quinta-feira, 27 de maio de 2010

Os Deuses da Mudança e a Meia-Idade


Normalmente, quando a meia-idade chega nos homens, muitos resolvem que o melhor é mudar de casamento e trocar a mulher de quarenta ou cinqüenta por duas de 20.

Garotas, só a título de informação: a crise da meia-idade acontece para a maioria das pessoas entre os 38 e 45 anos. Ela se repete novamente entre os 56 e 60 anos. Posso dizer para vocês: É foda! E não é com PH de Farmacia, nem dois ‘O’s de Cooperativa. É foda em latim arcaico!

Para quem não saca astrologia – também não sou nenhum expert, mas dou minhas tapas – é nesse época que os planetas lentos – os 'deuses da mudança' Plutão, Netuno e Urano - fazem picadinho do ego. E no meio de tudo isso, ainda tem Saturno, o cobrador, batendo na porta.

Mas além do desejo de querer mudar a relação por outra diferente, também aparece aquela sensaçao que nada dá certo. NADA DEU CERTO, NEM DARÁ.

Sobre as relações afetivas, fica aquela sensação que talvez seja melhor ficar assim... galinhando...A gente pode começar a acreditar, ou desconfiar, que as pessoas não foram criadas para viverem a dois. Mas essa sensação de impossibilidade avança também sobre outras áreas. A gente olha para o trabalho e pode pensar que ele não é o que se esperava. Lembra dos sonhos de criança e da juventude e fica com a impressão que eles ficaram pelo caminho. Olha para o mundo e só vê uma bagunça sem sentido...

Às vezes nada dá certo mesmo (em várias áreas) e muitos de nós escapam pelo sexo. Bem, não posso dizer que essa é a melhor saída, mas é a saída de vários moços quarentões, cinquentões, sessentões...

Claro que muitos homens que viveram uma relação de casamento duradoura, e sairam dela, acabam apostando noutra relação. Muito mais do que não querer ficarem soltos, simplesmente eles não conseguem ficar sem alguém que cuide deles. Não levem a mal meninas, nós somos muito filhinhos da mamãe. No final das contas, acho que um dos problemas é esse: os homens são criados para serem provedores, mas como tudo está mudando nessa sociedade, esses 'provedores' hoje estão se sentido perdidos e cada vez mais deprimidos, sem identidade...Mas esse é só um dos lados dessa história.

Esse momento é considerado um dos períodos cruciais da vida. Vale ressaltar que o termo meia-idade reflete exatamente isso. O período onde temos a percepção que estamos na metade da vida. É hora de fazer um balaço e de perceber que a gente não tem mais o mesmo gás de antes para começar tudo de novo. Perceber que se não conseguiu fazer até agora o que tinha se proposto com 20, é melhor ajustar o foco, para evitar frustrações e depressões futuras.

É a hora de fazer um cálculo frio: se até agora eu não cheguei onde eu queria chegar, eu não alcancei o que queria alcançar, é improvável que consiga, exatamente o que sonhei alcançar quando tinha 20, nos próximos 40 anos (se pensarmos que a vida vai até os 80, em média). A medida que o tempo passa o mercado de trabalho fica mais arisco, as relações afetivas ficam mais escassas, o sexo fica mais complicao. É preciso resolver uma série de pendências para chegar aos finalmentes e a gente costuma levar muitos problemas para a cama. Tem que ter cuidado para a hora não ficar parecendo uma masturbação, apenas um exercício para diminuir o estrsse. E ainda tem a tendência política, que nessa idade pode ir dando uma guinada à direita. Então, está na hora de sentar e pensar no que é possíve ser feito...

Não quero assustar os mais novos, nem ser pessimista com a classe masculina, mas o horizonte ficar meio turvo, é fato. Então, vamos por partes.

Breve histórico planetário - Para entender melhor quais as forças em jogo, é bom fazer uma visita aos livros de história clássica e mitológica desses deuses Greco-romanos - Plutão, Netuno, Urano e Saturno. Dá para fazer um paralelo do que nos acontece com a história e características desses deuses. Entendam, não é que eu acredite nos deuses gregos, mas aquelas histórias - pensem que são como arquétipos, mitos que ainda que não tenham existido de fato se repetem - acaba se refletindo de alguma forma na vida da gente. É dessa forma que eu entendo e tenho estudado. Assim sendo...

Plutão era conhecido como o deus do submundo, do mundo dos mortos. Era conhecido por usar um capacete que o tornava invisível. Segundo o mito, não havia ser vivo que conseguisse adentrar o mundo plutoniano e sair ileso. Há várias histórias mitológicas que dizem categoricamente: plutão é o ceifador.

Só para entender melhor essa inter-relação entre o mito e a nossa vida. Os antigos diziam que há sete portais no mundo subterrãneo – acredite, o nome inferno não surge aí porque o lugar era tranqüilo – e em cada portal o mortal, ou o morto, era obrigado a tirar uma peça de roupa, até se postar, completamente nu, em frente a Plutão. A redenção viria após o reconhecimento dessa força obscura. Era preciso curvar-se e admitir que não havia força que pudesse fazer frente ao deus.

Assim, transpondo essa história mitológica para os dias de hoje, é possível dizer que Plutão 'se encarrega' de nos fazer viver situações limites para que possamos rever padrões, valores e formas de vida. Muitas vezes coisas que nós nos achávamos incapazes de fazer, descobrimos que podemos vir a fazer. Para o bem e para o mal. Plutão prova que podemos ir além dos nossos limites.

Netuno é o deus dos mares. Também afeito a fúrias poderosas e devastações. Com as águas netunianas nada mais tem forma. Muitas vezes o mundo, a profissão, os amores perdem o sentido quando estamos sob a égide dos aspectos netunianos. Perdemos até a capacidade de entendimento do que nos acontece. Angústia, depressão, fuga, são palavras muitas vezes associadas a esses momentos. Na verdade Netuno não quer nada mais do que dissolver nossa percepção da realidade e nos obrigar a seguir em direção ao sentido da vida. Um sentido que muitas vezes requer que façamos alguns sacrifícios.

Urano é o apelo para o futuro. O raio. O deus que busca o diferente e o comum – no sentido de universal. É a inteligência superior. É capaz de nos arrancar de situações as quais estamos apegados ou acomodados para nos fazer ver a necessidade de passos desbravadores. Uma atitude nem sempre fácil de fazer, principalmente quando essas ações significam perda de algum tipo de segurança.

Por último, tem Saturno que passa dois anos cobrando, cobrando, cobrando. Do tipo: E aí, fez o que prometeu no nosso encontro passado? Cumpriu, alcançou, chegou, entendeu, construiu...?

São realmente anos que nos desafiam...Mas acreditem, há luz no fim do túnel - e não é um trem vindo na sua direção (rs). Esse período passa e vamos nos renovando. Chegamos do outro lado desses dias com mais gás, mais experiência e força total até para recomeçar, se for preciso. Mais seguros, focados e, quase sempre, profundamente transformados, normalmente para melhor. Claro, há aqueles que não conseguem fazer a virada, esses se enraizam na certeza que são o que são, não podem e não irão mudar. Venha tempestade, vá tempestade, furacões, terremotos, maremotos, nada vai alterar sua vida. Para esses um ensinamento chinês: 'As mais belas flores são aquelas que nascem na adversidade' e outro 'os caniços são flexíveis, se curvam nos ventos fortes. As árvores rígidas demais, se partem, ou vão ao chão'.

Abaixo uma música de Gilberto Gil para ajudar:
Tempo Rei

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