sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Xô ódio!: Os panfletos apócrifos e o mau exemplo


Custo a acreditar que tenha sido José Maranhão (PMDB) o artífice do panfleto apócrifo distribuído pelo estado, mas é evidente que é o governador quem tem mais a ganhar ao ver denegrida a imagem de Ricardo Coutinho (PSB). Por isso, ainda que não se possa responsabilizá-lo pelos panfletos, o candidato peemedebista se torna responsável pelo menos por não ter se solidarizado com Coutinho e afirmado, veementemente, sempre que possível, que não coadunava com aquelas idéias.

Ao invés disso, Maranhão levou para a sua campanha, para os debates e para os comícios, a imagem de Nossa Senhora e o nome de Deus, era uma estratégia velada de ataque e de acusação. Era evidente. Era como se dissesse: não sou eu que fez os panfletos, mas eu sou temente a Deus. E o meu adversário, será que é?

Por conta disso, Coutinho foi obrigado a expor sua crença religiosa. Disse que era cristão e foi aos templos contar tudo que estava vivendo e pedir ajuda.

Todo esse clima que tripudiou em cima das crenças afro-brasileiras fez com que alguns adeptos do governador José Maranhão passassem a andar com uma cruz acusado os eleitores de Ricardo de macumbeiros. Xô macumbeiro! Foi o xingamento que levaram duas conhecidas minhas. Uma era uma empregada doméstica e outra uma funcionária pública. Triste obscurantismo este, que começa a afetar a mente e o coração dos paraibanos.

Agora peço que esqueçamos a cor partidária, planos de governo, e as lutas de grupos políticos por um momento. Vamos pensar longe do calor da política e dos nossos desejos, necessidades, do emprego, do que quer que seja.

Vejam bem, quando alguém ao ver o outro sendo acusado de uma forma caluniosa, ofensiva, destruidora e invejosa, ainda que a acusação tenha algum fundamento, o que não é o caso, não pode silenciar.

Quem observa a acusação caluniosa em silêncio é cúmplice e quem quer tirar proveito dela, se traveste do próprio acusador. Quem observa não pode calar. Mesmo que vá ter que ajudar ao seu oponente. Simplesmente, porque uma vitória assim não seria digna.
O oponente deve sempre estar preparado para um ato que está além da disputa. De cristandade, de solidariedade e de verdadeiro respeito à vida, como nos ensinou o maior de todos os mestres que esteve na Terra. Afinal, tudo passa, só a consciência permanece.

Por isso, tanto José Maranhão, quanto José Serra (PSDB), os dois Josés, cometeram um deslize: perderam a oportunidade, acredito, de ganhar a eleição ao não serem capazes de mostrar que o bem humano era mais importante que a disputa pelo poder.

Por isso, mesmo que o governador Maranhão tenha feito um esforço hercúleo nos debates, se mexeu como nunca atendendo as propostas dos servidores e policiais, e conseguiu até mostrar um plano de governo interessante, não acredito que ele vá ganhar a eleição.

Na vida há homens capazes de matar para ganhar e há homens capazes de morrer pelo bem, aí está a diferença dos falsos ganhadores e dos verdadeiros perdedores.

Às vezes é preciso deixar-se morrer para ganhar. Afinal, perde-se o poder, mas não o coração. Porque no final das contas, no fechar dos olhos, o que ficará se vendermos até a alma?

Podem me dizer que esses ideais são altos demais para os pobres mortais. Mas pergunto: devemos nos mirar nos animais?

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