segunda-feira, 17 de maio de 2010

Abaixo os diplomas! Avisem à ciência: a academia morreu



Quando eu era adolescente gostava de fazer algumas brincadeiras, entre elas, toda vez que mandava um cartão, depois das mensagens costumeiras eu tascava:

Deus salve todas as baleias lésbicas’.

Nada a ver com mulheres gordas. Era só uma brincadeira...uma forma de sair do lugar comum. Era uma forma do sair do esperado...

Mas o que eu tenho para falar não é nada sobre gênero... o assunto é outro:

A academia.

Relutei ao máximo em dar a mão a palmatória para a academia, a faculdade, a universidade, o meio acadêmico, até que não vi mais jeito e acabei cedendo. Não por considerar que a academia teria realmente algo para me ensinar, simplesmente porque a sociedade cobrava o diploma como aval de conhecimento. Mentira. Um diploma não prova nada, todos sabemos disso.

Há inúmeros médicos que são carniceiros, ignorantes e loucos com um diploma na mão. Se acreditando deuses e tratando mal seus pacientes, negligenciando e até cometendo atrocidades. Há inúmeros jornalistas sem ética e sem alma que escrevem mecanicamente e passam longe de qualquer olhar crítico sobre a realidade. O único olhar crítico é o das suas próprias necessidades, a necessidade dos seus bolsos. Assim mudam de partido, de ideologia, de opção, dependendo quem paga mais. E o pior é que nem dá para recriminar. A profissão é quase um beco sem saída...

Sei que maus profissionais há por todos os lados, assim como pessoas dignas e corretas, que tentam seguir o que acreditam. Não é este o problema, para mim o problema é a academia com sua visão torpe da realidade. Uma realidade envolta em livros empoeirados. Caros acadêmicos, os livros quando não se tornam prática, são apenas palavras mortas.

Na tradição oral, dentro da Kabalah, existem preceitos que devem ser seguidos, mas quando esses preceitos são realizados mecanicamente algo está errado. A Kabalah entende que aquela escola morreu. A verdade não está mais ali. Esse é o entendimento do ensino dentro dos portões das sociedades secretas. Essas sim universidades que tratam seus discípulos como livres pensadores, sem que estejam atrelados a nenhum dogma. Essa tradição do esoterismo – lembrem que a palavra esoterismo refere-se a formação interior, diferente de ezoterismo – consegue olhar para si mesma e dizer quando está morta. É uma dica para os seus seguidores.

A academia está morta a séculos, mas seus estudiosos continuam lidando com seu cadáver como se estivesse tratando com algo vivo.

E o pior é que esses estudiosos acreditam que pensam a realidade. Uma realidade que estranhamente apenas é repetida. Ninguém diz nada de novo, é só um exercício inútil de repetição para satisfazer os egos.

Já notaram que não se pode falar nada de novo na faculdade. Tudo lá precisa ser comprovado com outro estudo que já tenha dito algo parecido. Ficamos com a impressão que tudo não passa de ‘ventriloquismo’. Os novos estudiosos são macacos de imitação de outros estudiosos famosos que por sua vez se baseiam em outros estudiosos do passado... é dogma acadêmico: o factual. O fato, o empirismo.

Acho que a academia se perdeu em algum lugar do passado com seu excesso de empirismo e sua sede pelo fato. Caros, há afirmações que são verdade, mas que o fato não as alcança. Jamais alcançarão, porque nossos métodos científicos são estreitos demais.

Só para ilustrar: o pensamento existe, mas não pode ser tocado. Ninguém jamais abriu a mente para encontrar esse tal pensamento. A alma também existe, ainda que ninguém consiga vê-la – essa idéia do Eu que vai além do corpo físico, esse sentido de individualidade que está para além das orbitas dos olhos. Como prová-la?

Mas para a academia a alma e o corpo são uma coisa só. São o nome, os títulos, a função. Isso é o que são as pessoas.

Outro exemplo: O amor existe, mas também é invisível, assim como Deus. Entenderam? É difícil provar conceitos abstratos...

É triste, mas esse é o mundo que criamos. Um mundo cético, um mundo onde a ciência é o novo deus. O que ela diz é lei. Uma ciência envolta em seus próprios dogmas. Mas estamos encurralados, pois se não somos adeptos dos dogmas da ciência, estamos sujeitos a um mundo fundamentalista na religião. Uma religião envolta em seus próprios dogmas. Entendo que a verdade não é absoluta, apenas Deus é. E para conhecer está Verdade (Deus), ainda estamos muito longe...

Bem, Deus salve todas as baleias lésbicas... porque ninguém está nem aí... se é que me entendem...

E se você quer saber se sou contra ou a favor do diploma de jornalismo. Acho que para proteger a categoria seria melhor a regulamentação da profissão, porque sabemos como os patrões só querem um pezinho para soltar o chicote de feitor. Quando falo 'Abaixo o Diploma!' falo do sistema como um todo. Espero que tenha ficado claro...

Sim, outra coisa. É verdade: Só vim aprender a ser jornalista na redação, mas acredito que essa constatação só corrobora mais ainda as observações que estão acima...

2 comentários:

jussara disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
jussara disse...

Fazia muito tempo que não ouvia essa frase lá dos primórdios da nossa amizade... E a gargalhada doi boa!
Concordo. Eu mesmo já sofri por não ter um diploma e ao mesmo tempo tinha paradoxo... Ser ou não ser eis a questão..." Para que? Para mim? Não pera eu ficar bem na foto.
Beijos!