sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Quem deve ganhar as eleições na Paraíba?


A eleição está difícil de suportar. As ofensas são tantas que às vezes é melhor desligar a televisão, fechar a caixa de e-mail e passar longe das rodinhas de conversa sobre política.

O primeiro tempo na eleição da Paraíba até foi tranqüilo, com o governador José Maranhão (PMDB) com a certeza que iria ganhar e uma campanha de Ricardo Coutinho (PSB) comendo pelas beiradas.

Aí veio a virada de Coutinho. Devo confessar que eu esperava a virada, ela era percebida no silêncio de João Pessoa e em como a campanha do ‘Mago’ vinha sendo recebida no interior do estado, principalmente em Campina Grande. Ela era esperada também pelo apoio de Cássio Cunha Lima (PSDB) e de Efraim Morais (DEM).

Foi nesta eleição que pela primeira vez os dois maiores colégios eleitorais do estado pensaram e votaram juntos. Abrindo uma nova possibilidade na Paraíba: é possível que Campina e João Pessoa tenham entendido que, ao se unirem, poderão levar quem quiserem ao Palácio da Redenção.

O segundo turno abriu com uma espécie de caça às bruxas. E, neste quesito, a eleição estadual repetiu a nacional, infelizmente. Trazendo a religião para a ordem do dia da pior forma possível. Através da intolerância e do preconceito religioso.

Analisando apenas os guias eleitorais, o governador José Maranhão saiu ao ataque, além de mostrar propostas, digamos, bastante sedutoras ao eleitorado. Contudo, Ricardo também conseguiu se defender bem, sempre de forma direta e, às vezes, bem humorada. O quesito humor ficou faltado ao guia do governador.

Ontem, quinta-feira (28), durante o debate, o governador afirmou que o ex-prefeito da Capital vinha perdendo votos. É possível. Afinal, Maranhão aprovou a PEC 300, chamou os concursados da Polícia e da Saúde nesta sexta-feira (29) e já disse que irá dar aumento para os servidores. Além disso, a campanha apostou em inserções negativas sobre Coutinho, mostrando um vídeo antigo onde ele aparece brigando com o deputado federal Luiz Couto (PT) e um áudio onde ele parece defender algum tipo de regulamentação das drogas. Não dá para saber de fato, já que o áudio está editado e é apenas um trecho de uma fala maior. Coutinho nega que tenha defendido tal legalização.

Nada disso é mais chocante do que os panfletos apócrifos distribuídos pelo estado sobre um tal pacto satanista que o socialista teria feito e para isso teria espalhado obras pela capital. Não estou dizendo que Maranhão realmente distribuiu os panfletos, mas é claro que tira dividendos eleitorais do evento.

Todavia, tudo isso pode não surtir os efeitos realmente positivos como gostaria o governador. Na verdade a situação pode ser pior em João Pessoa e Campina Grande – na cidade da Borborema, por conta de Cássio Cunha Lima e sua via crúcis no Supremo Tribunal Federal, e em João Pessoa por uma certa indignação em relação exatamente aos panfletos e porque parte da militância de Coutinho não tinha entrado na briga no primeiro turno, e agora parece mais unida.

Os peemedebistas, semana passada, afirmavam que Ricardo Coutinho tinha cerca de 4% de vantagem, enquanto os socialistas, segundo pesquisas internas, afirmavam que tinham 16%. Fazendo a média, era possível que Coutinho tivesse 10% de vantagem. Com todos esses acontecimentos novos nesses dias, é difícil fazer um prognóstico. Mas, para mim, neste momento, o socialista ainda ganha...mas vejamos o que dirão as urnas no domingo.

Um comentário:

Waldise Fragoso disse...

Gostei muito do texto,expressa a integridade que caracteriza a sua personalidade.Estou tão distante... mas posso imaginar o clima de inferioridade que permeia as questões do poder na Paraíba.Sempre que posso tenho lido seus textos.Esta é uma forma de ficar por dentro do que acontece por aí.Waldise,Manaus.31/10/10.