quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Segundo turno na PB: a difícil tarefa de Maranhão


Os peemedebista se questionam onde o governador José Maranhão (PMDB) errou nesta campanha. O guia no rádio e TV estava bom, bem melhor do que o de 2006. Talvez fosse um pouco oficial demais. Todavia, não acredito que isso fosse algum problema. O arco de alianças era vasto. A mídia era predominantemente a favor – não concordo com a crítica de Gilvan Freire (PMDB) a Lena Guimarães, acredito que ela fez exatamente o que se esperava dela, e, sob essa ótica, fez bem feito. Teve apenas um entrevero com a TV Master, mas isso foi resolvido pró-governo. E convenhamos, a TV Master não é nenhum show de audiência.

Para mim, a princípio, não há erro – talvez não comparecer ao último debate na TV Cabo Branco e aos debates em Campina Grande pode ter contribuído. Mas é fácil identificar que o governador fez uma matemática simples: eu perco mais votos se for ou se não for? Acho que ele estava correto, o número de defecções poderia ter sido maior indo aos debates e sendo detonado por todos os candidatos.

Já apontaram como bode expiatório a cara de poucos amigos do coordenador da campanha, Marcelo Weick, prontamente demitido. Também já se falou do trabalho insuficiente da turma de Campina Grande e até de traição em Santa Rita e Bayeux. Eu disse no post anterior que para mim Campina deu à Maranhão o que tinha. O resto não vota no peemedebista simplesmente porque ele cassou Cássio Cunha Lima (PSDB).
Se houve traição em Santa Rita e Bayeux, não sei, mas vale a pena lembrar que as duas cidades estão muito próximas de João Pessoa e recebem influência e vêem de perto a administração socialista na Capital. O que torna fácil para os cidadãos formarem sua própria opinião.

Talvez um erro seja que o governador tenha subestimado a disputa. Os peemedebistas contavam como certa a vitória no primeiro turno. A surpresa deles é tão genuína que custo a acreditar que tivessem alguma pista do que estava sendo traçado nas urnas. Acho que as pesquisas não mentiram só para a população, mas também para os próprios peemedebistas. É estranho que nas suas sondagens internas não houvesse essa indicação, até por assumirem no guia uma disputa renhida.

Agora, Maranhão luta por apoios, já conseguiu a adesão de Toinho do Sopão – deputado estadual que teve 41 mil votos só em João Pessoa, o restante foi na região metropolitana da Capital – e tenta convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a candidata Dilma Rousseff (PT) de virem á Paraíba.

Para mim Toinho do Sopão não transfere votos. Talvez um ou outro. O que pensar de um candidato que ostentou o apoio de Ricardo Coutinho (PSB) durante toda a sua eleição e muda de lado no segundo turno. O deputado se arrisca é a perder seu contingente eleitoral.

Em relação a Lula, a última coisa que Lula pretende fazer nesse momento é se indispor com o PSB de Eduardo Campos e Ciro Gomes, os dois, respectivamente, coordenadores regional e nacional da campanha de Dilma. Outra coisa, o PSB acabou de perder o Rio Grande do Norte para os Democratas. Eles pretendem investir com tudo na Paraíba e no Piauí, estados onde ainda disputam a eleição. Por isso a campanha vai ferver.

Os socialistas pensam da seguinte forma, o governador teve a chance de ganhar no primeiro turno com o apoio de Lula e não conseguiu. Agora, Maranhão estará sozinho e contra toda a estrutura que Eduardo Campos utilizou em Pernambuco para se eleger, que será montada em favor de RC.

Por enquanto, a estratégia do PMDB foi reformatar a coordenação de campanha, chamando puxadores de voto e políticos experientes (Wellington Roberto, Vitalzinho, Manoel Júnior, Veneziano e Wilson Santiago) para tocar o segundo turno. Concentrar atenções em Campina, Bayeux, Santa Rita e João Pessoa. Mudar a equipe que irá fazer o guia eleitoral.

São muitas mudanças, é verdade, que podem surtir efeito ou desagregar ainda mais a campanha.

Em Campina, o PMDB tentará colar a idéia de que Veneziano será o sucessor de Maranhão em 2014 e em João Pessoa irá reforçar a atenção nos votos nulos e nas abstenções (na verdade esse foco será uma ênfase para todo estado). Os peemedebistas acreditam que Maranhão foi prejudicado com o voto duplo para Senador. Segundo eles, muitos eleitores acabaram se enganando ou errando quando foram votar para governador. O esforço vale mesmo a pena já que as abstenções somaram 506 mil votos (18,48%), os nulos 237 mil votos (10,63%) e os em branco 101 mil (4,53%).

Contudo, do outro lado, Maranhão terá que enfrentar Cássio como coordenador da Campanha de RC. Desde que foi cassado o ex-governador tem apenas um projeto certo: defenestrar o peemedebista do Palácio da Redenção. Ele pretende se empenhar ao máximo nisso, não há dúvida. Há um outro fato: ao contrário dos maranhistas, os ricardistas estão muito mais confiantes agora e a militância será forte. Além disso, é mais fácil prever adesões para Ricardo do que para Maranhão nessa segunda empreitada. É necessário dinheiro para mover a campanha...

Ricardo também mudará o marketing da campanha, dispensou Duda Mendonça e repassou a batuta para a Mix, a mesma que fez a deliciosa propaganda eleitoral de Efraim Morais (DEM). Do lado de Maranhão quem deve comandar o guia é Anderson Pires, ex-Agência Signo Comunicação, ao que tudo indica. Será um embate interessante entre duas agências de publicidade da terrinha.

A campanha promete momentos fortes. Afinal, a diferença é pequena e o tempo é curto. Por isso, é possível que ao invés de discutir os programas de governo – que são diferentes e ambos interessantes – é possível que um ou outro candidato ceda a tentação de jogar lama no ventilador.

6 comentários:

Anônimo disse...

Prezado. òtima análise. Só uma retificação: a eleição para prefeito foi em 2004, e não em 2002. Ok?

Anônimo disse...

HOSPRECAMPINA É SUI GENERIS.
LÁ NINGUEM QUER SABER DE LULA.
VEJAM A SURRA QUE ÊLE LEVOU PARA SERRA. E A COISA SE REPETE. É MELHOR MARANHÃO NÃO LEVÁ-LO PARA LÁ.

Alessandro disse...

Magnifico comentari!!!! Ricardo se fortaleceu e Zé tem ainda mais um grande adversario que são os votos flutuantes...Aqueles que votam em quem está na frente... Antes quando ele se apresentava muito na frente na pesquisas, ele tinha todo esses votos, e ricardo nenhum. Entao os Eleitores de Ricardo em sua maioria são os que ja tem voto definido. Entretanto agora esses votos vão se dividir e no dia 3 de outubro vamos ver quem flutuará com esses votos!

Anônimo disse...

Ótimo comentário,
tudo que pensava você conseguiu escrever, também parabenizar pela sua imparcialidade.

Marcelo disse...

Prezado Paulo,

Parabéns pela análise.

E o que dizer das pesquisas, hein??
Tendenciosas ou não??
Um verdadeiro absurdo a tentativa de influenciar a decisão do eleitor.

Até mais.

Anônimo disse...

Como nesse País, o trabalho e a honestidade são meros detalhes a se julgar de uma pessoa, é tanto normal que o "povo de Campina" não queira ver LULA nem "pintado de ouro", quanto candidato furtador e impugnado receba mais de 1 milhão de votos...

Plenitude da normalidade!