quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Haverá segundo turno na Paraíba?


Estive acompanhando o guia eleitoral da Paraíba – e o nacional, é claro, mas vou me ater a terrinha e vou tecer aqui algumas impressões. Primeiro algo que não tem a ver com o guia, mas é mais uma impressão.

Ainda que o governador José Maranhão tenha conseguido juntar um bom número de pessoas para a carreata nesta quarta-feira (14), na Capital, ouso dizer que João Pessoa está silenciosa. Um silêncio que é torturante para alguns e cheio de presságios para outros. Ele significa dizer que está cada vez mais difícil apontar para onde a cidade irá pender nas eleições: se para Ricardo ou Maranhão.

É evidente: há um bom número de carros com adesivos de Maranhão e um número mínimo com adesivos de Ricardo Coutinho. Alguns têm falado que isso é porque a campanha do ‘Mago’ tem tido pouco dinheiro para distribuir adesivos. Todavia, outros afirmam que a Capital está mesmo na entoca e só deve revelar sua preferência explícita nas urnas, o que pode ocasionar surpresas desagradáveis para os candidatos.

Há uma questão clara em se tratando dos votos do pessoenses: uma rejeição quase automática em relação a Cássio Cunha Lima (PSDB). Essa rejeição é anterior a qualquer sentimento de traição dos partidários de Coutinho, devido a aliança que ele fez com o grupo de Campina Grande e com o Democrata Efraim Morais. Vem do revanchismo (para mim tolo) entre João Pessoa e Campina Grande.

De qualquer forma, se até cerca de um mês atras o governador tinha clara uma vitória sobre Ricardo, o horizonte agora parece mais enevoado e sujeito a trovoadas. Tanto é assim que o peemedebista resolveu se licenciar para arregaçar as mangas na campanha. Talvez Maranhão sinta que está perdendo terreno. Os correligionários defendem a licença do chefe do executivo afirmando que assim é melhor para evitar qualquer tipo de contestação jurídica no futuro por uso da máquina pública.

Contudo, a julgar pelo nível da campanha na televisão há realmente uma preocupação no staff peemedebista. Senão vejamos. Tomemos como exemplo a campanha da ex-ministra Dilma Rousseff (PT). A campanha petista não tem respondido a ataques e raramente solta farpas em relação ao adversário. Baseia seu guia em propostas e numa campanha sentimentalista onde cola a imagem da candidata com a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Enquanto isso a campanha de José Serra (PSDB) bate quase todo dia, dando vazão a escândalos veiculados na grande mídia.

Assim, tomando por exemplo a campanha de Dilma. Estar na frente nas pesquisas dá uma certa folga à campanha e possibilita ao candidato uma postura até elegante de fingir que nada que é dito pode lhe atingir. As respostas podem até acontecer, mas nunca, ou raramente, é citada a fonte da acusação e alvo da resposta.

No caso da Paraíba, convenhamos, foi Maranhão quem começou batendo no guia. Ricardo, que vinha apresentando um programa para lá de xoxo, sentiu o golpe e tratou de começar um movimento de ataque. Agora os dois atacam. Maranhão com mais veemência, sejamos justos, ainda que RC tenha lançado uma ofensiva dura ao praticamente chamar o governador para um duelo, em um dos programas.

Apesar disso, é Maranhão que ainda hoje inicia e termina o programa citando o candidato oposicionista, fazendo acusações e denúncias. Coutinho utiliza uma parte do programa para atacar Maranhão em suas propostas de governo, de forma direta, e pela tangente, ao mostrar realidades difíceis com as quais o estado ainda vive.

Há também 'respiros' cômicos na campanha. Os dois candidatos conseguiram feitos no youtube através do humor. Os simpatizantes de Maranhão postaram no site público um vídeo intitulado ‘O Grande Assalto’, uma paródia ao tema da campanha de RC. Nesta semana o grupo de simpatizantes do ‘Mago’ postou ‘Zétrocesso cantando Raul’. Igualmente divertido.

Mas tudo isso leva a uma conclusão: a contar pelo que se vê nos guias, Ricardo tem crescido a ponto de incomodar Maranhão que agora luta para reverter a tendência. Nada está garantido, mas o comitê de RC conta como certa a vitória em Campina Grande e João Pessoa. Todavia, luta para que a margem na Capital seja folgada, algo complicado a princípio, mas nessa altura do campeonato cada vez menos impossível. Afinal, João Pessoa anda silenciosa demais...

Para o Senado - Outro que tem mostrado grande confiança no pleito é o ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB). Com um guia monótono, onde apresenta seus feitos e propostas diretamente, Cássio aposta em seu próprio carisma e, assim como Ricardo, dá uma de âncora do próprio programa eleitoral. O tucano demonstra que não vê como uma realidade sua impugnação e muito menos uma derrota. Cássio demonstra cada vez mais que vai levar a disputa até o fim.

Também é visível o crescimento de Efraim Morais (DEM). Centrando a campanha num programa para lá de bem humorado e popular e casando sua eleição a de Cássio, além de emplacar propostas como o décimo terceiro do Bolsa Família, proposta encampada por RC, Efraim tem conseguido deixar para trás Wilson Santiago (PMDB) e Vitalzinho (PMDB).

Vitalzinho cresceu, mas tem encontrado resistência, e ao que tudo indica, a disputa é ferrenha com Efraim. Basta saber agora se o empenho do prefeito e irmão Veneziano (PMDB) vai surtir efeito. Wilson Santiago (PMPDB) se esforça, mas está difícil.

Vou arriscar um palpite: Apesar de eu gostar da idéia que as coisas sejam definidas num primeiro turno, se o que se vê na TV é a projeção da realidade que os candidatos vêem nos seus comitês e nas ruas, é bem possível que o clima eleitoral esteja mudando na Paraíba, não me pergunte como. Não sei se pode ter segundo turno com apenas dois candidatos fortes no pleito. Mas tem muita gente apostando nisso.

Há um outro ponto. Ricardo, Cássio e Efraim têm investido numa tática também utilizada nas eleições de 2006. Concentrando a campanha no interior do estado, nas pequenas cidades. Vale a lembrança, Cássio, em 2006, teve boa votação em Campina, melhorou sua performance em JP, apesar de ter perdido na capital, ganhou em algumas cidades de porte médio, mas tirou a diferença mesmo foi nas pequenas cidades. Creio que o candidato socialista pensa que não é tão difícil conseguir uma performance semelhante...

E mais, é bem possível que a dobradinha Cássio e Efraim seja eleita.

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