sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A favor do Wikileaks, contra a língua solta norte-americana


O site Wikileaks entrou num furacão diplomático. Fundado em 2006 e trazendo inúmeros furos de reportagem desde então, o site tem amealhando vários prêmios internacionais. No site, a organização informa ter sido fundada por dissidentes chineses, jornalistas, matemáticos e tecnólogos dos Estados Unidos, Taiwan, Europa, Austrália e África do Sul. Seu diretor é o australiano Julian Assange, jornalista e ciberativista.

Entre as informações mais quentes apresentadas pelo site estão a divulgação do Afghan War Diary, uma compilação de mais de 76.900 documentos secretos do governo norte-americano sobre a Guerra do Afeganistão. Mostrando o fracasso da missão dos EUA naquela país. Também foi divulgado um pacote com quase 400.000 documentos secretos, denominado Iraq War Logs, reportanto torturas de prisioneiros e ataques a civis pelos norte-americanos e seus aliandos, na Guerra do Iraque.

Mas a partir do dia 28 de novembro de 2010, o WikiLeaks – wiki é o termo utilizado para um site onde o conteúdo é construído de forma compartilhada – começou a publicar 251.287 telegramas de embaixadas americanas pelo mundo - o maior vazamento de documentos confidenciais da história.

Por conta desse vazamento, Julian Assange teve um pedido de prisão internacional expedido. A acusação: um suposta estupro cometido na Suíça. Assange nega e diz que tudo não passa de perseguição e pressão internacional por conta dos documentos. O site Amazon.com, que tinha um link para Wikileaks retirou a conexão por pressão norte-americana. A companhia EveryDNS.net, que abrigava o site, disse que decidiu tirá-lo do ar para não comprometer seus outros serviços. Agora o site pode ser acessado através de outro link, ainda na Suíça : WIKILEAKS (Há textos em português. Existe também um outro link com hospedagem na Alemanha http://wikileaks.dd19.de/).


A sensação, desde que as informações ganharam a mídia, é que estamos envolvidos numa imensa fofoca internacional. Uma fofoca que mostra como os norte-americanos tem uma visão nada respeitosa em relação aos outros países e seus líderes.

Para a organização, os documentos vão permitir que pessoas de todo o mundo conheçam a fundo como funcionam as atividades americanas no exterior.

Os telegramas, que cobrem desde 1966 até o final de fevereiro de 2010, contêm informações confidenciais enviadas por 274 embaixadas em diversos países e pelo Departamento de Estado em Washington para essas embaixadas.

Do total, 15.652 são classificados como secretos.

"Os telegramas mostram os EUA espionando seus aliados e a ONU; ignorando a corrupção e abusos de direitos humanos em Estados ‘serviçais’; negociando a portas fechadas com Estados supostamente neutros e fazendo lobby em prol das corporações americanas”, diz o porta-voz da organização, Julian Assange.

Os documentos tratam de política e economia, principalmente. O assunto mais discutido é o Iraque. "A publicação desses documentos revela a contradição entre a persona pública dos EUA e o que a potência faz por debaixo dos panos. E também provam que, se os cidadãos querem que seus governos hajam de acordo com as suas aspirações, devem exigir explicações sobre o que acontece às escondidas", diz Assange.

"Toda criança americana aprende que George Washington, o primeiro presidente dos EUA, não conseguia mentir. Se as administrações atuais seguissem o mesmo princípio, o vazamento de hoje seria apenas um pequeno vexame" continua o fundador do site. "Em vez disso, os EUA têm alertado governos ao redor do mundo - até mesmo os mais corruptos - sobre a publicação de hoje e se armando para a exposição que fatalmente irão enfrentar."

Diferentemente dos outros lançamentos do WikiLeaks, nas quais uma grande quantidade de documentos foi publicada de uma vez, a organização vai lançar os arquivos das embaixadas ao longo das próximas semanas.

"Os telegramas da embaixada vão ser lançados em etapas. Consideramos que o tema é tão importante e o alcance geográfico tão amplo que se publicássemos tudo de uma vez não estaríamos fazendo justiça a esse material”.

Até agora, o Wikileaks publicou em seu site 220 de 251.287 documentos dos Estados Unidos com a transcrição de comunicações - conhecidas como cabos - entre instituições diplomáticas.

