terça-feira, 24 de agosto de 2010

Na Paraíba: Chumbo grosso, Maranhão começa a bater em RC


A campanha começa a ganhar tintas bem definidas e não é amarela a cor, muito menos azul. Os tons giram entre o vermelho e o laranja. Devo dizer que a maiores novidades desta eleição estão nos guias eleitorais, ainda que os guias do governador José Maranhão (PMDB) e de Ricardo Coutinho (PSB) esteja bons, mas lembrem em demasia uma campanha publicitária, o embate travado entre os dois nestes programas é visível e interessante.

Recapitulemos. O guia eleitoral do governador começou colando a imagem de Zé Maranhão no presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O governador avançava em céu de brigadeiro, com vento a favor e pesquisas também. A identificação com Lula e Dilma era o melhor dos cenários. No Nordeste todos os candidatos querem tirar uma lasquinha na popularidade do presidente e viajar no cometa desse fenômeno eleitoral que está sendo a transferência de votos para a ex-ministra da Casa Civil. Até aí o obvio. Mas o governador também adotou um programa mais informal, o que é um ganho em relação à eleição passada, cujo o programa era muito quadrado.

Ricardo Coutinho tinha que se mostrar ao eleitorado paraibano e começou exatamente fazendo isso, mostrando obras e mais obras e falando de sua biografia. O programa passou a adotar um formato simples: o candidato fala num primeiro bloco e no seguinte são mostradas obras que foram feitas em João Pessoa. Além disso, em inserções durante o dia, o próprio RC volta à carga comentando cada obra que fez na Capital. O seu guia aposta na figura e no carisma do socialista e chega até a exagerar essa premissa, é como se dissesse: eu sou o peixe que deve ser vendido e nada melhor do que eu mesmo para me vender. O programa investe numa imagem de austeridade e sinceridade de Coutinho.

Todavia, desde o debate na TV Clube, houve uma virada no Guia Eleitoral.

Primeiro, com a já famosa intervenção do ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB) junto a Maranhão antes do debate. Acho que todos sabem... Cássio chegou próximo a Maranhão e pediu – num momento de certa tensão – que o governador o deixasse em paz e ameaçou atacá-lo nos 40 dias de campanha que tinha pela frente. Maranhão devolveu dizendo que também teria 40 dias de campanha. Isso quer dizer: os ataques não ficariam barato. Briga de cachorro grande, como diz um conhecido meu. Depois desse encontro nada agradável, durante o debate, RC ainda colocou em dúvida se Maranhão realmente teria votado em Lula em 94 e 98. Pronto, poucos dias depois o guia do governador sofreu uma virada.

Primeiro apareceu Lula – e o governador não cansa de repetir a gravação – dizendo que os dois (Lula e Maranhão) são companheiros de longa data, desde as diretas já. Depois o guia começou a percorrer as obras que Ricardo fez em João Pessoa mostrando algumas situações delicadas. Um posto de saúde cujo atendimento é precário no bairro do Geisel e o Mercado Público do centro da cidade cuja obra não foi finalizada e onde os feirantes foram chamados a pagar seus boxes. Diferente do que aconteceu em Campina Grande.

O ‘Mago’ investe no twitter, na internet e apela para militância. No último programa ele justificou porquê da aliança com Cássio e Efraim – todos que falam comigo dizem que a única justificativa que ele deu foi o tempo no horário político eleitoral. Maldade, gente. Ele diz mais coisas. Coutinho também apela, literalmente, dizendo que merece uma chance de governar a Paraíba. Até o momento o guia do ‘Mago’ manda apenas recados quase subliminares como resposta ao governador Maranhão. Bem, é verdade que RC disse ‘nós temos aqui na Paraíba um inimigo muito poderoso’.

Já o governador retorna no seu quarto guia retornando com Lula, e traz também Veneziano, mostrando que a relação com o presidente e com o campinense estão boas e devem ficar cada vez melhores. O guia de Maranhão acaba assumindo uma resposta ao guia de RC, ao afirmar ‘Zé fez, Zé faz, Zé vai fazer muito mais’ ou uma tirada como ‘Não troque o certo pelo duvidoso’. Não dá para não ligar com o slogan do ‘Mago’: ‘Foi Ricardo que fez. É Ricardo que sabe fazer’.

Bem, em meio a tudo isso dá para tirar duas conclusões: primeiro RC parece que tem dificuldades financeiras na campanha. Até agora foram apenas três programas eleitorais na TV (para cinco dias de campanha gratuita no rádio e na TV), contra quatro de Maranhão, o quinto do governador deve ser lançado na noite desta quarta-feira, 25.

Outro ponto que não dá para descartar: o governador não está brincando em serviço. Ou quer dar de vez as cacetadas para liquidar a fatura o mais rápido possível e levar a eleição no primeiro turno tranqüilo ou tem identificado (ou teme) algum crescimento do ‘Mago’ depois do debate e do guia.

Outra conclusão: até agora o ex-governador Cássio e o senador Efraim Morais não têm conseguido transferir todos os seus votos para o prefeito de João Pessoa e além disso, a capital está dividida. Pelo menos até antes do guia, essa divisão dava mais respaldo a Maranhão do que a RC. Cássio e Efraim parecem ocupados (e enrolados) demais com os próprios revezes das suas campanhas.

É esperar e ver. Mas até o momento, a continuar assim, com uma campanha nas ruas morna e um guia quente e tomando como certas as pesquisas eleitorais, vamos ter mais quatro anos com Maranhão e se brincar o peemedebista vai dar de lavada no 'Mago'.

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