quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A PEC 300 e o novo fôlego na campanha de Maranhão

Apesar do último debate ter caído como um bomba em parte da militância do governador José Maranhão (PMDB), é inegável que há um novo alento na campanha peemedebista.

Alguns fatores são responsáveis por essa nova arrancada: entre elas a principal é a propostas de aumento para policiais militares, civis e Corpo de Bombeiros, inclusive para aposentados e inativos, a chamada PEC 300, e o aumento para os servidores estaduais.

O protocolo de entrega da ‘PEC 300’, foi acompanhado por vários policias em frente a Assembléia Legislativa (AL). Contabiliza-se cerca de 68 mil votos dessa categoria – esses foram os votos dados ao deputado federal Major Fábio (DEM) em sua campanha à reeleição. Entre os PMs a satisfação é evidente e há sim um sentimento de agradecimento ao governo do estado pela iniciativa. A apreciação pela AL do projeto dá a certeza, antes de tudo, que seja qual for o governo que venha a assumir no dia primeiro de janeiro, a categoria teria garantido seu aumento.

Conversei com um comandante de batalhão e ele me afirmou que é possível sim que o governador Maranhão tenha dividendos eleitorais com a medida. Esses dividendos, por si só, já podem garantir uma vitória.

Vale lembrar que Ricardo ganhou o primeiro turno por menos de 10 mil votos. Assim, mesmo contando com mais adesões de eleitores a sua campanha e adesões de eleitores que se abstiveram por considerar a campanha ganha por Maranhão no primeiro turno, como indicavam as pesquisas, não seria de bom tom o 'Mago' cantar vitória. Mesmo que a última pesquisa indique uma diferença pró-Ricardo Coutinho de cerca de 100 mil votos. Sabemos que as pesquisas no estado não são confiáveis. Nada está garantido.

Na verdade, é admissível conjecturar que os eleitores de Maranhão no primeiro turno, que também já acreditavam numa vitória, e se abstiveram, também venham a votar, agora para ajudar o governador a vencer o pleito. A disputa é difícil e ninguém pensa numa vitória de larga expressão.

Mas voltando a campanha peemedebista. Outro ponto favorável ao governador José Maranhão são as propostas estruturantes como o Porto de Águas Profundas e a interligação da malha ferroviária do estado com a Transnordestina. Há ainda a proposta do metrô de superfície, a ser implantado na região metropolitana de João Pessoa. Essas promessas, principalmente a duas primeiras, têm reverberado no eleitorado.

Ricardo Coutinho afirma que a as idéias – tanto do porto quanto da malha ferroviária –são grandiosas e dispendiosas demais e o Porto de Cabedelo pode ser melhor aproveitado para escoar a produção do estado.

Em resposta a isso, em seu Guia eleitoral, o governador tem afirmado que Ricardo Coutinho (PSB) é contrário a idéia do Porto de Águas Profundas por influência do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que não quer a concorrência com o porto de Suape. Maranhão anda ressuscitando a velha rixa entre os dois estados, o que não deixa de ser uma boa jogada de marketing.

Um outro fator que tem ajudado na campanha de Maranhão vem dos estados do Rio de Janeiro e do Maranhão, na forma do socorro financeiro dos colegas de partido, Sérgio Cabral e Roseana Sarney. A ajuda vem em boa hora e tem servido para ampliar o alcance de carros de som, santinhos e adesivos no segundo turno. Além de reforço para colocar em movimento a máquina da campanha.

O governador também tem encarado com valentia os debates nas TVs – já participou de dois, o da Clube e da Correio – e, ao contrário que muitos afirmavam, tem conseguido se sair até bem. No primeiro debate a onda de acusações de lado a lado foram tantas que a impressão é que ninguém ganhou, deu empate, e isso, para mim, significa vitória de Maranhão, já que é ponto pacífico que em frente a uma televisão Ricardo é melhor.

No debate da Clube Maranhão conseguiu se mostrar mais a vontade e preparado, enquanto Coutinho aparentava um nervosismo insuspeito. Conclusão: Qualquer clima de confusão nos debates tende a ajudar o candidato do PMDB e dissolver os ataques – normalmente muito bem feitos – de Coutinho. Não que as acusações entre ambos os candidatos não surtam efeito. O problema é quando elas são generalizadas, e não têm um respaldo factual claro. Fica parecendo apenas briga de opinião. Nem sempre dá para perceber onde está a razão.

