segunda-feira, 19 de abril de 2010

O novo movimento psicodélico norte-americano e 2012

Sei que alguns de vocês vão achar esse assunto esquisito, mas é interessante...

Deem uma chance ao Pinchbeck, apesar de suas excentricidades... Conversei com o escritor quando fui fazer a matéria que está no post acima.

A edição nº 1 da versão brasileira da revista Rolling Stone já havai trazido uma matéria sobre Daniel Pinchbeck, um escritor que está liderando todo um movimento psicodélico nos EUA.

Daniel Pinchbeck é autor do livro “2012: The Return of Quetzalcoatl” (o livro é de 2006. Quetzalcoatl é um Deus Maia que, segundo Pinchbeck, tem muitas semelhanças com Cristo) e colaborador de revistas como Wired e Harper’s Bazaar.

Nascido em 15 de Junho de 1966 o escritor é defensor do uso de substâncias psicodélicas como o LSD, Psilocibina e Peiote (a mescalina, muito famosa na década de 70 depois que Carlos Castaneda publicou sua dissertação de mestrado intitulada no Brasil 'A Erva Do Diabo').

Para Pinchbeck as drogas são capazes de aumentar o intelecto e a percepção das verdades espirituais. Ele é o filho do pintor Peter Pinchbeck e da escritora Joyce Johnson. O cara escreve e é moderador no site www.realitysandwich.com

Devo explicar que não concordo com a utilização de qualquer droga para o acesso aos planos espirituais, a expansão do intelecto ou a alteração da consciência. Acredito que qualquer meio químico utilizado para abrir nossa mente, que não seja o próprio esforço, meditações e reflexões a cerca do nosso comportamento, podem levar ao auto-engano. Contudo, Pinchbeck tem umas percepções que me parecem bastante pertinentes.

Além disso, ele vem liderando um movimento de tomada de consciência da relação do homem com o planeta nos EUA que é uma novidade positiva num país normalmente fechado a essa visão mais 'abstrata' da vida...

Pinchbeck experimentou pela primeira vez a mescalina há cerca de 10 anos nos subúrbios de Manhattan com um shaman da California apresentado a ele pelo poeta Michael Brownstein. Um ano depois, após encomendar ingredientes em um site de artigos botânicos, ele cozinhou o chá para dois amigos em seu apartamento.

O movimento norte-americano e a turma de toronto
Com a droga ele teve a seguinte percepção: “me veio um pensamento de que a consciência humana é como uma flor que desabrocha da terra”, escreve Pinchbeck. “O caule e as raízes são cordões invisíveis, filamentos etéreos que apontam de volta para um ser extradimensional maior. Nossa separação em relação a esse ser maior era apenas uma ilusão temporária. O universo era, nós saberíamos se pudéssemos perceber seus trabalhos, cheio de propósito e bom. Então estava olhando para cima a partir de meu túmulo enquanto terra era atirada em meu caixão. Ainda assim, esse ponto de vista estratégico de filme de terror não me incomodou. Me fez sentir calmo”…

O vídeo abaixo fala sobre 2012. Tem uma narração horrível, mas dá para abstrair. Daniel Pinchbeck escreveu um livro que fala muito sobre o Calendário Maia, aquele que prevê uma mudança planetária a partir do alinhamento do sol e dos planetas do Sistema Solar com o centro da Galáxia, passando pela constelação de Ofiúco (a constelação da Serpente), que, segundo o calendário, deve acontecer em 21 de dezembro de 2012.

Tempos Pós-Modernos - Rumo a 2012


Mudando um pouquinho de assunto, saindo de 2012 e me concentrando em Pinchbeck, o pensador e escritor também esteve no Brasil, mas precisamente em Brasília e na Amazônia, onde experimentou o Santo Daime. Abaixo uma parte do seu relato postado no site http://santodaime.org/comunidade/Jurua/daniel_report.htm Atenção: Quando Pinchbeck fala que tomou 'medicina', está se referindo a mescalina...

"Recentemente, visitei alguns centros do Santo Daime com Jyoti, nossa guia da rede Kayumari, e outros dez ocidentais da Europa e dos Estados Unidos, em uma viagem que durou três semanas. Nossa primeira parada foi Brasília, a capital do Brasil, uma cidade modernista construída a partir do nada em 1960. Ficamos na comunidade do Santo Daime nos arredores da cidade, e participamos de duas cerimônias enquanto estávamos lá.

Inicialmente, senti uma resistência profunda ao trabalho com Santo Daime. Nas cerimônias shamânicas que participei anteriormente, nós tomamos ‘medicina’ no escuro, e o foco era na experiência de visões individuais. Nas cerimônias do Santo Daime, as luzes ficaram acesas, e a energia focalizada em criar um tipo de mente grupal. Mais tarde, José Murilo e Fernando La Rocque, nossos anfitriões, explicaram que chamam isto de “shamanismo coletivo”. Também levei algum tempo para me acostumar com os hinos, que pareceram muito estranhos a princípio. Além disso, senti uma poderosa reação negativa à idéia de uma estrutura religiosa formal onde as pessoas usam uniformes, sentam em filas, e os homens são separados das mulheres.

Eu tive que sair constantemente da igreja. Saía para me sentar perto do fogo aceso do lado de fora ou andar a esmo olhando as estrelas. Há guardiões designados a tomar conta da cerimônia e eles sempre vinham até mim para me convencer a voltar para dentro. Para mim, naquele momento, me pareceu uma violação da minha liberdade pessoal ter de participar do trabalho. Voltei mas com grande relutância. Eu senti raiva de suas tentativas de restringir minha independência.

De Brasília, nosso grupo voou seis horas até a Floresta Amazônica no Oeste do Brasil. Ficamos em uma comunidade Daimista chamada Céu do Cruzeiro do Sul. Eles têm um lindo centro de cerimônias, pintado em branco e azul, com faixas coloridas. Para nossa única noite, organizaram um trabalho que implicava em dançar a noite toda. A dança era simples, de apenas dois passos, todos indo de cá para lá dentro de um espaço mínimo de um metro. Dancei um pouco, então minha resistência cresceu de novo. Saí e me sentei perto do fogo, depois voltei à minha rede. Nesta comunidade, ninguém parecia se preocupar se eu estava ou não em meu lugar.


Voltei sozinho para meu quarto de hóspede e percebi que não queria mesmo participar da cerimônia. Minha resistência desapareceu instantaneamente. Voltei e dancei o resto da noite, e comecei a entender porque o Santo Daime têm trabalhos de uma forma tão rigorosa. Quando eu me permiti entrar “na corrente”, como eles dizem, senti que a ‘medicina’ não estava apenas me apresentando a uma força ou presença divina, mas também limpando minha psique. Era parecido com a meditação Budista da não/mente onde pensamentos aparecem e desaparecem sem nossa interferência.

(...) Na manhã seguinte, voltei e sentei por um instante na igreja vazia. Pela primeira vez em minha vida, senti que entendia a natureza da devoção como prática espiritual. Me pareceu que a devoção era uma vibração ou um tipo de freqüência que ajudava a segurar a estrutura da realidade. Me emocionei e senti muita gratidão por ter sido apresentado a esta prática cerimonial.(...)


Ufa! Bem, como disse no início do texto não concordo com tudo - especialmente as experiências com as drogas - mas as idéias que ele tem defendido, são interessantes. Contudo, não aconselho, de forma alguma, que alguém embarque numa aventura semelhante com a mescalina brasileira ou norte-americana.

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