quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Julian Assange (do WikiLeaks), terrorista ou herói?

Julian Assange, o mais ilustre fundador do site WikiLeaks, está sendo caçado como criminoso na Suécia. Segundo a justiça daquele país, em agosto o ativista teria estuprado duas mulheres. O advogado do australiano afirma que o sexo feito com as mulheres foi consentido, não houve estupro. Assange atribui tudo a perseguição política.

Um tablóide sueco teve acesso as denúncias das duas mulheres que acusam Assange, ambas com idade por volta dos 20 anos. Lendo o relato, fica claro que as mulheres foram usadas pelo australiano. Entretanto, pelo menos para mim, não houve estupro. As mulheres parecem ressentidas, se sentindo traídas e abusadas – ele transou com as duas praticamente nos mesmos dias, sem que uma soubesse da outra e ainda obteve favores econômicos (Leia a matéria)

No quesito sexo e relacionamento, Assange lembra o comportamento de muitos homens egoístas famosos, que são assediados por mulheres e acabam conseguindo favores sexuais delas e depois perdem o interesse. Acham que estão fazendo o favor em depositar seu sêmen precioso e iluminado no 'receptáculo feminino'. É a velha busca masculina pela auto perpetuação.

A atitude é de um homem machista, sem dúvida, e sem nenhum sentido de preservação ao próximo, mas não de um criminoso deliberado, nem de um maníaco sexual de alta periculosidade.

Vale ressaltar que na época uma promotora não viu indícios de estupro e arquivou o caso. Contudo, depois dos inúmeros ‘cabos’ (como são chamados os dossiês e comunicados) secretos entre diplomatas norte-americanos divulgados pelo WikiLeaks, a acusação voltou a ser analisada. Assange foi acusado internacional e preso na Inglaterra. Conseguiu relaxamento da prisão e agora pode se defender em liberdade, sem sofrer extradição, por enquanto, após pagar uma fiança de 200 mil libras (cerca de R$ 530 mil).

O diretor de documentários norte-americano Michael Moore, o cineasta britânico Ken Loach e a socialite Bianca Jagger estão entre os que contribuiram para se chegar ao montante. Na saída da prisão, Assange e fez uma curta declaração: “Se nem sempre se alcança a justiça, ao menos ela ainda não está morta".

Nos EUA, a revista Time abriu enquete para a eleição da Personalidade do Ano. Assange é o mais votado. Em contrapartida, pesquisa divulgada pela TV norte-americana aponta que 6 de cada 10 pessoas ouvidas considera que o ativista deve ser indiciado e tem prejudicado os interesses do país.

Assange se gaba de estar prestando um serviço à comunidade internacional e ressalta, com estranheza, como a mídia tem sido conivente com o status quo existente. Ele afirma que o WikiLeaks divulgou mais informações bombásticas e sigilosas, deixando a nu a política internacional, do que toda a mídia junta nos últimos anos.

Veja breve entrevista de Assange no El País:




A tática do WikiLeaks é de terrorismo. O site se hospeda em países diferentes dia a dia, e os informantes tem sua integridade resguardada como um tesouro inviolável. Assange evita usar cartões de crédito para não ser rastreado e exerce uma aura de líder idealista e utópico nos que o rodeiam.

O ‘moço’ tem um quê de herói, desses heróis contra-cultura e contra o Sistema, bem ao estilo do filme V e de Matrix, dos irmãos Wachowski. Mas é um herói que não se furta em jogar com o terror, ao divulgar informações onde coloca a vida de algumas fontes norte-americanas sob risco.

Entretanto, não é justo chamá-lo de homem bomba, como ilustra a capa da Revista Veja desta semana. Bomba é o domínio das grandes potências sobre o mundo. Assange apenas põe isso a nu. Nesse quesito, em revelar os interesses que rolam nos bastidores, ele tem mérito e deve ser respeitado. O que não significa que o homem seja um santo... Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) questionou porque ninguém saiu em defesa do ‘garoto’ (o cara tem 39 anos). Foi a única voz mundial que se ouviu, fora os artistas, hackers e uma ou outra ONG. Não deixa de ser estranho isso.

Depois da divulgação dos ‘cabos’, a diplomacia norte-americana parece ter resolvido passar um tempinho com ‘as sandálias da humildade’. Eles admitem um duro golpe com a divulgação das correspondências. Se toda essa fofoca que foi espalhada na Net servir para uma mudança de postura norte-americana no mundo, será um avanço bem vindo. Mas duvido. É mais fácil prenderem ou matarem Assange, evitando novas revelações.

Contudo, o ciber ativista tem do seu lado inúmeros hackers, que já demonstraram o poder de fogo ao atacar os sites da Amazon.com e da Visa, como represálias aos achaques contra o WikiLeaks. Do outro lado, já conseguiram provar que o australiano não é tão limpo assim como se pensava...(é pelo menos um machista aproveitador de 'indefesas' loiras suecas) A luta é difícil, e Assange tem muito menos possibilidades, mas uma coisa está provada: Nada mais será como antes depois do WikiLeaks.

O site hoje é a máxima expressão da liberdade de imprensa. Uma imprensa sem país, sem leis e pronta a botar no ventilador a sujeira mais bem guardada. No momento, tem um alvo político bem específico: os Estados Unidos da América. E, definitivamente, a semelhança com o ataque de 11 de setembro é impressionante. Desta vez o ataque aconteceu no dia 28 de novembro de 2010, data da divulgação dos ‘cabos’ diplomáticos.
Entramos numa nova era...


Conheça um pouco mais de Julian Assange:





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