O site entregou antecipadamente os arquivos em sua íntegra a cinco grupos de mídia, entre eles os jornais The New York Times, americano, The Guardian, britânico, e El Pais, espanhol. Leia abaixo alguns dos pontos principais dos documentos divulgados.

Sobre o Brasil – No caso brasileiro, o WikiLeaks obteve 1.947 documentos enviados pela embaixada em Brasília entre 1989 e 2010. Desses, 54 são classificados como secretos e 409 como confidenciais.

Nos telegramas enviados pela embaixada norte-americana em Brasília e pelos consulados de São Paulo e Recife, mostram uma visão aparentemente conflituosa entre a visão brasileira de terrorismo na tríplice fronteira – o Brasil não considera o partido libanês Hezbollah e o palestino Hamas como facções terroristas, ao contrário dos EUA. Apesar dessa visão oposta o Estado brasileiro tem feito prisões secretas, segundo os documentos, sob acusações disfarçadas para não chamar a atenção da Imprensa e não aborrecer a comunidade árabe.

Os documentos também criticam o Plano Nacional de Defesa (PND) idealizado por Mangabeira Unger e instaurado por Lula. Segundo o embaixador norte-americano o plano é pouco produtivo quando aposta mais na troca de tecnologia, não há dinheiro suficiente para a implantação e o submarino nuclear é um ‘elefante branco’ sem utilidade. Todavia o embaixador vê com bons olhos a oportunidade de reequipamento do Exército Brasileiro. “Seria bom aos interesses dos EUA”, diz Clifford Sobel, que esteve no cargo de 2006 a 2010.

O documento aponta ainda o ministro Nelson Jobim como um simpatizante dos EUA, fazendo comentários nada elogiosos a um colega do Itamaraty. Alias, o Itamaraty é pintado como um órgão não simpatizante dos Estados Unidos.

O Brasil ainda é tido como paranóico em relação à soberania da Amazônia e acusado de não estar se preparando adequadamente para as olimpíadas de 2016.

A menções nada elogiosas há inúmeros países do mundo

Vários líderes árabes e seus representantes são citados no documento como tendo exortado os EUA a atacar o Irã. Em dos documentos o líder norte-coreano Kim Jong-il é descrito como "um camarada velho e flácido" que sofre com o trauma de um derrame, enquanto o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, é tratado como "Hitler".

Outros líderes também são analisados. O premiê da Itália, Silvio Berlusconi, é tratado como "displicente, vaidoso e ineficiente como líder europeu moderno" por um diplomata americano em Roma. O presidente russo, Dmitry Medvedev, como "um Robin do (premiê Vladimir Putin) Batman". E o presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, como "aquele velho maluco".

Os textos ainda deixam claro que o EUA faz espionagem de funcionários de alto escalão da ONU, que a China tem uma rede de hackers e especialistas em segurança desde 2002 que conseguiu acesso a computadores do governo e de empresas dos EUA, além de aliados ocidentais e do Dalai Lama. Os cabos ainda acusam o governo chinês de estar por trás da infiltração do sistema de computadores do Google no país em janeiro.

Depois de tudo isso, fica difícil acreditar que Julian Assange tenha realmente cometido algum crime, a não ser ferir os interesses dos poderosos de plantão.

Um comentário:

Anônimo disse...

ja sabiamos da falsidade americana, mas ele apenas confirmou tudo..o problema dos eua não é a lingua solta, ate por que eles tem o direito de liberdade plena de pensar e falar o que quiserem sobre o resto do mundo do mesmo modo que metemos o pau neles..o problema deles é outro: é gatilho solto demais..crimes demais..guerras demais..sangue civil inocente derramado demais..esse sim é o problema deles..a politica externa e interna deles anda cada vez mais decadente..

eles falam de supostos holocontos nazis ha mais de meio seculo, falam de gulags de duas decadas atraz..porem o unico dos 3 imperios do seculo xx que suspostamente mais mataram que sobreviveu foram eles, e o pior: continuam a matar e cada vez mais pra tentar manter seu esgoto a ceu aberto pelo planeta inteiro..

dos 2 maiores imperios assasinos da historia da segunda metade do século xx eles foram os unicos que continuaram do mesmo jeito e ate pior..a russia ao menos abriu mão de suas gulags e politica externa agressiva nos países alheios armando os outros com minas e ak-47/afins, mas os eua não, eles continuam com o mesmo esgoto de ha 47 anos e meio atraz..