sexta-feira, 21 de maio de 2010

Saber mentir é sinal de inteligência ?


Nos últimos dias me deparei uma notícia chocante produzida pela BBC. Esta cujo título nomeia este artigo. Abaixo um trecho da matéria.

A capacidade de uma criança pequena de contar mentiras é um sinal de inteligência, sugere um estudo feito no Canadá e divulgado pelos jornais britânicos The Times e Daily Mail nesta segunda-feira. Segundo os cientistas responsáveis pela pesquisa, os complexos processos mentais envolvidos na formulação de uma mentira são um indicador de que a criança atingiu um importante estágio no seu desenvolvimento, e algumas passam por essa mudança antes que outras.

O estudo, realizado pelo Instituto de Estudos da Criança da Universidade de Toronto, no Canadá, envolveu 1,2 mil crianças e jovens com idades entre dois e 17 anos. Apenas um quinto (20%) das crianças de dois anos avaliadas no estudo mostraram ser capazes de não falar a verdade. Já aos quatro anos, 90% das testadas mentiram.”.
A matéria finalizava dizendo: “Segundo os pesquisadores, pais mais severos ou uma educação religiosa não interferem na habilidade ou frequência de mentiras. Os cientistas também disseram que aparentemente não há relação entre saber contar mentiras logo cedo e desonestidade na vida adulta.
”.

Uma parte dos cientistas britânicos são exímios estudiosos de tolices. Parece que se divertem com isso. Mas essa inteligência advinda da mentira, para mim, é questionável. Entendo que para mentir os processos mentais envolvidos são complexos e isto aplicado à uma criança pode ser surpreendente. Entendo que somos inteligentes quando compreendemos que às vezes uma mentira causa menos mal que uma verdade.

Principalmente quando ela não prejudica ninguém e evita conflitos desnecessários.
Mas há conflitos que são necessários. Há verdades que precisam ser ditas e é neste momento que a mentira está associada à burrice, não à inteligência. Somos burros quando preferimos o caminho mais fácil da mentira. Estimulamos em nós o medo, a insegurança, o sentimento de falta de capacidade, os complexos de inferioridade.

A mentira desagrega nossa personalidade e nos afasta cada vez mais de uma inteireza unificadora. Veja bem, a pessoa que mente perde o fio da coerência e tem que gastar uma enorme energia para lembrar quais foram as versões que ele contou e para quem. Ainda que para isso o cidadão precise utilizar uma inteligência digna de psicopata, muitas vezes. É um esforço que serve apenas à desagregação.

Grandes estrategistas são inteligentes, é verdade, mas é preciso ter em mente qual a finalidade da estratégia. Afinal, a pessoa pode estar imbuída de imensos processos mentais que se mostraram, no futuro, completamente desnecessários. Todo o esforço serviu apenas para que ele acumulasse estresse, sofrimento e tristeza, em si, e em outras pessoas.

A inteligência está na honestidade, na clareza, na naturalidade, no amor. Basta um único argumento para frisar isso: Manter essas qualidades exige muito mais entendimento, compreensão, capacidade de agregação, do que contrário.

Afinal, manter a fé, a crença em si mesmo e na humanidade, a boa vontade, o pensamento positivo e se manter em constante busca pela verdade interior e exterior é muito mais desafiante. Ainda que, para muitos, aqueles que se aventuram por esse caminho nem conseguem muita coisa. Talvez seja verdade, muitos não têm lá seu carão do ano importado, nem uma mansão em Santa Tereza, mas são mais...leves e tranqüilos, estão em paz com a consciência, com a alma. Como diz aquela propaganda do cartão: tem coisas que não têm preço.

Não sou contra a mentira – não totalmente, sem falto moralismo – mas é preciso saber que a mentira não é um meio, nem um fim, apenas que ela pode ser usada em alguns momentos. Só isso. Éo contrário de dizer que ela deve ser usada. A mentira não deve ser um meio de vida.

Para relaxar um vídeo com uma música meio velhinha do Kitaro, um dos papas da New Age.

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