No segundo debate, o da Correio, Maranhão até estava conseguido uma boa performance, mas sofreu com o fogo amigo nos quesitos do contrato da SP Alimentação com o Corpo de Bombeiros e na menção ao Prêmio Lindoarte Noronha. Essas deixas foram muito bem utilizadas pelo ex-alcaide da Prefeitura de João Pessoa.

Em relação aos dois guias eleitorais, ambos estão impecáveis, investindo em propostas e mostrando dois programas distintos de governo, Maranhão com propostas macro para a Paraíba, com obras portentosas como barragens, Porto de Águas Profundas, ferrovia para escoar a produção, metrô, construção de 50 mil casas e 422 salas de aula. Iniciativas que podem alavancar a economia do estado.

As idéias de Ricardo vão noutro foco. Estão em iniciativas mais pontuais, como o Empreender Paraíba, nos moldes do que é feito em João Pessoa, para o micro empresário. Construção e ou aparelhamento de maternidades em todo o estado, construção de 40 mil moradias, décimo terceiro do Bolsa Família, incentivo à agricultura familiar, comprando diretamente do agricultor estadual para abastecer a merenda escolar e um programa ambicioso para a disseminação da cultura em todo o estado. Iniciativas que também podem alastrar o desenvolvimento.

São duas formas diferentes de ver a Paraíba. Nenhuma das duas é ruim, mas cabe ao eleitor decidir em qual delas ele quer apostar.

O Debate, capítulo a parte
- É inegável que nos debates o governador José Maranhão tem conseguido se superar. Alguns afirmam que o peemedebista contratou o auxílio de uma fonoaudióloga para lhe ajudar no trato com a televisão. Não sei se isso é verdade, mas se for, não há nenhum demérito nisso. Pelo contrário, mostra a disposição de um homem de 74 anos de reformatar-se e modernizar seu discurso para atingir mais pessoas por acreditar que ele é a melhor opção para o cargo. De qualquer forma, com fonoaudióloga ou não, o governador tem conseguido melhorar seu desempenho a olhos vistos e merece parabéns.

Enquanto isso, Ricardo Coutinho tem conseguido, com mais sucesso no último debate da Correio, reverter os embates a seu favor de forma casuística, sem partir para um enfrentamento realmente ofensivo ou humilhante. A estratégia passa a idéia de um gestor ativo e moralista até, mas ao mesmo tempo tira a idéia de uma disputa pessoal.

Acredito que Maranhão não aposta apenas na sua melhora quando vai aos debates, mas também em algum escorregão de Coutinho. Afinal, a autoconfiança nesses casos pode ser um fator negativo.

Adesões e a campanha - Em João Pessoa as coisas continuam calmas. Bem, é verdade que as manifestações pró-Ricardo têm sido mais claras. A aposta é saber se Veneziano, Vitalzinho, Wilson Santiago, Manoel Júnior e Wellington Roberto vão ter o fôlego e a força necessárias para melhorar o quadro em Campina Grande e no interior. Algo difícil em tão pouco tempo, mas não impossível ainda por cima com uma campanha tão bem construída em suas propostas.

O PMDB ainda aposta muito no alto nível de abstenções no estado - as abstenções somaram 506 mil votos (18,48%), os nulos 237 mil votos (10,63%) e os em branco 101 mil (4,53%).

Mas as adesões para Ricardo também têm sido grandes – entre as maiores estrelas está o prefeito de Santa Rita, Marcus Odilon, e seu filho, Quinto de Santa Rita, ambos ex-PMDB.

Ainda pesa sobre Ricardo a campanha feita via internet o associando a pactos demoníacos e ateísmo. Coutinho parece que conseguiu reverter essa imagem negativa, ao fazer um guia abordando o tema diretamente e expressando sua religiosidade, mas pode ter havido estrago no interior, principalmente entre as pessoas mais humildes. Para calar de vez com os boatos, Coutinho também passou a inserir o nome de Deus em seus discursos.

Sim, outra coisa, já notaram que nenhum dos dois candidatos tocou mais no nome de Dilma ou Lula nos seus respectivos guias?

Sei não, a campanha está complicada. É claro que Coutinho tem vantagens, mas tudo pode acontecer... A próxima semana será decisiva.

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