domingo, 28 de março de 2010

A sensação do Roubolation


Nesta semana, na segunda (22), um colega de trabalho me apresentou o vídeo feito pelo comediante Cláudio Elias, do programa Bola da Vez, da TV Miramar. O moço fez uma paródia em cima da música originalmente de Marcow Pinto, Roubolation. Marcow tinha feito uma paródia com uma música que estourou no carnaval, o Reboulation. A paródia aproveita a proximidade das eleições para cair de pau nos políticos.

Não salva ninguém, como todo bom comediante que tem uma verve niilista. A ‘música’, que era uma bobagem, agora ganha no humor. Cláudio Elias de terno, junto com um coadjuvante, cantam ‘O Roubolation’ em frente ao Palácio da Redenção. “Bote a mão na carteira que vai começar. O roboulation. O pegadation. O prometation. O enganation”. Cada palavra ‘americanalhada’ é acompanhada do seu respectivo gesto.

A música é repetida em frente a Assembléia Legislativa do Estado e da Prefeitura Municipal de João Pessoa. A mensagem é clara. “Alô, minha galera, preste atenção o roboulation é nova sensação (cenas do escândalo Arruda, do DF). Quem tem 15 (anos) fica de fora que vai começar a eleição. O seu voto é bom, é gostoso demais. Mulheres na frente, homens atrás e a mão na carteira que vai começar. O roboulation é bom, é bom, bom. Se você confirmar fica melhor. A mão na carteira que vai começar...

Melhor rir que chorar, dizem alguns. A ex-ministra do Turismo achava que o bom era ‘relaxe e goze’, outros ainda tripudiam: ‘se o estupro é inevitável, relaxe’. Talvez seja verdade, quando se trata de auto-preservação. Mas a gente pode ir um pouquinho além.
É verdade que Cláudio Elias não poupa ninguém, Estado, Prefeitura ou deputados. Ou quase ninguém, se era para atacar os poderes, ficou faltando a Justiça. Tudo bem, não é uma crítica as relações incestuosas e imorais entre os nossos poderes, que são capazes de ações indecentes para se auto acobertar.

Não, o vídeo de humor fala apenas de como somos acossados pelos políticos em época de eleição. É aperto, abraço, beijinho, carinho, promessa, presentes. Todos mostram resultados e garantem que são capazes de realizar mundos e fundos. Caros, nem tanto ao céu, nem tanto ao mar.

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, prometeu implementar projetos com apoio do Governo Federal, objetivando realizar parcerias para realizar obras estruturadoras para o Estado, como a Transnordestina, a Refinaria de Petróleo Abreu e Lima em Suape, a Hemobrás e a recuperação da BR-101. Parabéns, ele tem conseguido avançar. Vai acabar o mandato com as promessas em dia. Esse será um dos motivos que o fará ser reeleito. Mas alguns podem dizer, com um Pernambucano no altar do planalto é fácil... É verdade, não dá para comparar com Eduardo Campos. Ele é uma excessão a regra. As promessas, normalmente vem e vão fácil.

Mas a verdade é que dá para fazer muito, mas desconfie de números muito grandes, de promessas muito extensas, de revoluções completas. Porque as intenções até podem existir, mas não se faz uma revolução apenas com boas intenções, é preciso apoio efetivo. Afinal, alguém tem que ir para a rua, levantar a bandeira, fazer pressão e, se for preciso, levar o pau no lombo, se é que entendem a metáfora.

Quero dizer que ‘de boas intenções o inferno está cheio’, diz o ditado. Mas para que as coisas mudem é preciso que a população queira mudança, de outra forma, continua tudo como está.

Eu já trabalhei com o DEM, PP, PMDB, PT, PSDB, Sindicato de empregados e patronal, para governo e oposição. Sei que todos temos nossas preferências entre as esquerdas e direitas da vida. Simpatizamos mais com um ou outro jeito de fazer, pensar e até falar as coisas. Uns gostam mais do vermelho, outros do verde, amarelo, e tem gente que prefere o laranja. Gosto de todas as cores e cada vez mais descubro que não dá para viver sem nenhum delas.

Em relação ao Roubolation real. Existe corrupção em várias instâncias da sociedade, mas é a própria sociedade quem alimenta a corrupção. Não dá para deixar de ter isso em mente. É a filosofia do ‘é dando que se recebe’, do jeitinho, do caminho mais rápido, da burocracia excruciante e humilhante, da percepção que o político tem e para eu colocá-lo no poder ele DEVE ME AJUDAR.

Acho até que o político pode ter o papel facilitador, porque afinal ele muitas vezes sabe qual é o caminho das pedras dentro dos governos, mas sua ação deve cada vez mais estar disseminada no coletivo. Deve ser uma ação a que todos possam recorrer. Uma ação institucionalizada. Entendam, não estou falando de institucionalizar o clientelismo, mas o serviço prestado a população. Se o serviço pode ser prestado a qualquer um, o político deve pensar, então pode ser feito, mas se só poderá ser particularizado, é melhor dar um passo atras.

Claro que sempre haverá excessões. Principalmente num país onde a pobreza e a falta de oportunidade ainda é uma realidade dura. Por isso, não consigo ver erro numa família chegar ao governador e pedir ajuda para salva a filha que precisa fazer uma cirurgia de alta complexidade e que custa os tubos. Muito menos o governador, usando os meios cabíveis, fazer algo por essa família. Ainda que o ideal seria que a família não precisasse recorrer à nenhuma autoridade, e seguindo os meios corriqueiros alcançasse seus objetivos. Porque ao permanecer essa atitude partenalista, sempre ficará a impressão que a ação não foi do governo, mas do governante.

Agora se vc quer saber se nossos políticos enriquecem no poder? Se melhoraram substancialmente de vida, além do que seria razoável ? Ai cabe ao eleitor pesquisar e descobrir, ficar atento. Porque ‘não há nada que esteja oculto, que não venha a ser revelado’. E as nossas vidas nem estão ocultas, estão apenas guardadas em segredo e o segredo é mais fácil de revelar que o mistério, vá por mim.

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