazer a transferência de votos para a sua candidata.

A visita de Serra à Paraíba faz parte de uma estratégia de maior exposição antes da campanha propriamente dita. A mesma linha tem sido adotada por Marina Silva e Dilma Rousseff.

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